Mesmo quem concorda com os critérios estabelecidos pelo governo do Estado para classificar 20 regiões por cores de bandeira no modelo de Distanciamento Controlado recorreu neste final de semana do enquadramento preliminar anunciado na sexta-feira (17).
É o caso de Santa Maria, por exemplo. O prefeito Jorge Pozzobom diz que fez o recurso por critérios "puramente técnicos" e para que a cidade não sofra o enquadramento mais rigoroso por conta de uma falha em comunicação de dados por parte de hospitais.
Na sexta-feira, o governo anunciou que 18 das 20 regiões seriam colocadas sob as regras previstas para bandeira vermelha, que são para alto risco de contágio da Covid-19. Das 18, nove áreas regrediram da etiqueta laranja: Santa Maria, Uruguaiana, Santo Ângelo, Cruz Alta, Ijuí, Santa Rosa, Erechim, Santa Cruz do Sul e Lajeado. Ate as 6h deste domingo (19), o governo recebeu 59 recursos de regiões que contestam o enquadramento na bandeira vermelha. Santa Maria fez pedido ratificando o recurso feito pela Associação dos Municípios da Região Centro, que abrange 32 prefeituras. Outra região que pediu reconsideração da classificação parcial mais rigorosa foi a de Lajeado, com 36 municípios. Já Rio Grande, que ganhou bandeira laranja, de médio risco de contaminação, decidiu optar por restrições previstas na bandeira vermelha.
_ O modelo do governo tem dado certo e com indicadores objetivos. Não tem nada de subjetivo. Na quarta-feira, comuniquei o governo que pacientes da Região Metropolitana internados em Santa Maria não podiam contar para o cálculo de agravamento do indicador de contaminação. Por isso, estamos recorrendo tecnicamente. Houve falha em comunicação de dados pelo Hospital Regional. E essa falha não pode servir para colocar em dúvida a confiança no modelo pela população _ destaca Pozzobom.
O prefeito sustenta que a taxa de ocupação, embora tenha aumentado, não tem relação com aumento de contaminação na região, uma vez que os hospitais estão recebendo pacientes de outros locais.
_ E não somos contra receber, mas queremos que isso seja levado em conta nos critérios _ afirma o prefeito.
Dos 32 municípios englobados neste recurso, 24 já se enquadram na regra de zero óbitos e zero internações por covid-19, o que permite que fiquem na bandeira laranja. Portanto, o pedido de reanálise deverá valer para oito cidades.
A Macrorregião dos Vales composta pela Região 27 (Cachoeira do Sul) Região 28 (Santa Cruz do Sul) e Região 29 e R 30 (Lajeado) também pediu reconsideração por meio de três associações que representam 61 municípios. Elas alegam que não pode ser penalizadas com a contagem de pacientes que são de fora destas regiões. Um ofício enviado ao governo foi assinado por seis prefeitos para reforçar : Celso Kaplan, de Imigrante, Marcelo Caumo , Lajeado, Paulo Roberto Butzge, Candelária, Jorge Luiz Hoffmann, de Cerro Branco, Sérgio Ghignatti, de Cachoeira do Sul e Telmo Kirst, de Santa Cruz do Sul.
Kaplan, que preside a Associação dos Municípios do Vale do Taquari, destacou que a região vem trabalhando forte em prevenção e merece ter o pleito atendido:
_ Não nos negamos a receber pacientes, mas não podemos ser penalizados por isso. Tivemos aumento de leitos disponíveis, redução de hospitalização de pessoas da região e estamos fazendo grande testagem. Além disso, tivemos os episódios dos últimos dias, com 11 municípios enfrentando caos pelas enchentes e com enorme sofrimento. A bandeira vermelha seria um grande transtorno para a indústria, comércio e prestadores de serviço. O Vale merece essa reconsideração.
Depois da análise dos recursos, o governo deve anunciar na tarde da segunda-feira (20) o mapa definitivo das regiões com suas bandeiras.