Há quem pense duas vezes antes de subir a serra gaúcha no inverno, por conta do movimento intenso que costuma resultar em filas e superlotação dos principais pontos turísticos e gastronômicos. Que tal antecipar o passeio para este final de outono, tendo como destino Nova Petrópolis, uma alternativa às duas maiores cidades da região? O que não falta são atrativos na florida cidade a 90 quilômetros de Porto Alegre e a meia hora de Gramado e Canela, famosa pelo Labirinto Verde que é parada obrigatória na Praça das Flores (na Avenida 15 de Novembro). O jardim tem 26 metros de diâmetro, com 1,7 mil mudas de cipreste plantadas – a diversão é encontrar o centro. Quem chega depara com um pódio em cimento para o visitante subir e registrar o momento.
Nesse município de colonização alemã, com 20 mil habitantes, há programação para toda a família, de parques temáticos a atrações a céu aberto, passando pelo comércio de vestuário para aquecer o corpo. Até 9 de junho, aliás, dá para conferir o principal evento do município, o Festimalha, que em 2019 completa 30 anos, com lançamentos e tendências da moda outono-inverno.
A expectativa é de receber, no total, 80 mil pessoas. O ingresso para o Festimalha, a R$ 7, dá direito a um bloco com 36 vouchers de descontos em estabelecimentos da cidade, do comércio à rede hoteleria. O tíquete também libera acesso ao Ninho das Águias e reduz o valor do ingresso no Parque Pedras do Silêncio (de R$ 30 para R$ 15) e na Aldeia do Imigrante (de R$ 12 para R$ 8). O estacionamento é gratuito.
“Maridódromo” e climatizadores
Os 66 expositores – sendo 47 malharias locais – garantem opções para homens, mulheres, crianças e até para pets, além de artigos de decoração. O tricô está por todos os lados: é comum ver peças diferenciadas por valores mais em conta do que em lojas de departamentos da Capital, por exemplo. Acessórios como toucas e golas de lã são os queridinhos dos visitantes.
E, se nem todos da família estão dispostos a bater perna olhando roupa, o pavilhão conta com restaurante (bufê de comida típica alemã, a R$ 25 por pessoa), uma área chamada de “maridódromo”, com barbearia e cervejaria, e espaço kids com recreacionistas e pedagogos (a R$ 50 a hora). Em todo o complexo, o wi-fi é liberado (quando estive lá, funcionava a pleno vapor). Entre as novidades deste ano, está um inédito investimento: R$ 40 mil em climatizadores para potencializar a experiência da compra, segundo a organização, e para ninguém ficar menos entusiasmado se o calor surpreender.
A 30º Festimalha vai até 9 de junho no Centro de Eventos de Nova Petrópolis. Funciona de quintas a domingos, das 10h às 19h. Ingresso a R$ 7 (idosos estão isentos nas sextas-feiras e pagam meia nos demais dias).
Ninho das Águias
Um lugar para aventureiros praticantes de voo livre ou simplesmente turistas que desejam apreciar as belezas da cidade do ponto mais alto dela. Dispõe de mirante, banheiro feminino, masculino e para pessoas com deficiência, quiosque e bar, além de rampas de parapente revitalizadas. O parque passou por obras que custaram cerca de R$ 220 mil, segundo o jornal O Pioneiro, por meio de uma parceria entre a prefeitura, que adquiriu a área em 1988, e o Clube de Voo Livre Ninho das Águias. O clube ajuda a gerir o espaço e a controlar o acesso do público que, desde abril de 2018, paga ingresso: R$ 5 (menores de 10 anos, maiores de 60 e visitantes da Festimalha são isentos). Diariamente, das 8h às 20h. Informações sobre os voos, a R$ 300 com filmagem em HD, com Prida: fone (54) 9999-98530.
Parque Aldeia do Imigrante
Na área de quatro hectares atualmente explorados pela Urbanis Empreendimentos (a concessão saiu no ano passado), é possível fazer a tradicional foto envelhecida de época com trajes típicos alemães (custa entre R$ 25 e R$ 40 a imagem, dependendo do tamanho escolhido), andar de pedalinho (R$ 10 por pessoa para 20 minutos) e provar a culinária típica na praça de alimentação tomando um chope geladinho enquanto a banda toca. Uma visita guiada, que pode ser feita a pé ou de carrinho elétrico, leva até a aldeia histórica, que preserva edificações originais para recriar uma vila colonial de 1890, e ao Museu Histórico Municipal. Avenida 15 de Novembro, 1.966, de segunda a domingo, das 8h30min às 18h. R$ 12 (crianças até seis anos são isentas). Telefone: (54) 3298-2222.
