O Ministério Público do Trabalho (MPT-RS) contabiliza 6,2 mil trabalhadores com testes positivos para o coronavírus em frigoríficos no Rio Grande do Sul. As indústrias empregam 35,8 mil pessoas divididas em 39 frigoríficos. Somente em 14 unidades, mais de 100 casos já foram confirmados em cada uma. É um crescimento de 40% em pouco mais de um mês. Em 19 de junho, data do levantamento anterior, o total era de 4,3 mil funcionários com a doença.
Desde o início da pandemia, cinco empregados e 12 pessoas que tiveram contato com contaminados morreram por causa da covid-19. Segundo o MPT, as indústrias afetadas estão concentradas em 29 municípios gaúchos. O último óbito pela doença foi registrado no dia 23 de junho. Trata-se de um homem que trabalhava em um frigorífico de Três Passos, no Noroeste.
Os frigoríficos são considerados ambientes propícios para a disseminação do vírus, em razão da elevada concentração de trabalhadores em ambientes fechados, com baixa taxa de renovação de ar, baixa temperatura e umidade. Conforme o MPT, as plantas frigoríficas também contam com pontos que propiciam aglomerações de trabalhadores, como o transporte coletivo, refeitórios, salas de descansos, salas de pausas, vestiários e barreiras sanitárias.
As cidades que abrigam as plantas frigoríficas com surtos são: Arroio do Meio, Boa Vista do Sul, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Encantado, Farroupilha, Garibaldi, Lajeado, Marau, Miraguaí, Montenegro, Morro Reuters, Nova Araçá, Osório, Passo Fundo, Poço das Antas, Presidente Lucena, Santa Maria, Santa Rosa, São Gabriel, São Sebastião do Caí, Seberi, Serafina Correa, Tapejara, Teutônia, Três Passos, Trindade do Sul, Vila Lângaro e Westfália.
Os frigoríficos instalados no Rio Grande do Sul já foram alvo de cinco interdições e assinaram 11 termos de ajustamento de conduta (TAC) desde o início da pandemia de coronavírus. Falhas em protocolos de segurança para evitar a disseminação da covid-19 são apontadas como o principal motivo para as ações, de acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT).
A Associação Brasileira de Proteína Animal se manifestou a respeito do tema destacando que, “antes mesmo da determinação de quarentena em todo o país, suas empresas associadas já haviam implementado esforços contínuos e medidas eficazes para proteção e cuidados com a saúde dos seus colaboradores”. Na nota, a entidade reforça que foi aplicada uma série de medidas protetivas aos colaboradores e que contempla regras semelhantes às que são determinadas pelo Ministério Público do Trabalho.
Confira a nota na íntegra:
A Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA destaca que, antes mesmo da determinação de quarentena em todo o país, suas empresas associadas já haviam implementado esforços contínuos e medidas eficazes para a proteção e cuidados com a saúde dos seus colaboradores.
A ABPA e as agroindústrias estabeleceram protocolos setoriais validados cientificamente pelo Hospital Albert Einstein e adicionaram uma série de medidas protetivas aos colaboradores, como proteção buconasal, faceshield e outros, além dos habituais uniformes, luvas, máscaras e outras camadas de proteção.
Esses cuidados e ações são fundamentais para proteção do trabalhador, e contemplam níveis de distanciamento conforme a Portaria Interministerial n° 19 e até mesmo equivalentes ao aplicado em alguns TACs do Ministério Público do Trabalho.
Essas determinações se somaram às diversas medidas preventivas já adotadas previamente pelas empresas, em que vale destacar: o afastamento de todos os colaboradores identificados como grupo de risco, a intensificação das ações de vigilância ativa, o monitoramento da saúde e a adoção de medidas contra aglomerações, além do reforço da rotina de higienização de todos os ambientes dentro e fora dos frigoríficos.
Ao mesmo tempo, cabe mencionar: os dados apontados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) se baseiam, também, em levantamentos de testes rápidos – que servem para mapeamento e demandam confirmação por RT-PCR, que permite o diagnóstico definitivo.