Conhecido como o bairro com maior extensão territorial de Novo Hamburgo, Lomba Grande tem uma zona rural que é um convite ao descanso, famosa por balneários e sítios. Foi levando isso em conta que a prefeitura da cidade lançou neste mês de abril a rota Caminhos de Lomba Grande. A ideia é consolidar um roteiro procurado por moradores da região e atrair pessoas de fora, principalmente famílias da Região Metropolitana em busca de passeios que possam ser feitos aos finais de semana.
Segundo o diretor de Turismo de Novo Hamburgo, Deivid Schu, o sonho de um projeto que ressaltasse os atrativos de Lomba Grande para todo o Estado existia há 20 anos. A rota deve fortalecer o turismo no município do Vale do Sinos e até mesmo em todo o Vale Germânico, que abrange outras cidades.
— A rota de Lomba Grande tem a cultura, natureza e gastronomia como os três pilares. Tem atrações que vão desde o tradicionalismo até o veganismo — diz Schu.
São 13 estabelecimentos que fazem parte do roteiro oficial do Caminhos de Lomba Grande, mas a equipe de GZH visitou quatro sugeridos pela secretaria de Turismo. Como todo passeio pela natureza, é possível se perder em alguma estrada de chão batido e acidentalmente encontrar outros locais encantadores, como sugerem ciclistas ouvidos pela reportagem.
Tendinha
Toda rota turística tem uma tendinha na beira da estrada para comprar produtos coloniais e tomar um caldo de cana. Propriedade do casal Mirian Brauwers, 40 anos, e Michel José da Rocha, 42, a Fruteira A Tenda é a primeira parada para quem vem do centro de Novo Hamburgo.
A sugestão é estacionar o carro e levar para casa aqueles quitutes que deixam o dia a dia mais gostoso: chimia, mel, bolachas caseiras, bolos de laranja e de bergamota feitos ali mesmo, além de queijos e salames. Também há peixes criados e pescados em açudes de Lomba Grande.
Ao lado da tenda, há mesas e bancos para sentar e fazer um lanche - dá para comprar um bolo na Tenda, pedir um suco, água de coco ou caldo de cana e desfrutar ali mesmo. O local funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 14h às 19h30, e de sábado e domingo, das 8h às 12h e das 14h às 19h.
Pedal na natureza
Quem fez uma parada na Tenda para recobrar o fôlego e se hidratar foram os amigos Bruno Roth, 47 anos, Adriana Dick, 53, e Alessandra Piccioni, 52, todos de São Leopoldo. O trio adora pedalar por Lomba Grande aos finais de semana. São duas ou três horas de pedal para exercitarem o corpo admirando a natureza. Gostam de pegar estradas de chão que levam a capelinhas de santos e, nessas aventuras, já descobriram até cachoeiras.
Segundo Alessandra, a região é famosa por receber diversos grupos de ciclistas.
— Tem os trilheiros, que fazem trilhas, o pessoal do speed, que gosta de velocidade, e até pessoas que pedalam à noite. O legal é que o ciclista pode decidir se quer asfalto ou trilha. E Lomba Grande tem lugares muito bonitos — conta.
Degustação de cachaça
Faz quatro anos que a família Thiesen começou a plantar cana-de-açúcar e a fazer cachaça na propriedade em que moram. Batizaram o produto de Invito, que, no italiano, significa convite.
A produção é comandada pelo mestre alambiqueiro Guilherme, 31 anos, filho mais novo de Jonas Henrique, 58, e de Maria Luisa, 55 anos, e irmão de Paula, 35 anos. Ele fez curso em Minas Gerais, região referência na produção de cachaça, e é responsável por conduzir as visitas na propriedade.
O turista vai conhecer a plantação de cana espalhada por um hectare e as etapas de produção, como a destilação feita em alambique de cobre. A melhor parte, que é a degustação, fica para o fim. A reportagem provou duas cachaças: a prata, que é uma tradicional, armazenada em inox, e a dourada, armazenada em barril de amburana por oito meses.
