Uma cidade tão efervescente quanto o verão espanhol.Assim pode-se resumir, sem medo de errar, o astral de Madri. A capital da Espanha parece não dormir: seja cedo pela manhã ou ao longo da madrugada, suas ruas têm movimento. As avenidas amplas, os largos passeios e parques arborizados e as terrazas dos cafés, bares e restaurantes convidam a desfrutar. Uma tarefa que os madrilenhos cumprem com prazer e que serve de estímulo aos milhares de turistas que chegam a cada ano.
Para o viajante que estreia na cidade e já conhece capitais latino-americanas, Madri pode lembrar Buenos Aires, Montevidéu ou Santiago por suas vias amplas, com árvores frondosas que ajudam a refrescar do calor – no verão, a temperatura fica acima dos 30ºC com frequência, e a noite só chega pelas 22h.
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O cenário é um convite a se deixar levar. Lance mão de um mapa, mas saia caminhando sem rumo, arriscando pelas ruelas marcadas por prédios históricos da região central. Os edifícios residenciais, com suas sacadas, janelas-balcão e floreiras, em grande parte de tijolo aparente, dão um charme especial.
Cada esquina de Madri desvenda uma surpresa. Um desvio de rota pode levar um visitante sem muitas informações sobre a cidade à famosa Plaza Mayor, com suas 237 varandas dispostas em edifícios de três pisos que rodeiam uma área equivalente a um quarteirão e recebem dezenas de lojas e restaurantes. Ou à Puerta del Sol, marco zero de Madri e onde fica a estátua do urso apoiando-se em uma árvore conhecida como madroño – cuja imagem faz parte do escudo de armas oficial da capital espanhola.
Come-se e bebe-se bem, e sem pagar muito. As tapas, petiscos como presuntos crus, azeitonas temperadas, queijos variados, frutos do mar e carnes defumadas, são a opção para um bate-papo descontraído na terraza, como se chamam as áreas de bares e restaurantes na calçadas disputadas por todos.
É possível comer de pé, no balcão ou em locais tradicionais. Um deles é o Museo del Jamón, com vários pontos na cidade, que cobra um euro por um baguete pequeno com jamón serrano, um dos tantos famosos presuntos da Espanha. Mercados como San Miguel ou San Antón precisam estar no roteiro para, pelo menos, um lanche. A influência do Mediterrâneo e do Atlântico é fortíssima na culinária, e os pratos com peixes e frutos do mar não devem passar em branco.
Para acompanhar, um bom vinho espanhol, com preço justo. No calor, não dá para deixar de provar o tinto de verano – uma combinação de vinho tinto, refrigerante de limão, limão, gelo e frutas como maçã ou melão – ou a sangria – vinho tinto, suco de laranja, licor de laranja, conhaque, soda e frutas da estação. Segundo os madrilenhos, só assim para suportar o calorão e o clima seco. Os doces são delícias de encantar os olhos e o paladar.
Madri também pode ser um bom local para compras, principalmente na época de rebajas, as liquidações que levam multidões às lojas da Gran Vía e sua vizinhança. A tradicional rua de comércio é uma atração por sua arquitetura preservada que recebe grifes globais. Vale a pena conhecer o El Corte Inglés, tradicional rede espanhola que tem um mirante em seu ponto localizado na Plaza del Callao, no coração da Gran Vía.
O certo é que o visitante sai de Madri com vontade de voltar, pois tem certeza de que deixou muitas ruas a desbravar, muitos pratos a provar e muitos sorrisos a expressar.
Próximo à realeza
Residência real desde Carlos III (1716-1788) até Alfonso XIII (1886-1941), o Palácio Real é visita obrigatória em Madri. Da coleção da armas e armaduras – é impressionante ver de perto as proteções metálicas usadas por cavalos e cavaleiros na Idade Média – até o luxo da sala de banquetes e ambientes de recepção, chama atenção o cuidado com a preservação da história espanhola.
Na sala do trono, a cadeira usada por Carlos III em suas audiências, a coroa e outros objetos estão em exposição, assim como a carta de abdicação de Juan Carlos, em 2014, em favor de seu filho, o atual rei espanhol, Felipe VI. Apesar de não ser mais usado como moradia, o Palácio Real recebe as cerimônias oficiais da monarquia.
Museus imperdíveis
Os três principais museus de Madri são vizinhos, mas cada um guarda peculiaridades que os tornam grandes atrações da cidade. No Prado, clássico, está a mais importante e valiosa coleção espanhola, com obras de grandes nomes como El Greco, Velázquez, José de Ribera, Meléndez e Goya. No Reina Sofia, moderno, a principal atração é Guernica, de Pablo Picasso, ao lado de obras de Dalí e Miró e até mesmo de brasileiros como Millôr. No Thyssen-Bornemisza, obras de Rubens, Picasso, Klee, Van Gogh, Dürer, Caravaggio, Van Eyck e Constable formam uma eclética coleção.
Ao organizar sua visita, tenha em conta que tanto o Prado quanto o Reina Sofia têm ingresso grátis a partir do final da tarde – só chegue um pouco antes do horário de liberação da bilheteria, porque costumam se formar longas filas.
Parques
Aproveitar alguns momentos descansando nas frondosas sombras de Madri faz parte do roteiro pela cidade. O mais conhecido dos parques da capital espanhola é o do Retiro. Criado entre 1630 e 1640, tem uma área de 125 hectares e fica em meio à cidade. Além de ajudar a refrescar a sensação de abafamento com suas 15 mil árvores, oferece cultura, esportes e lazer a madrilenhos e turistas.
Entre as principais atrações, estão o lago e o monumento a Alfonso XII, onde se pode praticar remo, e os palácios de Velásquez e de Cristal. Uma sugestão é levar as tradicionais tapas, que podem ser compradas em qualquer um dos mercados de Madri, para degustar jogado na grama, como fazem os moradores.
Os Jardins de Sabatini e o Campo del Moro, ambos junto ao Palácio Real, e os Jardins do Templo de Debot, logo ao lado, também merecem uma visita, assim como o Real Jardim Botânico, pertinho do Museu do Prado.
Planeje-se
Onde ficar
O melhor é ficar perto das regiões movimentadas da cidade. De qualquer ponto, é fácil se deslocar por Madri, seja a pé ou de metrô. Há opções mais clássicas em bairros como Justicia, Salamanca ou Castellana, até regiões descoladas, a exemplo de Chueca, Cortes e Plaza Santa Ana.
Há muitas ofertas de hostal, um intermediário entre os albergues e os hotéis. São hospedarias que ocupam geralmente um ou mais andares de um edifício e contam com quartos coletivos e individuais por bons preços. Estão concentrados principalmente na Gran Vía e na Puerta del Sol.
Como se deslocar
A maneira mais fácil e econômica de sair do aeroporto de Barajas é o metrô. As linhas partem de dois pontos diferentes do terminal e, depois, basta escolher a melhor opção para chegar ao destino – são 316 estações divididas em 12 linhas de diferentes cores que conectam-se umas às outras.
Também é possível pegar um ônibus até o Palácio de Cibeles e, a partir dali, seguir pelo sistema urbano da cidade. Em cada parada, há cartazes com linhas, rotas e horários.