Por Jéferson Schimitt, especial*
São Luiz do Paraitinga, a cerca de 170 quilômetros da capital paulista, é um daqueles lugares bucólicos que nos fazem voltar no tempo e pensar a cidade de um modo romântico. Na Praça Central, somos recepcionados com a seguinte inscrição: "São Luiz do Paraitinga, erguida nos contrafortes da Serra do Mar, com seus quase 11 mil habitantes, é uma das mais brasileiras das cidades paulistas. Caracteriza-se por preservar seu rico passado de tradição, religiosidade e encanto".
Antigo pouso de tropeiros e entreposto de mercadorias na Região do Vale do Paraíba, o lugar conserva até hoje, em seu centro histórico, um conjunto com cerca de 450 imóveis com arquitetura colonial típica do século 19, há anos tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.
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Desde dezembro de 2010, depois de ter sua área histórica praticamente destruída por uma enchente no início daquele ano, todo o acervo arquitetônico e a paisagem do entorno foram igualmente tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
São casas, casarões, sobrados, prédios públicos, escadarias, igrejas, praças e monumentos que encantam não só pela arquitetura, mas também pelas cores. Entre esses imóveis, destaca-se uma casa construída em 1834 em taipa de pilão (uma técnica construtiva da época), onde, em 5 de agosto de 1872, nasceu o cidadão mais ilustre daquele município: o médico sanitarista Oswaldo Cruz, conhecido mundialmente por seus estudos e suas ações como bacteriologista e epidemiologista.
Andando pelas ruas (mesmo que isso custe o fôlego por causa das ladeiras), encontramos lugares aconchegantes e românticos, como a Ladeira das Mercês, que dá acesso à parte alta do centro histórico. Outro desses cartões-postais é o Largo do Teatro, com seu tradicional chafariz, concentração dos carnavalescos nos dias da folia, de onde se pode apreciar a Igreja do Rosário no topo da Rua Monsenhor Inácio Giolia, e o casario colorido que mais parece obra de algum renomado pintor.
Na praça central, que recebeu o nome de Oswaldo Cruz, chama atenção o coreto, colorido e irreverente, que parece estar rivalizando com a imponente e sisuda Igreja Matriz São Luiz de Tolosa, localizada à sua frente. Na parte alta da cidade, de onde se pode admirar todo o centro histórico, encontra-se o Mirante do Cruzeiro, com a cruz luminosa, ponto de referência nas noites paraitinguenses. O Mercado Público também não pode ser esquecido – com suas arcadas emoldurando o pátio interior, nos dá a sensação de uma visita ao passado. São atração, ainda, os painéis de azulejos espalhados pela cidade, com pinturas retratando o cenário urbano nas mais diversas épocas.
São Luiz é uma das três dezenas de estâncias turísticas do Estado de São Paulo e, em pouco tempo, teve agilidade para reconstruir centenas de casas, bem como a Igreja Matriz, a Capela das Mercês e o Mercado Público – destruídos na tragédia de 2010. Hoje, recebe os visitantes com opções de roteiros turísticos, restaurantes, bares e aconchegantes pousadas que oferecem o café da manhã com fartas mesas, variados e deliciosos bolos e iguarias da região (já comeram requeijão de prato?).
Também atrai turistas por conta de suas festas, sendo a do Divino Espírito Santo a mais concorrida das comemorações religiosas, realizada há dois séculos, sempre no mês de maio. Quanto às festas profanas, o destaque fica para o Carnaval de Marchinhas, considerado pelos paraitinguenses como a mais original e espontânea folia de rua da região.
*Leitor do Viagem, Jéferson Schimitt, 50 anos, é bancário em Porto Alegre
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