Empreender uma viagem pelo sudeste da Ásia era um programa que nunca imaginávamos realizar. Foi tudo muito de repente. Após uma reunião com minha mulher, Lucia, e meu filho Eduardo, decidimos encarar esse desafio por dois meses, ao final de 2017, para justificar o investimento nas passagens aéreas e até por não ser uma região para onde se possa ir todos os anos.
Nosso quase desconhecimento dessa importante região global é muito grande. Com frequência, ouvíamos: brasileiro por aqui é muito raro! E, de fato, foi o que pudemos constatar ao longo de 54 dias por Bangcoc, Hong Kong, Macau, Manila, Boracay, Krabi, Phi Phi, Pukhet, Ho Chi Minh, Hanói, Camboja e Singapura. Partimos do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, viajamos por 14 horas e 40 minutos, com uma parada em Dubai, e voamos por mais seis horas e 20 minutos até Bangcoc. Este breve relato dará uma ideia do trajeto e, esperamos, poderá motivar mais brasileiros a visitarem o Sudeste Asiático.
Chegada na Tailândia
Bangcoc, a capital tailandesa, é considerada um dos principais destinos turísticos do mundo. Suas mais importantes atrações incluem palácios reais, templos e museus históricos e culturais. Embora a prostituição seja considerada ilegal na Tailândia, com pouco reconhecimento e discussão pela população e governo, o turismo sexual em Bangcoc é praticado, sendo a cidade chamada de “Sin City of Asia”.
Começamos visitando o Grand Palace Wat Phra Kaew, onde está o Buda de Esmeralda, Wat Pho e Wat Arun, prédios sagrados para os tailandeses, locais de fé e oração. O palácio era uma antiga residência da família real tailandesa e ocupa uma área de mais de 2 mil metros quadrados, cercada por muros erguidos em 1782, e fica ao lado de um moderno shopping.
O Templo do Amanhecer, situado do outro lado do Rio Chao Phraya, é o cartão-postal de Bangcoc e talvez a imagem mais famosa da capital da Tailândia. Foi construído em 1768 pelo Rei Taksin, no lugar onde já existia um templo menor. Foi batizado assim porque o rei assistiu a um nascer do sol no local e se encantou com o visual.
Entre as principais atrações da Tailândia, suas ilhas se destacam. Partindo de Bangcoc, seguimos em busca desses paraísos e fomos conhecer Krabi, Ko Phi Phi e a enorme Pukhet, que tem mais de 860 meios de hospedagem. A Província de Krabi é uma das mais visitadas da Tailândia e também a principal porta de entrada para algumas das ilhas e suas praias mais famosas.
Uma delas é Ko Phi Phi, ilha no meio do Mar de Andaman, a 42 quilômetros de Krabi – as principais são Phi Phi Don e Phi Phi Leh. A Phi Phi Don é maior e a única habitada, atrai centenas de visitantes para suas lindas praias. Apresenta baías e praias deslumbrantes, incluindo a famosa Maya Bay, cenário para o filme A Praia, estrelado por Leonardo Di Caprio, e que, desde julho, teve o acesso proibido por decisão do governo por um período mínimo de um ano, para recuperação das algas marinhas afetadas pela grande demanda diária de turistas. Lembram do tsunami em 2004 que quase acabou com a ilha e dizimou sua população? Felizmente, o destino conseguiu se recuperar e voltar a mostrar suas belezas aos viajantes.
O surpreendente Camboja
Deixando Pukhet, embarcamos num voo da Air Ásia com destino a Siem Reap, no Camboja. Quando recebi de meu filho a informação de que nosso próximo destino seria aquele, questionei as razões, por não ter a mínima ideia do que teria de interessante. A resposta foi simples: “Espere chegar para ver a grandiosidade que nos aguarda!”.
