Luciano Ribeiro Pires*
Lesoto é um pequeno país da África, na parte sul do continente e sem saída para o mar – é um enclave, totalmente cercado pela África do Sul. Bem montanhoso, tem mais de 80% do território acima dos 1,8 mil metros de altitude e é o único país do mundo com toda a área acima dos 1 mil metros.
Praticamente a população inteira (99%) é da mesma etnia, os basotho. A língua falada entre os lesotianos é o sesotho, mas o idioma utilizado com os estrangeiros e na comunicação governamental é o inglês. As embalagens nos supermercados são escritas em inglês e, curiosamente, em português.
É que os produtos são fabricados em sua grande maioria na África do Sul e os mesmos também são exportados para Moçambique, onde se fala português. A religião predominante é o cristianismo, e cerca de 75% dos habitantes vivem em zonas rurais.
A chegada a Maseru, a capital, foi em um voo da Airlink, a companhia aérea que atende o país. Ele partiu de Johannesburgo, na África do Sul. Quando ia me aproximando, percebi a bela paisagem formada pelas montanhas abaixo de nós. Na chegada ao pequeno aeroporto Moshoeshoe I, o agente da imigração fez diversos questionamentos do porquê de um brasileiro visitar o Lesoto, e eu disse que estava a passeio. Depois de muitas perguntas, me deixaram entrar.
Peguei uma van até o centro da cidade de 330 mil habitantes. Levei cerca de 30 minutos (era um domingo, daí o pouco movimento). O hotel, o Lancer's Inn, tem um restaurante na entrada e várias cabanas recriando os mokhoros (as típicas habitações circulares do país).
Um símbolo de Maseru é o Basotho Hat, que funciona como centro de artesanato e de informações turísticas. O prédio tem a forma do chapéu característico do Lesoto. Dali, fui até a Makoanyane Square, uma praça bem no Centro, com um avião militar que serve como monumento. Em poucos metros, alcancei o palácio real. O rei Letsie III é o chefe de Estado e conta com um primeiro-ministro, constituindo uma monarquia constitucional. É um dos três reinos remanescentes da África, junto com Marrocos e Suazilândia.
No dia seguinte, fui visitar o Parque de Semokong, no interior. Por várias vezes no trajeto, deparamos com pastores conduzindo dezenas de rebanhos de ovelhas, que produzem lã, utilizadas para fazer roupas e o traje tradicional do país: a manta basotho. Após quase três horas de passeio, chegamos às Quedas de Maletsunyane, com 192 metros de altura. O Parque Nacional de Tšehlanyane apresenta incríveis montanhas. Do Malibe Lodge, podemos avistar algumas espécies de antílopes circulando pela área e pelas escarpas. Passamos por aldeias como a de Hlotse, que assim nos permitiu conhecer um pouco do cotidiano calmo e simples do interior.
A economia é baseada na agricultura de subsistência, através da produção de milho, sorgo e trigo, além do pastoreio de ovelhas e cabras. Outra fonte de renda provém das remessas dos lesotianos que vão trabalhar nas minas e fábricas sul-africanas. E as particularidades geográficas permitem que o Lesoto exporte água potável para a África do Sul e construa usinas hidrelétricas para suprir a demanda e também vender ao país vizinho. Com inverno rigoroso, o país começou a desenvolver o turismo esportivo: uma das duas estações de esqui da África Austral, a Afriski, fica neste país que, graças a suas montanhas, é conhecido como Reino do Céu.
Para comer
- O prato principal do país é a papa, uma massa feita com milho, que é servida com frango, verduras cozidas e o piri-piri, um molho picante. A comida de rua é fortemente difundida. O custo é de 30 lotis, equivalente a US$ 2.
- Lesoto também tem um pão com linguiça e molho picante: makoenya, uma espécie de bolo frito e milho assado. Outra curiosidade é a venda de pequenas pedras de argila, em saquinhos plásticos, que são consumidas como balas. Muito curioso!
*Servidor público e viajante