Durante viagens, 60% dos turistas LGBT+ brasileiros passaram por alguma discriminação por conta de sua orientação sexual ou gênero, mostra pesquisa da Booking.com, plataforma internacional de reserva de hospedagens, divulgada nesta terça-feira (20) em São Paulo.
Entre os turistas LGBT+ entrevistados, 22% afirmam terem sido olhados, ridicularizados ou abusados verbalmente por outros viajantes, e um número semelhante (19%) enfrentou a mesma situação, mas a partir de moradores do destino de viagem. O estudo foi feito com 11.555 pessoas em 27 países, incluindo o Brasil.
A pesquisa também mostra que a segurança pessoal é determinante para esse público planejar as férias: três quartos (77%) dos brasileiros LGBT+ dizem que notícias sobre atitudes, discriminação e violência contra indivíduos da comunidade impactaram sua escolha de destino.
Presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT+ do Brasil, Ricardo Gomes destaca que turistas da comunidade LGBT+ gastam 30% mais do que viajantes convencionais. Portanto, empresas que se capacitam para atender a esse público ganham em duas frentes: posicionam-se a favor da diversidade e atraem um cliente mais aberto a consumir.
— Mas um destino não será bom para o turista LGBT se não for bom para os LGBTs que vivem ali. Precisa ter leis que protejam a comunidade — observa.
A pesquisa também mostrou que mais de um quarto (27%) dos viajantes LGBT+ foi submetido a estereótipos e que um quinto (20%) vivenciou situações em que alguém assumiu incorretamente seu gênero.
O estudo mostrou a diferença quando hotéis, pousadas e outros serviços do setor se capacitam para receber bem turistas LGBT+. Quase nove em cada 10 turistas da comunidade se sentem mais confortáveis viajando quando empresas aumentam medidas inclusivas — tais como exibição de casais do mesmo sexo em materiais de marketing, sinalização inclusiva de banheiros e formulário com pergunta aberta sobre sexo dos hóspedes.
A comunidade LGBT+ movimenta US$ 228 bilhões de dólares (R$ 713,4 bilhões) no turismo todos os anos, um valor que deve ser levado em conta por quem trabalha no setor, destacou Luiz Cegato, gerente de comunicação da Booking.com na América Latina.
— O turista LGBTQ+ não tem filhos ou tem menos filhos do que casais héteros, ou demora mais para ter filhos, então sobra mais dinheiro para gastar. Além disso, o viajante LGBTQ+ gosta de viajar e não poupa esforços quando decide onde ir. Quando chega e gosta do lugar, ele se torna embaixador: volta outras vezes e recomenda para todo mundo — destaca Cegato.
No Brasil, turistas brasileiros elencaram São Paulo e Rio de Janeiro como os destinos mais amigáveis à comunidade LGBT+. Na sequência, estão Salvador e Recife. No mundo, viajantes internacionais listaram espontaneamente Kyoto (Japão), Nice (França), Chang Mai (Tailândia), Puerto Vallarta (México), Ghent (Bélgica), Las Vegas (Estados Unidos), Ottawa (Canadá), Amsterdã (Holanda) e Bariloche (Argentina).
Apesar de nenhuma cidade do Rio Grande do Sul constar na lista, o gerente de comunicação da Booking.com reconhece que a capital gaúcha e Gramado são vistas como cidades amigáveis à comunidade LGBT+.
— Porto Alegre é considerada por nós na Booking.com um dos destinos mais amigáveis dos país pelo fato de ser uma grande capital e de ter atrações turísticas, como vida noturna, bares e discotecas. Porto Alegre é muito bem posicionada, mas Gramado também, que atrai um público LGBTQ+ mais voltado para turismo de casal e de lua-de-mel — acrescenta Cegato.
Para promover a diversidade, a empresa de reserva de hospedagens criou o selo Travel Proud, oferecido a hotéis e hospedagens que realizaram treinamento online oferecido pela própria Booking.com. Com o selo, a propriedade exibe, no site, a frase “Aqui, você pode contar com uma estadia acolhedora”.
*O repórter viajou a São Paulo a convite da Booking.com.