Parque Pedras do Silêncio
Resultado de quatro anos de trabalho histórico, artístico e cultural até abrir à visitação, em 2014, o parque apresenta 86 esculturas, com duas toneladas cada, esculpidas em arenito pelos artistas Rogério Bertoldo, Cristóvão Hullen e Rodrigo de Azevedo. As peças contam a história da imigração germânica em uma área de 20 mil metros quadrados de vegetação e paisagismo. O acesso ao parque é sinalizado, todo por vias asfaltadas, com estacionamento. Na entrada, há uma lojinha com produtos típicos. Rua Emilio Dinnebier Filho, 560 – Linha Brasil, Diariamente, das 9h30min às 18h. Ingresso a R$ 30. Telefone: (54) 99979-0528.
Onde comer
Quem gosta de comer bem e bastante tem passagem obrigatória por dois restaurantes de Nova Petrópolis, com propostas bem distintas mas igualmente excelentes.
Minha dica para o almoço é o Colina Verde, junto ao hotel Jardins da Colina, que oferece um banquete ao estilo colonial, com o melhor das iguarias alemãs: chucrute, joelho de porco, salsicha bock e por aí afora. Há 20 itens no menu e mais um bufê de sobremesas. Destaque para os bolinhos de aipim, o matambre recheado e a deliciosa panqueca recheada de maçã.
O Colina Verde Restaurante fica na Rua Felipe Michaelsen, 160. Funciona de terça a domingo, das 11h30min as 15h, a R$ 76 por pessoa (crianças até dois anos pagam metade). Telefone: (54) 3281-1388.
À noite, visite um imponente casarão tombado, de 1911, na Linha Brasil. É o Armazém Wazlawick, que serve um rodízio com pratos que vão de risotos e massas a filé e salmão. O creme de abóbora com bacon servido na entrada é ótimo. O ambiente é uma atração à parte. O local já serviu de salão de baile, hospital, igreja e armazém, antes de passar por uma reforma que o transformou em restaurante. Mas as memórias de cada época continuam lá: camas antigas, com cabeceiras de ferro, que viraram mesas, baleiros de vidro, cofre, vitrines giratórias, livros antigos. Um charme!
O Armazém Wazlawick fica na RS 235, km 14,2 – Linha Brasil. Funciona sextas, das 16h às 23h, sábados e feriados, das 10h às 23h, e domingos, das 10h às 20h, a R$ 68 por pessoa. Telefones: (54) 3298-8045 e (54) 99810-43912.
Para beber
Nem só de vinho vive a serra gaúcha, e os apaixonados por cerveja não ficam desassistidos. A Cervejaria Traum tem cenário e estrutura perfeitos para um happy hour e oferece 10 tipos da bebida artesanal. A área externa, com jardim, deque, sofás e mesinhas, é um convite a apreciar o pôr do sol. Recomendo a Frigga Summer Cream Ale, com hortelã, que custa entre R$ 8,50 (copo pequeno) e R$ 28,90 (caneco de um litro). Para acompanhar, bolinho frito de batata ralada (R$ 12,90) ou almôndegas alemãs recheadas com queijo (R$ 23,90): irresistíveis!
A Cervejaria Traum fica na Avenida 15 de Novembro, 6.200. Funciona de segunda a quinta, das 10h às 12h e das 13h às 18h; sextas e sábados, das 10h à meia-noite; domingos, das 10h às 20h. Telefone: (54) 99119-0404
Já na cervejaria Edelbrau, à noite, a sensação é de estar em um bar europeu. É possível conhecer a fábrica onde são produzidas quatro linhas de cervejas tradicionais e 11 especiais. A bonequinha de luxo da marca é a Wild Dark Raspberry, envelhecida em barril de carvalho por quase um ano e meio e com adição de framboesa. A linda e decorativa garrafa é vendida num kit de madeira personalizado a R$ 89.
A Cervejaria Edelbrau fica na Avenida 15 de Novembro, 4.024. Tem visitação de segundas a sextas, das 9h às 11h30min e das 13h30min às 18h; sábados, das 9h às 19h; domingos e feriados, das 9h às 18h. O pub abre quintas e sextas, das 18h à 1h; sábados e feriados, das 11h30min à 1h; domingos, das 11h30min às 19h. Telefone: (54) 3281-4555.
* A jornalista viajou a convite do Festimalha