A exemplo do que aconteceu em outras cidades brasileiras, o coronavírus segue se espalhando por Porto Alegre, migrando da área central em direção à periferia. Um levantamento feito pela Vigilância em Saúde da Capital e atualizado semanalmente em um mapa online (veja abaixo) mostra que o número de bairros com casos registrados de covid-19 aumentou.
Há duas semanas, quando o mapa foi divulgado pela primeira vez, oito bairros dos 94 monitorados não registravam nenhum caso da doença. A atualização desta sexta-feira (5) – com dados até o último dia 3 – aponta que só cinco permanecem nesta situação: Lami, Extrema, São Caetano e Pedra Redonda, na Zona Sul, e Anchieta, na Zona Norte.
Três bairros que antes não tinham casos hoje registram moradores infetados: Jardim Isabel (2) e Vila Conceição (1), na Zona Sul, e Farroupilha (3), na área central.
Na outra ponta, o número de bairros com mais de 30 casos subiu de dois para 11, em diferentes regiões da cidade. O campeão em número de moradores com diagnóstico positivo segue sendo o Petrópolis, com 74. Na sequência, estão os bairros Bela Vista (45), Rio Branco (44), Partenon (39), Sarandi (39), Centro Histórico (39), Mont’Serrat (37), Lomba do Pinheiro (35), Menino Deus (35), Santana (32) e Santa Tereza (32).
Comportamento esperado
O secretário-adjunto de Saúde de Porto Alegre, Natan Katz, explica que o comportamento do coronavírus está dentro do que era projetado pelos técnicos. Diferentemente de uma doença como a dengue, que é mais territorial, a doença respiratória se espalha por diferentes regiões:
— De uma doença respiratória, não se espera que ela fique localizada em uma região específica. Ela ataca todo mundo. Começou nos bairros onde as pessoas têm maior poder aquisitivo, porque viajavam, e agora está com uma transmissão comunitária, se espalhando mais. A área central tem mais casos porque nossa cidade tem uma tendência de deslocamento da periferia para o Centro, sempre. A única particularidade, até agora, talvez sejam alguns bairros da Zona Sul — explica o especialista, que é doutor em epidemiologia pela Universidade Federal do RS (UFRGS).
O mapa registra o local onde as pessoas infectadas moram, e não onde contraíram a doença – até porque é praticamente impossível fazer esse mapeamento. Os dados indicam pistas para que a prefeitura pense em novas estratégias, dependendo do avanço da doença:
— Por enquanto, entendemos que está se espalhando da maneira esperada. Mas observamos para ver se a coisa sai do padrão ou do controle. Se um bairro apresentar crescimento muito acima do normal, vamos buscar entender o que está acontecendo lá.