O Caribe é uma região ampla de aproximadamente 240 mil quilômetros quadrados, formada por 13 ilhas e 17 territórios independentes. Escolher apenas um desses lugares não é tarefa fácil, e circular entre uma ilha e outra envolve, além de carregar as malas e passar pela imigração, a troca de moeda – euro ou dólar – e de língua – espanhol, inglês, francês, neerlandês e papiamento, mistura dos dialetos africanos com os europeus.
Optar por um cruzeiro facilita a circulação pela região: não é preciso pensar em estadia, transporte, nem mesmo alimentação. Na temporada de novembro a abril, o MSC Orchestra navega por pequenas ilhas ao sul do Caribe, cuja população em alguns pontos não chega a 110 mil pessoas, como em Granada, com seus 103.930 habitantes.
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De sua saída em Martinica, pelo menos duas vantagens podem ser destacadas. A primeira, o voo fretado em parceria com a Gol, sem a necessidade de visto. A segunda, dividir o navio com muitos martiniquenses e franceses, já que Martinica é território da França e costuma ser local de férias dos europeus, que fizeram do lugar uma mistura de cores, corpos e tecidos, uma prévia do que nos esperava em terra.
No navio, predomina o francês, seguido pelo inglês dos que não eram fluentes, mas precisam se comunicar. Nem é necessário se puxar no inglês: é bem provável que você seja atendido desde o início por um funcionário brasileiro, para facilitar a comunicação. O MSC Orchestra conta com sete brasileiros – entre eles, Adriana, nossa garçonete. No penúltimo dia, ela tinha a manhã livre e nos acompanhou para conhecer a praia de Saint George. A dica da recifense: táxi por mais de US$ 4 por pessoa, naquela cidade, nem pensar!
Por sair de Martinica, os preços no navio eram todos em euro. Os pacotes contratados antecipadamente são pagos com o dólar congelado a R$ 2,99 e podem ser parcelados em até 10 vezes. É possível escolher uma das excursões oferecidas pela empresa, com preços entre 20 e 200 euros, ou conhecer os pontos por conta própria, cuidando apenas o horário de saída do navio. A embarcação conta com centros de recreação infantil, então dá para passear com calma sem se preocupar com as crianças.
A desvantagem do cruzeiro é que dá vontade de ficar mais tempo nos lugares para conhecê-los melhor. Ou para relaxar na praia mesmo. Uma dica é anotar os resorts para já programar a próxima viagem.
O navio oferece recursos que fazem com que o que menos se pense seja no mar lá fora. Um bufê com comida liberada se encarrega da fome, assim como os outros cinco restaurantes à la carte. Os jantares são distribuídos em dois turnos, se intercalando com o teatro, que oferece uma mistura de dança com musical em peças como Gotham, Grease e um especial Michael Jackson. Os 12 bares e a discoteca são espaço de conversa e dança, bons drinks e de desfilar o look temático – cada dia é uma indicação, desde gala, até tropical e todo branco.
Há, inclusive, a noite brasileira, cantada por uma italiana que disfarçava, entre uma faixa e outra, que sua língua de origem não era a portuguesa. Cabe dizer que foi a noite com a pista mais cheia no bar Savannah. O local, aliás, costuma ser ocupado por casais de idosos praticando, com maestria, as aulas de dança que fizeram para quebrar a rotina de casados. Teve até a intromissão de um brasileiro nativo para cantar o tchu tchá tchá.
Nas manhãs e nas tardes, os que nem pensam em sair do navio, ou estão com tempo sobrando entre os passeios e o jantar, podem aproveitar três piscinas – com água salgada –, quatro jacuzzi, minigolfe, quadra poliesportiva e academia. Dá até para reservar um dia para relaxar no spa ou, então, dedicar-se ao cassino, para depois comprar as lembrancinhas no freeshop e em estandes de joias.
Curiosidades do navio
O Orchestra – embarcação de 92 toneladas da empresa italiana MSC Cruzeiros, com capacidade para cerca de 2.550 passageiros e mais de mil tripulantes – é de responsabilidade do comandante Mario Stiffa, que tem uma carreira de mais de 50 anos nos mares (52, se contarmos os dois anos na Escola da Marinha da Itália).
Em uma coletiva de imprensa a bordo do transatlântico, Stiffa e uma equipe da companhia – assessora e representante comercial –, responderam algumas curiosidades sobre cruzeiros. Uma delas: afinal, existe mesmo uma câmara mortuária dentro do navio? Existe, e são duas – a resposta não veio do capitão, mas a dúvida ficou esclarecida. Também há uma prisão. O navio, em alto-mar, é praticamente uma cidade flutuante, na qual o prefeito é o senhor comandante. Em caso de crime, é ele quem decide a detenção do hóspede ou do tripulante até a chegada ao solo.
A travessia de uma ilha a outra ocorre calmamente, observada sempre por três pessoas que se revezam a cada quatro horas com uma nova equipe, sendo suave o balanço que o passageiro percebe dentro do navio. Só se sente realmente que se está navegando dias depois de chegar em solo firme, quando o corpo ainda parece balançar.
O ROTEIRO
Martinica/Fort-de-France
Para quem vai embarcar no cruzeiro, infelizmente, não sobra muito tempo para conhecer Fort de France, capital da Martinica. A ilha é um território da França. O idioma é o francês, e a moeda, o euro. É uma das quatro ilhas mais ricas do Caribe, com Bahamas, Porto Rico e Guadalupe. É conhecida pelas belíssimas praias, com o clássico azul-turquesa das águas caribenhas.
