No dia 15 de fevereiro, o DJ canadense Rob Calabrese lançou um site convidando os americanos a se refugiarem em uma ilha da Nova Escócia. O site, Cape Breton if Donald Trump Wins (Cape Breton se Donald Trump ganhar), recebeu 1 milhão de visitas e tantas perguntas sobre emigração que agora oferece um link para o aplicativo do governo canadense. (O presidente Barack Obama até mencionou a página durante o recente jantar com Justin Trudeau, primeiro-ministro do país.) Ele foi, naturalmente, uma resposta ao conhecido bordão: a ameaça de se mudar para o exterior se a política não agradar. Logo após as vitórias nas primárias de Hillary Clinton e Trump na Super Tuesday, as pessoas foram ao Twitter para dizer que se mudariam para o Canadá e a busca com a frase "move to Canada" cresceu no Google.
Calabrese tem suas razões para atrair americanos descontentes: "Nossa população está acabando". Conforme o censo de 2011, a população da ilha de Cape Breton era de quase 136 mil, um número que, devido à falta de postos de trabalho, vem diminuindo a uma taxa de mil por ano, disse ele.
A Associação de Americanos Residentes no Exterior estima que 8 milhões de civis americanos vivem no exterior, espalhados em mais de 160 países. Mesmo não havendo estatísticas confiáveis sobre os motivos, acredita-se que poucos expatriados tenham saído por causa de políticos. O mais provável é que a mudança esteja relacionada ao trabalho. Há os aposentados que procuram um clima mais quente e uma economia mais amigável e aqueles que simplesmente tiraram férias e não voltaram mais.
Nan McElroy, por exemplo, trabalhava como editora de filme e vídeo em Atlanta quando visitou a Itália pela primeira vez, aos 40 anos de idade. Ela se apaixonou pelo país e acabou se mudando para Veneza, há 11 anos. Agora com 60, trabalha como sommelier e remadora, ensinando as pessoas a remar barcos em pé, no estilo veneziano. – Mesmo quando é simples, é muito complicado. Você tem que realmente querer, disse ela sobre imigração.
Perguntei a Nan e a outros que conhecem a vida de expatriado aquilo que os americanos que vão para o exterior devem fazer quando visitam um lugar em que pensam morar. Aqui estão várias sugestões.
– Reserve acomodações pelo Airbnb e não se esqueça de levar o lixo para fora.
Se você realmente quer sentir uma cidade, meus especialistas concordaram: não fique em um hotel. Eles oferecem o que acham que você quer e se viram como podem para deixá-lo confortável. Em vez disso, encontre uma casa de verdade que permita que experimente a vida genuína. Tropece quando a luz acabar. Tome um banho com água fria. Examine o lixo; os vizinhos olharam torto para você?
– Vá a um supermercado local. Achou pasta de amendoim e Pop-Tarts?
Claro que não, mas mesmo que seja difícil imaginar a vida sem alimentos americanos típicos, não se desespere. George Eves, o britânico baseado em Amsterdã, fundador do Expat Info Desk, site que produz guias para expatriados, disse que um número crescente de empresas atendem aos desejos dos americanos. E mencionou o My American Market, um site francês que vende Dr. Pepper e o xarope Aunt Jemima entre seus 900 produtos. Mesmo com isso tudo, ainda haverá desejos difíceis de satisfazer, coisa que um breve período de férias pode não saciar; portanto, pense bem nas coisas de que você pode sentir falta. Para aqueles que estão considerando Cape Breton seriamente, Calabrese informa que a Ikea mais próxima fica a 20 horas de carro.
– Alugue um carro e saia dirigindo.
É a melhor maneira de se ter uma noção da topografia local e de descobrir aonde todos vão nos fins de semana. Tenha em mente que os preços do combustível podem variar tremendamente. O preço mais elevado é em Hong Kong (US$1,81/litro), e o mais baixo é no Kuwait (US$0,04/litro). Um estudo feito pelo aplicativo de trânsito Waze, baseado em dados de 50 milhões de motoristas, considerou a Holanda o melhor país para se dirigir e El Salvador, o pior.
– Tire o casaco e imagine o sol batendo em você no verão... daqui a 20 anos.
O que pode parecer um clima agradável na primavera pode ser um inferno no verão ou um tanque criogênico no inverno. – Se você nunca viveu perto da linha do equador, pode descobrir que odeia ficar no ar condicionado o tempo todo, disse Eves, que já viveu na Índia, Polônia, África do Sul, Rússia e Ucrânia, entre outros lugares. Também é preciso considerar o aquecimento global. Os prognósticos dizem que os países que resistirão a ele têm boa localização geográfica e estratégias para suavizar o impacto. Um índice da Universidade de Notre Dame coloca a Alemanha e a Islândia no topo da lista, o Chade, no fim.
– Turismo de reconhecimento.
Betsy Burlingame e Joshua Wood, que administram o site Expat Exchange, disseram que muitos dos usuários que pensam em se aposentar e viver na praia fazem disso um tema de viagem. – Algumas dessas pessoas começam a planejar antecipadamente e tiram férias há anos. Já foram para o Equador, a Costa Rica, e as Filipinas. É assim que encontram um lugar, disse Betsy.