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Conheça contas e carteiras digitais para gastar menos com taxas em viagens internacionais

Opções podem ser mais baratas aos turistas do que cartões de crédito ou casas de câmbio na hora de fazer compras

Pedro Nakamura

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Nas transações das contas e carteiras digitais, o IOF cobrado é de 1,1%, enquanto o de cartões internacionais atinge 6,38%.

Taxas cambiais e impostos na compra de moedas estrangeiras podem abocanhar uma parte do orçamento da viagem de turistas brasileiros, o que leva à busca por alternativas mais baratas que as “cotações turismo”.  Empresas voltadas à tecnologia financeira, chamadas de fintechs, se dedicam a criar alternativas que ofereçam serviços competitivos aos viajantes interessados em fugir das taxas do câmbio turismo e de impostos mais caros.

Mais caras que a cotação comercial, o meio tradicional permite ao viajante partir para seu destino com dinheiro em espécie na carteira. Em valores desta segunda-feira (10), adquirir US$ 100 em espécie custaria entre R$ 525 e R$ 532, segundo simulações feitas por GZH em páginas de casas de câmbio turismo de Porto Alegre.  A cota soma taxas de até 5% ao preço comercial da moeda, de R$ 5,06. Já com cartões internacionais, cada gasto lá fora pode sofrer um adicional superior a 10% em taxas.

A opção é necessária para viagens a locais que abandonaram o dinheiro vivo e passaram a adotar transações exclusivamente digitais, como em localidades da Europa e dos EUA. Também há agências que ofertam cartões pré-pagos – nesta modalidade, a cotação média cobrada para o dólar na data, por exemplo, era de R$ 5,58. Ou seja, 10% a mais que o preço comercial da moeda.

Com a alternativa oferecida pelas fintechs, nas transações das contas e carteiras digitais, o IOF cobrado é de 1,1%, enquanto o de cartões internacionais atinge 6,38%. GZH conversou com empresas que oferecem soluções digitais em finanças voltadas a viajantes internacionais e com valores mais próximos do câmbio comercial.

As fintechs Nomad e Wise, por exemplo, representam modelos de negócio distintos que prometem custos menores do que os convencionais para transações internacionais, enquanto bancos digitais como Inter e C6 também têm serviços destinados a viajantes internacionais para seus correntistas.

Opções digitais para moeda estrangeira

A Wise oferece a chance de converter dinheiro em reais para moedas estrangeiras apenas por meio de seu aplicativo, com taxas que vão de 0,9% a 2% sobre as cotações comerciais. Na prática, a instituição mantém sede em diversos países e, ao receber um depósito em uma localidade, disponibiliza de forma instantânea um saldo equivalente na moeda escolhida – o que alivia custos com câmbio internacional, já que não há transferência direta.

Um depósito no Brasil para conversão em dólar geraria um crédito junto à empresa, por exemplo, nos EUA – nesse caso, toda a intermediação é garantida somente pela própria Wise e seus depósitos nos países em que atua. Ou seja, funciona como uma espécie de carteira digital pré-paga. Além disso, a Wise disponibiliza cartão de débito.

— Você pode ter seu saldo em até 50 moedas diferentes, como reais, euro e dólar. Em cada uma delas, é como se você tivesse uma conta em um banco lá fora. Você abre uma conta com a gente, deposita reais e a Wise converte esse dinheiro. É como um envio de dinheiro para fora de você para você mesmo — explica a executiva Helene Romanzini, gerente de marketing de produto na Wise para África, América Latina e Oriente Médio.

Já a Nomad funciona como uma “ponte” digital entre uma conta brasileira e outra nos EUA em dólares, regrada pelo Banco Central norte-americano, o que permite ao cliente investir diretamente em fundos estrangeiros de renda fixa e variável. Na transação, o usuário paga o imposto de transferência ao exterior (1,1%) e ganha um cartão internacional em dólar, que permite gastos em qualquer local do mundo com as mesmas tarifas que um norte-americano pagaria: uma taxa de spread entre 1 e 2%.

— A poucos cliques é permitido ao brasileiro que reside no Brasil abrir uma conta corrente nos EUA e também uma de investimentos, em que ele pode ter acesso a mesma jornada de um cidadão norte-americano na compra de fundos, investimentos, ações e produtos — diz o executivo Ernani Assis, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Nomad, que ressalta que a fintech oferece descontos aos viajantes em aeroportos, restaurantes e aplicativos globais de aluguel e hospedagem.

No caso de bancos digitais com serviços de contas globais, esses grupos abrem uma filial no estrangeiro e permitem aos correntistas brasileiros que mantenham valores no exterior na mesma plataforma que suas contas usuais. No caso da C6, o banco tem uma agência nas ilhas Cayman, paraíso fiscal que permite a abertura de contas multimoedas, com valores em dólar e euro. Nesse caso, a taxa cobrada sobre o dólar comercial são 1,1% de imposto mais um spread de 2%.

— O grande diferencial: o seu banco tem uma conta lá fora. Tudo é feito no mesmo aplicativo, em tempo real, com conversão da moeda brasileira para dólar em segundos e um cartão simples de usar, sem burocracias — explica o executivo Maxnaun Gutierrez, head de produtos do C6 Bank, que ressalta que a escolha pelas ilhas Cayman se dá porque é uma jurisdição que permite a abertura de contas em qualquer moeda do mundo.

É preciso registrar eventuais bens, investimentos ou contas bancárias no exterior ao fisco na aba "Bens e Direitos" da declaração de imposto de renda. Enquanto a Wise deve ser registrada como uma operação de câmbio, C6 e Nomad são depósitos localizados no exterior – C6 nas Ilhas Cayman e Nomad nos EUA. Caso o contribuinte realize investimentos em bolsas de valores estrangeiras por meio do banco ou da fintech, os valores também devem ser declarados. 

Custo, segurança e praticidade

A escolha por uma ou outra varia conforme moeda e destino, já que cada modalidade tem suas vantagens a depender dos planos de cada viajante.

Vale considerar o seguinte:

  • É importante que o meu dinheiro seja segurado por um fundo garantidor regulado por um Banco Central? Isso dá mais segurança a seus depósitos diante do risco de falência das instituições. Em relação a isso, aplicativos ligados a bancos são mais seguros
  • É importante que meu dinheiro depositado na conta ou carteira digital em moeda estrangeira possa render ou ser investido em algum fundo de renda fixa ou variável?
  • É importante que o spread (taxa bancária) seja o menor possível?
  • É importante que as transações de real para a moeda estrangeira sejam ágeis, ou não importa se elas demorarem até dois dias?
  • Meu destino privilegia o uso de dinheiro vivo ou usa cartões digitais, como na Europa?

À GZH, o Banco Central (BCB) indicou que as instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio podem ser consultadas na página do BCB.

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