E lá estava o Sítio Arqueológico de Angkor Wat: fantástico, surpreendente, místico e misterioso. Siem Reap é a segunda maior cidade do Camboja, cuja capital é Pnom Phem. Milhares de turistas visitam anualmente o local para ter a chance de conhecer um dos mais incríveis monumentos do mundo, título recebido em 1992 da Unesco, que considerou a área Patrimônio da Humanidade. A região mostra como estava estruturada a última capital do Império Khmer, que reúne mais de cem templos e foi descoberta há pouco mais de 20 anos, antes totalmente encoberta pela selva. O Império dominou grande parte do Sudeste Asiático entre os séculos 9 e 15.
A partir de Angkor Wat, a dica é negociar com o motorista do táxi ou do “tuk-tuk” para visitar os locais que deseja ou então deixar que ele sugira o roteiro. Bayon é um dos pontos mais procurados, com rostos e corpos esculpidos nas rochas de seus templos, impressionantes pela beleza e pela riqueza de detalhes.
Singapura, onde o futuro já chegou
Uma ensolarada ilha tropical localizada no sudeste da Ásia, Singapura é habitada por cerca de 5 milhões de pessoas de quatro comunidades principais: chineses (maioria), malaios, indianos e eurásios. Oficialmente, é a República de Singapura, uma cidade-estado localizada na ponta sul da Península Malaia. Aqui, o futuro chegou há pelos menos 20 anos. É uma cidade rica em todos os sentidos. Não há nada que você imagine que precisa ser feito que já não esteja pronto para facilitar a vida dos moradores e turistas. Sobram escadas rolantes, elevadores e esteiras para acessar as passarelas que cruzam sobre as largas avenidas ou ruas comerciais. A interligação com passarelas e esteiras rolantes entre estações de metrô, shoppings e hotéis ajuda no deslocamento e reduz o tempo de caminhadas.
Vestígios do comunismo no Vietnã
Começamos a visita ao Vietnã por Hanói, a antiga capital do Norte comunista. Atualmente com mais de 6 milhões de habitantes, é uma das cidades mais fascinantes do Sudeste Asiático, um lugar vibrante que transpira história e com um povo simples, batalhador e ávido por modernidade. Entre as principais atrações, estão o mausoléu, o museu e a residência do líder revolucionário Ho Chi Minh (1890-1969), personagem admirado e cultuado pelo povo vietnamita.
O bairro antigo é um emaranhado de ruas sinuosas e caóticas, onde o comércio vende de tudo, principalmente materiais de construção. É o Old Quarter, considerado o centro nervoso de Hanói. Chamar essa região de loucura é elogio. Como as milhares de motos passam o dia estacionadas sobre as calçadas, sobram as ruas para ônibus, caminhões, vans, táxis, motos, tuk-tuk, bicicletas e o coitado do pedestre! Nesse emaranhado de veículos e pessoas, não se vê nenhuma batida, mas se ouve buzina o dia inteiro. O vietnamita é fissurado por buzina.
Deixando Hanoi, fomos para a Cidade de Ho Chi Minh City, antiga Saigon, cidade que chama a atenção pelos contrastes. Lá, construções antigas e cheias de história disputam espaço com modernos arranha-céus. São prédios imponentes que abrigam, em geral, luxuosos hotéis, restaurantes e centros de negócios.
Fazer um tour de vespa pode ser uma boa maneira de explorar as áreas mais interessantes, já que esse é o meio de transporte preferido entre os locais. No Vietnam Vespa Adventures, por exemplo, o passeio é guiado por residentes muito experientes, com duração de 4h30min, começando ou terminando com um almoço.
Marcas da colonização nas Filipinas
Nosso destino seguinte foi Manila, a capital das Filipinas, que foi colônia espanhola, americana e japonesa. Apresenta essa história em seus museus e pelas ruas da cidade. Boa parte dos filipinos tem nomes espanhóis e fala o inglês e tagalo, idioma mais usado no arquipélago. É um povo católico e apaixonado por basquete. A origem do nome Filipinas é uma homenagem ao Rei Felipe II, da Espanha, que dominou a região durante séculos e deixou uma forte influência no país.