Guadalupe/Pointe-À-Pitre
Com temperatura entre 25°C e 30°C o ano inteiro, Guadalupe é um território francês formado por duas ilhas maiores unidas por uma ponte, Basse-Terre e Grande-Terre, e outras três pequenas, La Désirade, Les Sainte e Marie-Galante. Da população de 480 mil pessoas, 72% são de origem africana. Noventa por cento dos turistas são franceses da metrópole, e o restante, cruzeiristas.
A MSC oferece duas excursões pela região. Quem escolher conhecer Basse-Terre por terra fará uma visita ao Parque Nacional, o coração da selva tropical com 30 hectares de mata, onde fica a cachoeira Aux Écrevisses. O passeio também vai a um jardim botânico e uma propriedade colonial, com direito a degustação de rum. Outra opção é embarcar em um catamarã para explorar o litoral sudeste de Grande-Terre.
Vale a pena, também, conhecer uma das praias. No porto, os taxistas já sugerem duas opções: as de areia negra, como Malendure, paraíso do mergulho, e as de areia branca, como Saint Anne, ideal para relaxar à beira-mar.
Saint Lucia/Castries
Para Castries, uma opção de excursão é o catamarã até Pitons, dois vulcões que se elevam quase 800 metros acima do solo. Passando pela costa da ilha, além da vista montanhosa, é possível ver as mansões de famosos, como a de Mick Jagger e a da apresentadora Oprah Winfrey, e os resorts luxuosos. O barco para em uma das praias para um mergulho na beira e, se sobrar tempo – e for pedido com jeitinho –, também em alto-mar. Se você escolher bem seus guias – como o caso do nosso passeio –, comida, bebida e muita música são oferecidos durante o roteiro, com direito à dança da Macarena com toda a equipe.
Barbados/Bridgetown
Saindo do navio em Bridgetown, os turistas são abordados por uma turma de taxistas. Não caia nessa: se você pensa em conhecer as melhores praias de Barbados, elas estão a pouco tempo do porto.
Dá para chegar até lá caminhando pelo centro da cidade e observar a arquitetura colonial inglesa – vale parar no Mercado Público e no Parlamento. Uma das praias mais conhecidas é Carlisle Bay, onde são oferecidos mergulhos de snorkel para nadar com as tartarugas.
Trinidad e Tobago/Port of Spain
Trinidad e Tobago são ilhas com duas horas e meia de distância de balsa. Apesar do nome de sua capital, Port of Spain, Trinidad é de língua inglesa e tem o dólar como moeda. Conta com uma população de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas.
A praia de Maracas é a mais famosa. Chegando lá, vale provar a especialidade de Port of Spain: bake and shark, carne de tubarão a dorê em uma espécie de pão frito. No caminho, é possível observar a arquitetura da cidade, de origem europeia, que inclui um castelo gótico, um palácio renascentista, uma escola eduardiana e casas ao estilo do conto João e Maria. Uma curiosidade são as corridas de cabras e caranguejos.
Assim como outras ilhotas do sul do Caribe, Trinidad e Tobago têm só duas estações: a seca, de janeiro a maio, e a chuvosa, de junho a dezembro, com temperatura média de 32°C e 21°C. A diferença é que a região está fora da rota dos ciclones.
Granada/Saint George
Em Granada – conhecida como a "ilha das especiarias" –, é possível encontrar, na área turística, barracas que vendem (em dólar) temperos como noz-moscada, canela, gengibre, baunilha e cravo. A parada em sua capital, Saint George, é o momento para mergulhar nas águas transparentes da praia Grande Anse, de onde é possível ir caminhar até a calma Mourne Rouge – ou BBC Beach, por causa da torre da emissora inglesa instalada no local –, para relaxar nas sombras das árvores e experimentar um apimentado prato de pastel de mariscos.
Dominica/Roseau
Por toda parte é possível perceber o colorido dos cabelos e das roupas do povo caribenho – mas, em Roseau, essas características fazem parte do pacote de turismo local. Na saída do porto, além dos motoristas de táxi oferecendo passeios para os mais diversos pontos da cidade, moças com cartazes com imagens de cabelos trançados convidam os turistas – mulheres e homens – para tentar um visual mais típico.
A ida até Emerald Pool para um banho de cachoeira é indispensável, além da visita às cachoeiras Mama e Papa, em Trafalgar, onde a poucos metros se encontra o Papillote Wildernerness Retreat, bar que serve ponche de rum e suco de frutas locais.
O tour para esses dois pontos inclui a passada no Jardim Botânico e no mirante Morne Bruce, lugar no qual dá para, além de contemplar a vista da cidade inteira, conferir produtos artesanais da região. Quem quer mergulhar pode ir à praia de Champagne, que tem esse nome devido à água borbulhante que sai das aberturas vulcânicas submarinas.
Programe-se desde já
A próxima temporada deste cruzeiro deve ser realizada entre dezembro de 2016 e março de 2017, no MSC Poesia. Os pacotes incluem o roteiro marítimo, trechos aéreos e transfer entre o aeroporto e o porto na ida e na volta, todas as refeições no bufê e nos restaurantes e entretenimento.
Os preços partem de R$ 1.805,96 (cabine interna), R$ 2.523,56 (com vista para o mar) e R$ 3.241,16 (com varanda). Mais informações: www.msccruzeiros.com.br.
*A repórter viajou a convite da MSC Cruzeiros