O Hospital de Clínicas de Porto Alegre prevê colapso até o fim do mês se número de internações continuar aumentando. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, a diretora-presidente Nadine Clausell alertou sobre a capacidade de leitos na unidade de terapia intensiva (UTI) Covid, ala voltada especialmente para o tratamento de pessoas com coronavírus. Nesta segunda-feira (15), o hospital tem 52 pacientes confirmados com a doença, sendo 32 que necessitam de ventilação mecânica — o que corresponde a 83% da capacidade da UTI montada para a pandemia.
— Estamos numa contaminação ascendente. Teremos quatro a seis semanas com aumento no número de internações. Por isso, cada um precisa fazer a sua parte – afirma.
Para Nadine, se a quantidade de internações seguir neste ritmo, a capacidade de atendimento do Clínicas entrará em colapso no fim do mês ou, no máximo, início de julho
— A necessidade de UTI está crescendo muito rápido e isso nos preocupa, pois são pacientes graves, que precisam de ventilação mecânica. Essa leitura de que o Rio Grande do Sul estava passando de lado da pandemia é uma visão muito benigna. O mundo todo está passando por isso — observa.
A diretora ressalta que olhar “apenas o número frio de leitos é uma visão simplista”. Isso porque a instituição tem leitos, tem ventiladores, mas também tem profissionais afastados por conta do coronavírus. Ao todo, cem funcionários tiveram que ficar em quarentena por contraírem a doença. Atualmente, são 50 afastados.
— Isso provoca dificuldades para preencher a escala de plantões, e também abala a confiança dos profissionais. Mesmo com todos os cuidados, há contaminações. E isso abala a equipe. Tem um componente emocional, além do estresse físico. E isso não aparece nos números. Não só os pacientes estão sendo acompanhados por psicólogos, como também os próprios profissionais de saúde — relata.
Nadine também destaca que o colapso pode ser evitado se a população fizer a sua parte, evitando locais de aglomeração, usando a máscara e preservando a saúde dos demais.
— Vamos ter que se habituar com esse abre e fecha e terá uma conta muito grande na saúde. À medida que os casos vão se replicado, a capacidade dos leitos diminui. É um efeito coletivo. A taxa de contaminação não é desprezível — alerta.