A perda de olfato e/ou paladar são sintomas comuns em pessoas com a covid-19 na Europa, de acordo com estudo coordenado por dois médicos otorrinolaringologistas vinculados à Universidade de Mons (Umons), na Bélgica.
O estudo foi realizado em 417 pacientes infectados (263 mulheres e 154 homens) com o coronavírus, mas de maneira "não grave", e mostrou que 86% apresentaram problemas com o olfato (a maioria não sentiu mais cheiros) e 88% tiveram distúrbios no paladar.
Os distúrbios olfativos geralmente ocorrem ao mesmo tempo em que os sintomas gerais (tosse, dor muscular, perda de apetite, febre) e os sintomas otorrinolaringológicos (dor facial, nariz entupido) da doença. Às vezes, porém, a perda do olfato ou do paladar ocorre após esses outros sintomas (em 23% dos casos), ou antes (em 12% dos casos).
Sem explicação aparente, as mulheres são mais propensas à anosmia (perda de olfato) do que os homens. O estudo indica que quase metade dos indivíduos (44%) recupera o olfato em um período de 15 dias.
Um comunicado de imprensa publicado pela Universidade de Mons diz que "os outros pacientes devem manter a esperança de recuperar o olfato dentro de 12 meses", sendo a recuperação nervosa "um processo lento". A recuperação do paladar é um processo mais "aleatório", que pode acontecer antes, ao mesmo tempo, ou após a recuperação do olfato.
Os dois especialistas que coordenaram o estudo, Jérôme Lechien e Sven Saussez, recomendam considerar o aparecimento da anosmia e disgeusia (perda parcial, ou total, do paladar) em pacientes sem histórico otorrinolaringológico como "um sintoma específico de infecção por covid-19".
Como medida de precaução, essas pessoas "devem ser consideradas potencialmente infectadas pela covid-19 e, portanto, isoladas por um período mínimo de sete dias", mesmo que não desenvolvam nenhum dos outros sintomas característicos da doença. A pesquisa pública da Umons está disponível neste link.
Uma nova pesquisa foi lançada por esses especialistas para verificar se pessoas com anosmia/disgeusia isoladas foram afetadas pelo vírus e para entender melhor os mecanismos de perda de paladar e olfato nessa infecção.
Em Paris, o médico Alain Corré, otorrinolaringologista do Hospital-Fundação Rothschild, também recomenda considerar pessoas anosmáticas como portadoras da SARS-CoV-2, depois de observar com um colega que 90% desses pacientes eram positivos para o teste da covid-19.