O Rio Grande do Sul tem mais oito frigoríficos com trabalhadores infectados pelo coronavírus. Conforme dados do Ministério Público do Trabalho do Estado (MPT-RS), divulgados nesta terça-feira (23), o número de plantas com funcionários contaminados passou de 24 para 32. O incremento ocorreu ao longo do mês de junho. Na semana passada, o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (SES) ainda apresentava o número de 24 surtos ativos no setor. Ao todo, o governo do Estado aponta 74 surtos entre indústrias e lares de idosos, sendo 51 ativos.
Segundo o MPT, as indústrias estão concentradas em 23 municípios gaúchos. Até agora, 4.957 trabalhadores foram confirmados com a doença – o que, segundo a instituição, representa 25,14% do total de casos em solo gaúcho. Cinco empregados e 12 pessoas que tiveram contato com infectados morreram por conta da covid-19. O óbito mais recente foi registrado nesta terça, com a morte de um homem que trabalhava em um frigorífico de Três Passos, no Noroeste. O setor emprega cerca de 65 mil pessoas no Estado.
A pesquisa do MPT-RS aponta relação próxima entre os vínculos de emprego na indústria frigorífica com os casos nas regiões mais afetadas pelo vírus no Estado. “A mesma relação é observada quando analisados os dados de hospitalizações, mortalidade e incidência cumulativa de hospitalizações que demonstram o impacto da atividade com a saúde pública coletiva”, avalia o relatório. Como exemplo, o documento cita Lajeado, Passo Fundo e Caxias do Sul, que lideram em número de incidência de internações e em taxa de mortalidade.
As cidades que abrigam as plantas frigoríficas com surtos são: Arroio do Meio, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Encantado, Farroupilha, Garibaldi, Lajeado, Marau, Nova Araçá, Osório, Passo Fundo, Poço das Antas, Presidente Lucena, Santa Maria, São Gabriel, Seberi, Serafina Correa, Tapejara, Teutônia, Três Passos, Trindade do Sul, Vila Lângaro e Westfália.
Os frigoríficos são considerados ambientes propícios para disseminação do vírus, em razão da elevada concentração de trabalhadores em ambientes fechados, com baixa taxa de renovação de ar, baixa temperatura e umidade.
Ajuste de conduta
O MPT-RS já firmou 11 termos de ajuste de conduta (TACs) com empresas que possuem 22 unidades frigoríficas no Rio Grande do Sul, especificamente para o período da epidemia, comprometendo-as a adotar medidas de prevenção à transmissão e ao contágio da doença em suas duas fábricas. Sete empresas firmaram TAC de âmbito estadual com o MPT-RS: Agroaraçá, Agrodanieli, Aurora, Carrer, Dália, Languiru, Minuano e Nicolini. Uma empresa assinou TAC estadual e, depois, um de âmbito nacional: Aurora. E duas empresas firmaram TACs nacionais: BRF e Marfrig. Em todo Brasil, 81 plantas frigoríficas já foram contempladas com TACs, abrangendo 170 mil trabalhadores. Todos os TACs preveem cobrança de multas em caso de constatação de descumprimento, reversíveis a entidades beneficentes locais, ou, como no contexto atual de pandemia, a ações de combate e prevenção ao coronavírus no Estado.