Tradicionais aos finais de semana, dez feiras de rua de Porto Alegre têm novidades neste sábado (21). Como medidas para diminuir a aglomeração de consumidores e evitar possíveis contágios por coronavírus, os espaços ao ar livre reduziram o número de bancas, ampliando a área de circulação para os clientes. Com isso, espera-se que os pedestres evitem o contato entre si, inevitável nos dias regulares, anteriores à pandemia, quando não havia limitação de feirantes.
Somente nas duas feiras que ocorrem ao lado do Parque da Redenção - a Feira dos Agricultores Ecológicos (FAE) e a Feira Ecológica do Bom Fim -, passam em torno de 15 mil pessoas todos os sábados.
— Em dias normais as pessoas já reclamam de muita aglomeração. Hoje tem menos banca, o espaço está maior entre elas, e a gente tá aqui, no meio da rua — explica o Designer Thiago Bambu, 37 anos, posicionado sobre a Rua José Bonifácio, ocupando um espaço onde antes automóveis ficavam estacionados.
A via para os veículos está mais estreita, porém sem restrição à circulação de um carro por vez, em direção à Avenida João Pessoa. Com poucas pessoas na rua, não foram registrados congestionamentos por volta das 8h.
Vidros de álcool gel para os feirantes e também para os clientes estão expostos defronte as bancas. A lona que costuma ser erguida sobre as barracas foi retirada, com a intenção de deixar o ambiente mais arejado. Das mais de 130 bancas, apenas metade vende produtos hoje, entre sucos, frutas, lanches, verduras, mudas, doces, compotas, legumes e artesanato.
As mudanças foram discutidas com a prefeitura, segundo os organizadores. Cartazes foram afixados nos expositores e em uma espécie de varal suspenso entre duas árvores. O documento justifica a troca do layout, o reforço na limpeza e higienização, e explicando como se dá a contaminação da covid-19. Degustações estão suspensas, outra medida de segurança. As bancas com maior movimento distribuirão senhas, evitando filas, o que corrobora com o novo decreto emitido pela prefeitura de Porto Alegre, que proíbe o acúmulo de pessoas aguardando atendimento.
Além dos locais ao lado da Redenção, outras sete feiras que fazem parte do Conselho das Feiras Ecológicas obedecem as orientações, nos bairros Menino Deus, Auxiliadora, Petrópolis, Três Figueiras, Tristeza, Bela Vista, além de espaços no Park Lindoia, na Zona Norte.
Estacionamento reduzido no Largo da Epatur
Outro ponto que, costumeiramente reúne muito público é a feira Mercadão do Produtor, no largo Zumbi dos Palmares, bairro Cidade Baixa. Para evitar tumulto, a organização reduziu as vagas de estacionamento pela metade, medida que propiciou corredores mais largos aos consumidores. Dos 52 feirantes, em torno de 40 compareceram ao local, ao lado da Avenida Loureiro da Silva.
Com a corrida vista aos supermercados nos últimos dias, o vice-presidente da feira, Paulo Gilberto Oliveira dos Santos, 61 anos, afirma que é esperado grande movimento até o meio-dia, o que justifica a ampliação dos espaços.
- Em 38 anos, eu nunca tinha visto algo assim, reduzir para receber gente gente - afirma.
Na última quarta-feira, em uma feira ao lado do estádio olímpico, bairro Azenha, o comerciante Luiz Kilpp, 58 anos, diz ter vendido o dobro do que em dias corriqueiros, reforçando a grande procura nos mercados.
As bancas do largo Zumbi dos Palmares também tem álcool em gel, recipientes dispostos próximo aos produtos, balanças e nos caixas, onde o dinheiro é manuseado.
- o dinheiro passa de mão em mão, muito risco - complementa o atendente Paulo Alexandre Macedo Cardoso, 40.
Aos 86 anos, o funcionário aposentado da extinta Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), Floriano Rodrigues saudou a iniciativa.
- Ajuda muito. Eu compro sempre aqui, venho cedo, mas quem só pode vir depois precisa se cuidar, porque lota - sugere o idoso, com uma sacola de compras na mão, as 7h.
Mercados atendem idosos em horário específico
Duas redes, o Supper Rissul e o Macromix Atacado anunciaram horários específicos a idosos e demais pessoas do grupo de risco: entre 7h30 e 8h30, medida iniciada nessa sexta-feira (20). Neste sábado, a reportagem presenciou a iniciativa posta em prática. Pessoas que aparentemente eram mais jovens foram barradas na entrada de uma dessas lojas, na Avenida Independência, no Centro Histórico. Sem pedir identificação, o segurança questionava a idade do cliente. Crendo na boa fé de quem era interpelado, ele liberava o acesso.
- É ótimo, porque quando ta cheio a gente fica muito exposto - elogia Juarez Boff, 63 anos, profissional de instalação e manutenção de condicionadores de ar.
Quem se autodeclara portador de doenças crônicas como diabetes, asmático ou com outros problemas respiratórios também podem acessar a loja.
Vizinha ao mercado, a pensionista Regina Cunha, 71 anos, nem precisou se identificar.
- Os guris me conhecem, venho sempre. Saio daqui e vou direto pra casa - explica, saindo com uma sacola de compras.
As lojas da rede Zaffari abriram meia hora mais cedo, também para atender idosos e de pessoas que integram grupos de risco. Itens definidos como “de higiene pessoal e do lar (álcool em gel, toalhas umedecidas, sabonetes antibacterianos, papel higiênico e água sanitária); e de alimentação (arroz, açúcar, massas, feijão, café e farinha de trigo), dentre outros" tem limitação na venda, especificações expostas nas gôndolas.
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