Como os Thiesen só utilizam o coração da cachaça para fazer a bebida, a cabeça e a cauda, partes menos nobres do destilado, são separadas e usadas para produzir combustível — que, por sua vez, é utilizado nos veículos da família. É isso o que agrega ainda mais valor à cachaçaria: o fato de ser uma produção sustentável, sendo que até o bagaço é reutilizado.
— O bagaço é uma ótima fonte de matéria orgânica e abafa qualquer erva daninha que possa nascer no meio da cana. Nenhum dos nossos resíduos precisa de tratamento, tudo volta para o canavial. A cachaçaria é um processo 100% sustentável. Não tem perda nenhuma — diz Guilherme.
Os Thiensen querem consolidar a clientela para, futuramente, começar a exportar a cachaça. A Invito funciona de portas abertas aos sábados, das 9h ao meio-dia e das 14h às 17h, e aos domingos e feriados, das 10h ao meio-dia e das 14h às 16h. Durante a semana, é necessário agendar para fazer visitas em grupos. A visitação sensorial guiada custa R$ 25, com degustação de duas variedades de cachaça. O WhatsApp do local é (51) 93505-9220.
Dia no sítio
No auge da pandemia, o casal Elias Bang e Elis Veiga, ambos de 47 anos, começaram a passar mais tempo no sítio da família na localidade de Taimbé, em Lomba Grande, para que o filho Lucca, seis anos, saísse um pouco do apartamento em Porto Alegre e pudesse ter momentos com outras crianças em meio à natureza.
Elias percebeu que tirar horas de descanso ao ar livre era uma necessidade de todas as famílias. Transformou os dois hectares da propriedade em um local de lazer e, em outubro de 2021, abriu o Suns da Lomba ao público.
— As pessoas estavam procurando algo para passar o dia com a família em contato com a natureza. Então vi uma oportunidade de negócio. Como trabalhei na Fronteira por cinco anos, decidi acrescentar a parrilla uruguaia como opção de almoço — conta.
Essa é a proposta do Suns da Lomba: chegar para passar o dia, sentar-se em mesas com guarda-sóis para comer uma parrilla (há opção de legumes na brasa para vegetarianos), tomar drinks ou cerveja artesanal admirando a paisagem cortada por morros e deixar que as crianças corram pelo gramado. Não faltam opções para que os pequenos gastem energia: há playground de madeira, carrinhos de lomba e até uma experiência na fazendinha, onde podem alimentar galinhas, coelhos, gansos, ovelhas e um porquinho, além de fazer carinho nos animais.
— Crianças que moram na cidade não têm contato com essa natureza, nunca viram um coelhinho de perto. Quando vêm isso aqui, querem levar para casa — diz Elias.
O Suns da Lomba abre às sextas-feiras à noite com drinks e petiscos, sem cobrança de ingresso. Aos sábados, das 11h às 21h, e aos domingos, das 11h às 19h, funciona com almoço, kombi com cerveja artesanal, recreação para crianças e passeio na fazendinha, com entradas no valor de R$ 20 (sem incluir gastos com alimentação). O telefone para reservas é (51) 9 9947-9698.
Banquete da colônia
Passeio de carro pela zona rural combina com um farto café colonial. O estabelecimento de Clemente Krechowieki, 57 anos, e Leoni Teresinha Trapp, 55, oferece salgados e doces que, em sua maioria, são feitos ali mesmo. São pães, waffle, cueca virada, geleias, polenta frita, croquetes, coxinhas, torresmo, iscas de carne, queijos, linguiças, morcilha, bolos de nozes e de laranja, além de um macio pãozinho da casa feito à base de ovos e leite.
— É café colonial, mesmo. Não trabalhamos com meio termo. Aqui, a pessoa já faz café, almoço e janta — alerta Krechowieki.
Tudo é servido na mesa, o que torna a experiência em um verdadeiro banquete de produtos coloniais. O café completo, com suco e vinho inclusos, custa R$ 85 por pessoa. O Café Colonial Lomba Grande funciona aos sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. Durante a semana, abre para grupos e eventos como aniversários e batizados. Os agendamentos podem ser feitos pelo telefone (51) 9 9870-8515.