O secretário de Saúde de Porto Alegre, Pablo Stürmer, considera que o aumento recente da ocupação de leitos de UTI na cidade não é motivo para susto, mas para cautela. O número de pacientes com coronavírus subiu de 44 para 62 entre sexta e segunda-feira (8), levando a prefeitura a suspender a flexibilização de novas atividades na Capital.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta terça-feira (9), Stürmer explicou que, como regra, o número de pacientes com covid-19 em UTIs vem se mantendo estável – em 8 de abril, já eram 42. No entanto, a elevação rápida no fim de semana acende o alerta na prefeitura, que vai monitorar o avanço nos próximos dias.
— Observamos este aumento pontual no fim de semana, especialmente no domingo e na segunda-feira, o que nos fez manter a cautela. (Precisamos) Ver se é algo pontual, porque muitas vezes é represamento de casos de fim de semana, já que temos dificuldade de dar alta, ou ver se de fato é um aumento de casos de coronavírus e circulação viral aumentada, o que nos exige um cuidado maior — disse o especialista.
Na última sexta-feira (5), eram 44 pacientes com covid-19 em leitos de UTI da Capital – a estrutura conta, no total, com espaço para 601 pessoas. Ao longo do dia, o número subiu para 46, situação que se manteve ao longo do sábado. No domingo, no entanto, a ocupação saltou para 54, e continuou subindo até 62 na segunda-feira. O número permanece o mesmo até 9h10min desta terça, e há, ainda, outros 37 pacientes com suspeita da doença.
Segundo Stürmer, mais do que o número máximo de leitos ocupados, a prefeitura considera a velocidade e a tendência de crescimento. Atualmente, as UTIs têm 81% da ocupação (somando coronavírus e outros quadros). Dependendo dos próximos dias, a prefeitura poderá, inclusive, retroceder em algumas liberações:
— O que vai nos dizer se a gente tem condições de flexibilizar, se precisa estabilizar ou até mesmo retroceder em algumas medidas são os próximos dias, o comportamento dos leitos de UTI. (Isso) vai confirmar velocidade aumentada ou estabilização.
Número de casos vai aumentar
Stürmer evitou fazer previsões, alegando que elas não conseguem antecipar o comportamento da cidade em diferentes fases – e por isso muitas, em diferentes lugares, deram errado. Ele lembrou, no entanto, que o número de casos confirmados ainda deve aumentar significativamente.
Se for considerada a proporção de uma pessoa doente detectada para outras duas sem detecção, Porto Alegre teria pouco mais de 5 mil infectados. Assim, mais de 1,4 milhão de pessoas ainda estariam suscetíveis a contrair a doença.
- As medidas adotadas e a nova cultura da população achataram a curva, e a gente deve ter uma curva muito diferente daquelas estimadas no início. Não dá para falar em platô, mas temos um crescimento sustentado, em uma condição em que a gente tem conseguido conter o avanço do coronavírus. (...) É esperado que tenhamos um aumento do número de casos. A nossa própria ocupação de UTIs tem uma capacidade maior de atender, desde que a velocidade se dê de forma controlada.
As medidas de distanciamento e higienização, além de terem contribuído para menor velocidade do aumento de casos de coronavírus, ajudaram a reduzir outras infecções virais. Conforme Stürmer, as emergências pediátricas têm ocupação de 22%, quando, em outros anos, passavam de 100% no período do inverno.
Boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura na noite de segunda-feira (8) aponta que Porto Alegre tem, até agora, 1.712 casos de coronavírus confirmados. São 45 óbitos e 619 casos de pacientes considerados recuperados.
Na plataforma da Secretaria Estadual de Saúde, consta que a Capital registra 1.141 casos e 44 mortes. A defasagem nos dados ocorre porque a prefeitura usa uma plataforma diferente – o Executivo está trabalhando na integração dos sistemas.