- Cuidado, meninas, para não engravidar do boto! - brincou Piro antes que mergulhássemos no Rio Negro para nadar com os animais.
Na lenda amazônica do boto cor-de-rosa, o bicho sai do rio nas noites de lua cheia e se transforma em um lindo homem, vestido com roupa branca, que seduz e engravida as jovens. No Rio Negro, o que os botos queriam conosco eram os peixes que o guia levava para atraí-los. Mansos, eles chegavam a nadar do nosso lado até quando os petiscos acabavam, por pura diversão.
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Nos passeios de lancha entre os igapós - vegetação que consegue sobreviver em áreas inundadas, como pontos verdes que parecem nascer da água -, o contato com os animais é muito comum. As árvores têm mais de 20 metros, cerca de quatro deles acima do nível do rio. Sobre elas, é possível avistar aves como gaviões, araras e tucanos, além de bichos-preguiça e macacos.
Bastava encostar a lancha em árvores onde estavam grupos de macacos-de-cheiro para que os pequenos pulassem na embarcação em busca de frutas levadas pelos guias. Ágeis, iam de ombro em ombro, e ali mesmo comiam os pedaços de banana ou maçã.
- É uma aproximação emocionante com a natureza, superou minha expectativa - relatou o português João Gonçalves, 69 anos.
Outro passeio incluso no cruzeiro é a observação noturna de jacarés. Os olhos dos animais refletem nas luzes das lanchas, e os filhotes são facilmente capturados pelos guias, que os mostram aos turistas e os devolvem à água.
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