Em 16 dias, o número de pacientes com covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no interior do Rio Grande do Sul caiu 5,3%, mas o volume de municípios com casos do tipo em UTIs aumentou 27,8%. No último levantamento feito por GaúchaZH, com informações de 7 de maio, havia 76 infectados internados em UTIs espalhadas por 18 cidades, sem contar Porto Alegre. Até as 8h desta sexta-feira (22), eram 72 em 23 localidades.
Daquele grupo de 18 municípios, dois deixaram a lista — Montenegro e Osório — e outros sete passaram a integrá-la, todos com um paciente com coronavírus hospitalizado em UTI: Alegrete, Cruz Alta, Farroupilha, Pelotas, Santana do Livramento, Sapiranga e Sapucaia do Sul. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde e contemplam o "antes e depois" da adoção do modelo de distanciamento controlado do governo do Estado, que entrou em vigor no dia 11.
No período analisado, o montante de vagas em UTIs cresceu 6,5% no Interior. O total de internados (incluindo outras enfermidades) também avançou nas unidades, mas em ritmo menor (3%). Com isso, a taxa geral de ocupação caiu de 73,2% para 70,8%.
Os locais com mais internações por covid-19 em UTIs continuam sendo Passo Fundo, Bento Gonçalves e Lajeado. Apesar disso, as três cidades registraram progressos nesses 16 dias. Em Passo Fundo, o número de internados passou de 20 para 16; em Bento, de 11 para 10 e, em Lajeado, de nove para seis.
— Pela quarta semana seguida, temos reduzido os números, tanto de internação na ala covid quanto na UTI do nosso hospital. Estamos muito felizes por isso e estamos fazendo um grande número de testes para monitorar a situação da população. Só os frigoríficos estão aplicando 4 mil. Além disso, a prefeitura vai começar uma pesquisa com três rodadas de 1,2 mil testes cada — diz o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo.
Caixas, Montenegro, Novo Hamburgo, Santa Maria e Osório também tiveram diminuição e, em outros sete pontos do Estado, os dados permaneceram estáveis.
Ainda assim, a ampliação da lista de municípios com infectados em UTIs é alvo de preocupação. Na avaliação de Luciano Goldani, professor titular de Doenças Infecciosas da UFRGS e infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o Rio Grande do Sul não pode baixar a guarda. Goldani alerta para o que chama de "interiorização da doença".
— A covid avança para vários municípios, e casos em hospitais e CTIs representam menos de 10% dos indivíduos potencialmente infectados em determinados locais. A maior preocupação é o sistema saúde precário em muitas dessas localidades — sintetiza Goldani.
Embora os dados indiquem melhora na taxa de ocupação das UTIs no Interior, na manhã desta sexta-feira (22), havia oito municípios (Carazinho, Esteio, Rosário do Sul, Santiago, Sapiranga, Sapucaia, Três de Maio e Viamão) em que o índice estava em 100%.
As estatísticas da secretaria apontam ainda leve piora no quadro de municípios como Estrela e Venâncio Aires. Em Estrela, a soma de internados por covid em terapia intensiva passou de um para quatro e em Venâncio Aires, de três para cinco. Ambas as administrações vêm adotando uma série de cuidados na tentativa de conter a pandemia. Para Goldani, a saída é "testar, testar, testar".
— Testagem de sintomáticos e de seus contatos, com isolamento e distanciamento social, é o que temos que fazer — sintetiza o infectologista.