O Ministério Público Estadual (MP-RS) e o frigorífico BRF, de Lajeado, no Vale do Taquari, chegaram a um acordo na madrugada desta sexta-feira (15). O pacto põe fim ao fechamento que a unidade estava obrigada a manter desde segunda-feira (11).
O acordo firmado entre os promotores e a empresa garante a volta de metade dos trabalhadores ao frigorífico e a testagem para coronavírus em todas as pessoas que se deslocarem para a unidade.
Também deverá ser ofertada pela empresa a garantia de pelo menos uma equipe de assistente social e enfermeiro para acompanhamento nos bairros da cidade onde moram os trabalhadores pelo período de seis meses. E os produtores rurais que cuidam dos animais não poderão ter prejuízos financeiros neste período de interdição ou até mesmo durante o funcionamento parcial.
Além disso, os hospitais de Estrela e Lajeado deverão ganhar um reforço de R$ 1,2 milhão através de doações. Segundo o promotor Sérgio Diefembach, há possibilidade de a Justiça homologar o acordo ainda nesta sexta-feira.
– Desde o inicio (das ações do Ministério Público), nós sempre tivemos essa prioridade que é a garantia da saúde à população – comentou.
Diefembach também relatou que o diálogo envolvendo o processo envolvendo o frigorífico Minuano segue tramitando. A expectativa é de que em breve um acordo semelhante possa ser fechado.
A Companhia Minuano de Alimentos foi intimada na quinta-feira (14) da decisão do Tribunal de Justiça (TJ) que manda fechar o frigorífico para evitar a propagação de coronavírus entre os colaboradores e a população da região. O desembargador Luis Felipe Silveira Difini, da 22ª Câmara Cível, deu prazo de 48 horas, a contar da intimação, para que a decisão seja cumprida.
Conforme o magistrado, a interdição total deve durar 15 dias, prazo em que a indústria precisará comprovar as medidas sanitárias necessárias para retomada do funcionamento. Por meio da assessoria de imprensa, a Minuano afirma que funcionará nesta sexta-feira, em razão do prazo de 48 horas dado pelo desembargador. Não informou, no entanto, se recorrerá da decisão.
– O que vem pela frente a gente não sabe dizer, pois essa doença é muito danada. A partir do momento que tu mira um alvo, ele foi adiante. O alvo dos frigoríficos existiu. Foi na metade de abril. De lá para cá temos percebido uma diminuição do surto, que está migrando para outras áreas. Hoje nossa preocupação é com as clínicas geriátricas – disse o prefeito Marcelo Caumo, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
O prefeito comentou que hoje o hospital de Lajeado tem 30 leitos montados, sendo 18 exclusivos para tratamento do coronavírus. Ele disse ter expectativa que neste fim de semana a região mude a bandeira no plano de distanciamento social controlado do governo do Estado.
Um dos motivos é a habilitação de novos leitos de UTI que hospitais de Estrela, Encantado e Taquari obtiveram. Além disso, o prefeito disse que o Palácio Piratini aceitou um pedido da região para que os casos confirmados de covid-19 após testagem leve em consideração as pessoas internadas em hospitais.
– Em 60% dos casos de Lajeado, os casos confirmados são testes da iniciativa privada. A Univates (Universidade do Vale do Taquara) comprou testes e empresas estão procurando a universidade para testar seus trabalhadores. Isso tem gerado um retrato transparente na região. Por outro lado, tem influenciado no cômputo da bandeira – avaliou Caumo.
O prefeito também estimou que a prefeitura deverá ter uma diminuição de 5% no seu orçamento na comparação com o ano passado. Ele avaliou que não só 2021, mas os próximos anos serão de grande desafio para a região.