Manila tem bairros marcantes, que, por suas características, distinguem-se dos demais. O Manila City, por exemplo, é onde fica o lugar denominado Intramuros, uma ilha de riqueza da cidade – com seus mega-edifícios, lojas, restaurantes e o centro comercial Green Belt Malls, que permite uma agradável caminhada entre lojas e pavilhões climatizados. Já a Bonifácio Global City, região comercial e de negócios, é repleta de bares, restaurantes, lojas luxuosas e convidativas a turistas endinheirados e nada menos do que quatro hotéis cinco estrelas.
O Jeepney é o principal e popular meio de transporte, um jipão americano adaptado, herança da II Guerra Mundial. As pessoas entram pela carroceria e avisam ao motorista onde querem descer, em qualquer ponto ao longo do trajeto. Entrar e sair de um Jeepney é um exercício e tanto para nós, ocidentais, que somos mais altos do que a população local. O governo estuda opções para retirar esses veículos de circulação por serem poluentes, desconfortáveis, barulhentos, exóticos e feios.
Deixando Manila, seguimos para uma das mais badaladas praias das Filipinas entre as mais de 7 mil pequenas, médias e grandes ilhas que formam o país. A ilha de Boracay, com suas águas de um
azul-turquesa e uma temperatura agradável, faz a alegria dos milhares de turistas que chegam diariamente, vindos principalmente do norte da Europa, Ucrânia, Rússia, Polônia, China e Japão.
A imensa demanda de turistas criou um problema para a ilha: excesso de lixo, ruas malcuidadas, caminhos esburacados e esgotos que não dão conta de tanto consumo. A administração local criou uma forte restrição ao acesso de turistas, iniciada em abril de 2018 e que vigorou até outubro.
Entre as proibições impostas desde então, estão restrição a fumantes e festas na beira da praia, assim como ao comércio ambulante e ao consumo de bebidas em embalagens plásticas, inclusive em hotéis e resorts.
Hong Kong, território de fé
Situada na costa ao sul da República Popular da China, está a ilha de Hong Kong. Há muito para ver no destino. Comece com a travessia no Star Ferry, entre a ilha de e a Península de Kowloon, que dura cerca de 10 minutos e que proporciona uma visão espetacular da cidade, principalmente a partir de Kowloon, de onde melhor se observa os modernos arranha-céus.
Uma das principais atrações é o Tian Tan Buddha, conhecido como Buda Gigante, por conta de suas dimensões de 23m de altura e pelos
268 degraus para alcançar a estátua. É um passeio interessante e que demanda uma manhã ou uma tarde inteira. O lugar é muito bem estruturado, com bares, cafeterias, restaurantes e lojinhas de artesanato.
Também não se pode deixar de visitar o Convento Chi Lin, grande complexo de templos de arquitetura elegante, em madeira, com relíquias budistas e lagos de lótus. O local inclui uma série de salões, alguns dos quais contêm ouro, argila e estátuas de madeira representando divindades, como o Buda Sakyamuni e Bodhisattvas.
Aproveitando que Macau estava logo ali, fomos até o terminal pegar um ferry para uma travessia de 20 minutos. Macau é uma das regiões administrativas especiais da China desde 1999, a exemplo de sua vizinha Hong Kong.
A península é o núcleo ocupado da cidade, com bairros de trabalho denso e prédios coloniais que relembram os tempos em que os portugueses mandavam na região. Caminhar pelo centro histórico, além de ser uma grata surpresa, é muito agradável, com seu calçamento de pedras portuguesas. Também é interessante e curioso visitar o comércio com identificação em português e cantonês, saborear um pastel de nata e outras iguarias da cozinha lusa.
A cidade é um dos maiores mercados globais dos “jogos de azar”, com cassinos que faturam tanto quanto seus equivalentes de Las Vegas. O cassino mais antigo é o Hotel Cassino Lisboa, datado de 1970, também considerado como o primeiro cassino de “grande porte” do território. Quer saber mais sobre a viagem? Confira em meu site www.viajandei.com.