Por Manuela Martins Costa, especial
Escolhemos nos casar em Bled em agosto de 2015. Já estávamos noivos havia um ano e não tínhamos decidido o local – a gente namora desde 10/6/2001, exatos 16 anos da data do casamento.
A escolha veio após um amigo nos falar sobre Bled. A ideia foi imediata. Comecei a pesquisar na internet e, no dia seguinte, já lancei para a família. Achei que seria uma ideia passageira. Mas ela continuava lá, persistente.
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Então achei o site da Petra Cuk, cerimonialista na Eslovênia, e mandei um e-mail. Também contatei a igreja de Bled para ver se havia a data disponível (10/6/17). Petra respondeu poucas horas depois, em inglês, e em pouco tempo já tinha orçamento de tudo em mãos, locais possíveis, horários e inclusive pré-reserva da igreja. Decidimos.
Surgiram dois medos. Primeiro, sobre a confiabilidade da cerimonialista e de contratar serviços pela internet. Segundo, sobre a possibilidade ou não de nossos familiares e amigos estarem presentes. Concluímos que uma boa parte deles, com dois anos de antecedência, querendo, estaria lá. Também sabíamos que muitos acabariam não conseguindo ir e que sentiríamos isso. Mas, pensamos que, se fosse no Brasil, às vezes acontece de alguém querido não ir, então concluímos que devíamos escolher por nós. Quem fosse acompanharia essa bela celebração, mas quem não fosse não deixaria de ser testemunha do nosso amor.
O primeiro medo enfrentamos de forma objetiva. Duas amigas estavam indo à Eslovênia e pedimos que conferissem se Petra existia em carne e osso. Elas foram muito bem recebidas em Liubliana, com um jantar maravilhoso oferecido pela cerimonialista. Assim selamos nossa confiança com uma pessoa real, e ela não nos decepcionou um segundo, em eficiência, carinho, atenção, comunicação...
Foram centenas de e-mails trocados com ela, que administrava cada detalhe e escolha nossa. Sabíamos que não teríamos controle sobre tudo, mas esse "deixar acontecer" só aumentaria o prazer do momento, as surpresas, as belezas e peculiaridades que se apresentariam. Assim é viajar: uma entrega às descobertas. E juntos encaramos essa aventura. Com vários amigos e nossos parentes mais próximos. Nos sentimos incrivelmente sortudos por nossas afilhadas irem, pais, muitos padrinhos e inclusive aia e pajem!
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Quanto a Bled, é simplesmente o paraíso. Para nós, o cenário, a natureza, fechou com todos os nossos desejos e sonhos. A mistura da espiritualidade da igreja e da ilha, com toda a sua carga histórica, desde os cultos pagãos até o cristianismo atual, com o carisma e carinho do padre Janez, com a beleza do lago verde-esmeralda, com montanhas cercando a pequena ilha... simplesmente transcendente. E nos casamos em meio a tudo isso.
E jantamos num terraço com vista para tudo isso, e dormimos numa suíte com vista para tudo isso, e o café da manhã do dia seguinte teve vista para tudo isso.
No dia da cerimônia, para ir até a ilha, pegamos um barco no hotel Vila Bled. Ao chegarmos à igreja, turistas chineses aplaudiam tudo e pediam para tirar fotos, emocionados.
A cerimônia foi lindíssima, leve. O padre fez a missa em português e inglês, muito personalizada (havíamos tido reunião com ele no dia anterior). Após a assinatura, a troca de alianças e o beijo, tocamos o sino três vezes, fazendo pedidos para a rainha do lago (Nossa Senhora). Na saída, jogaram pétalas de rosas brancas e fomos recebidos com espumante e bolo. Tudo isso num dia ensolarado e superagradável. Na sequência, Marcus subiu os 99 degraus da ilha me levando no colo (como o costume de boa sorte local), sem pausas para descansar. Pegamos os barcos de volta à costa e fomos para o terraço do Vila Bled para os aperitivos. Marcus e eu tiramos fotos nos bosques lindos do hotel e fomos checar o piano e o violão no Belvedere (um salão do hotel, em meio às árvores, com vista incrível para o lago, o castelo e a igreja).
O jantar superou qualquer um que já tive até hoje e a festa no Belvedere teve bebida, bolo e DJ. Chegando lá, fizemos uma surpresa e tocamos duas músicas: Is This Love, do Bob Marley, e I Got You, do Jack Johnson – o Marcus no violão e voz e eu no piano. Foi de chorar de tão lindo. Ninguém sabia que sabíamos tocar, foi uma surpresa – estávamos praticando esse "show", havia cinco meses, com o professor Fabio Garcia, da escola Music for Life. Além de um superdesafio para nós, que realizamos um sonho de tocar essa homenagem um ao outro.
P.S.: na semana seguinte ao casamento, fomos às cachoeiras, cânions, cavernas, lagos e vinhedos, alugamos bike e visitamos as praias da Eslovênia. Depois, conhecemos Liubliana, que amamos: jovem, viva, verde.