Uma notável obra de engenharia, única em todo o mundo, construída em duas etapas, ligando o oceano Atlântico ao Pacífico, o Canal do Panamá completa cem anos de inauguração. Começou a operar no dia 15 de agosto de 1914, depois de 33 anos de construção, em duas etapas.
O primeiro e mais ousado projeto teve a arrojada intervenção do empresário francês Ferdinand Lesseps, a partir de 1881. Ele estava credenciado por outra obra semelhante, depois de ter construído e inaugurado o Canal de Suez, aberto em 1869, ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho e facilitando a comunicação marítima entre a Europa e a Ásia.
O Canal de Suez tem todo o percurso ao nível do mar e, portanto, sem eclusas. Lesseps planejava também construir o Canal do Panamá no nível do mar. Iniciou as obras em 1888, mas oito anos depois, atingida por uma grave crise financeira e pela morte de 22 mil trabalhadores pela malária e febre amarela, a empresa faliu.
A partir daí, os EUA passaram a negociar outro projeto com a Colômbia, proprietária da área. Incentivaram movimentos revolucionários de independência da região, dando origem ao novo país.
O projeto original foi totalmente modificado, com a edificação de uma barragem Chagres, que passaria a ter duas finalidades: o surgimento do maior lago artificial do mundo e uma usina hidrelétrica para operar as máquinas do conjunto de eclusas. Um acordo feito em 1903, que culminou com a independência do Panamá, permitiu a retomada do canal.
O governo americano assumiu o controle e a exploração do canal por cem anos. Um novo acordo, firmado em 1977, assegurou a devolução do canal ao governo panamenho a partir de 1999, o que promoveu uma grande transformação na Cidade do Panamá.
::: Novidades a caminho
Atualmente, o governo do Panamá executa um ambicioso projeto de novas eclusas, mais largas (55 metros de largura) e com maior profundidade (18 metros), para permitir a passagem dos navios Pós-Panamax, com 366 metros de comprimento, 49 de largura e 15 de calado.
As gigantescas comportas que serão usadas nas novas eclusas estão expostas na entrada do canal pelo oceano Atlântico, em Colón. Atualmente há intensa movimentação de máquinas e caminhões nos dois lados do canal: à esquerda da entrada pelo Pacífico e pelo Atlântico. Em Colón, impressionam as dimensões das novas eclusas em construção.
Um belíssimo mirante permite aos visitantes uma exata dimensão da magnífica obra de engenharia. Além de exibição de documentários sobre a história da construção do canal há mais de cem anos, o moderno mirante exibe fotos sobre o atual e o novo canal e oferece um visual magnífico das atuais eclusas, dos navios à espera para a travessia e, sobretudo, da colossal edificação e obra de engenharia.
Além dos 10 mil empregados que operam e mantêm o canal atual, as duas frentes de trabalho estão mobilizando mais 30 mil trabalhadores. O canal funciona com três conjuntos de eclusas: a Gatun, na entrada pelo Pacífico, que conduz ao Lago Gatun, a 26 metros acima do nível do mar; Pedro Miguel e Miraflores, na saída ou entrada pelo Atlântico.
Duas inovações se destacaram na construção do grande canal: o grandioso lago, cuja idealização numa época em que não havia levantamento aerofotogramétrico exigiu estudos profundos de topografia de toda a região; e o corte Culebra, a área mais estreita do canal, com 12,7 quilômetros de extensão, onde houve a maior escavação. O material extraído daria para edificar até 63 pirâmides do Egito.
O Canal do Panamá encurta em 15 mil quilômetros a ligação entre os dois oceanos, evitando a passagem pelo Cabo Horn e pelo Estreito de Magalhães, no extremo sul da América do Sul.
História
Canal do Panamá completa cem anos de operação na América Central
Ligação entre oceanos Atlântico e Pacífico é encurtada em 15 mil quilômetros pelo canal
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