<P>Falta pouco para a costa brasileira ser tomada pelos transatlânticos. Está começando a temporada de cruzeiros no país, que, até o próximo mês de abril, contará com 11 navios para atender a um público brasileiro cada vez mais ávido pelos luxuosos passeios em alto-mar. </P>
<P>De acordo com a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), a procura por este tipo de serviço no Brasil registrou crescimento de 600% na última década. A expectativa da entidade é de que pelo menos 648 mil turistas desfrutem das 230 opções de roteiro que estarão disponíveis no país neste verão.</P>
<P>Ainda assim, o número de passageiros deve ser 15% menor do que no ano passado, quando 762 mil pessoas embarcaram em 15 transatlânticos na costa brasileira, quatro a mais do que na temporada que se inicia agora. Para o presidente da Abremar, Ricardo Amaral, a queda na quantidade de navios tem origem nas deficiências encontradas nos portos nacionais.</P>
<P>- Neste ano, o setor de cruzeiros marítimos ainda enfrentará alguns desafios conhecidos, como os altos custos e a infraestrutura portuária precária, o que leva à queda de movimento - afirma ele.</P>
<P>Entre os destinos mais procurados nas agências de turismo de Porto Alegre, estão pontos do litoral nordestino como Salvador, Maceió, Fortaleza e Porto de Galinhas. Já no resto do país, a busca também é grande por cruzeiros com paradas no Uruguai e na Argentina. </P>
<P>Os preços também variam bastante. Enquanto a reserva de uma cabine interna em um minicruzeiro pode sair por cerca de R$ 980 por pessoa, com taxas inclusas, há pacotes que chegam a custar mais de R$ 7 mil - a depender da cotação do dólar no dia da venda. No caso dos tradicionais cruzeiros de sete noites, os valores mais acessíveis giram em torno de R$ 3 mil. A maioria das empresas consultadas oferece opções de pagamento em até 10 vezes sem juros, além de descontos de até 25% para quem opta pela compra à vista e promoções.</P>
<P>Porém, de acordo com Jussara Yañez Leite, diretora da agência Personal Operadora, entre os pacotes mais vendidos estão aqueles oferecidos para empresas:</P>
<P>- Há uma tendência no mercado de cruzeiros do que a gente chama de turismo de eventos. São empresas que utilizam cruzeiros para realizar convenções, festas de final de ano e premiações para funcionários e clientes, por um custo-benefício excelente. Algumas chegam até a fretar embarcações inteiras. Só o Preziosa, o navio mais novo da MSC que vem agora para o Brasil, terá 5 viagens fretadas, uma delas com o Roberto Carlos a bordo.</P>
<P>Segundo Iara Mendonça, diretora da Tia Iara Turismo, há também uma substantiva procura de gaúchos por cruzeiros só de ida para a Europa em março a abril, quanto a temporada está chegando ao fim e os navios estão retornando para o verão no Velho Continente. A volta ao Brasil é feita de avião.</P>
<P><STRONG>Confira os transatlânticos que farão parte da temporada de cruzeiros no Brasil</STRONG></P>
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<P><STRONG>Viagens temáticas</STRONG></P>
<P>Os chamados cruzeiros temáticos também estarão presentes na costa brasileira neste verão. Destinados especialmente para solteiros, casais jovens e idosos, eles ocorrem geralmente em fevereiro. Um deles é o Qualidade de Vida, da MSC, que conta com 7 dias repletos de atividades voltadas à saúde e ao bem-estar, como sessões de massagem e aulas de yoga, alongamento e meditação. Já a Royal Caribbean conta com o roteiro especial Royal Dance no navio Splendour of the Seas, onde os passageiros passam uma semana tendo aulas de dança dos mais diversos ritmos e estilos com a equipe do coreógrafo Fernando Campani. Tudo para tornar a experiência em alto-mar mais prazerosa e personalizada.</P>
<P><STRONG>País tem potencial não aproveitado</STRONG></P>
<P>Apesar dos problemas, os números mostram que o negócio dos cruzeiros é promissor no Brasil. Na maior temporada da história, em 2010/2011, quando 20 transatlânticos atracaram na costa brasileira, estima-se que o setor injetou cerca de R$ 1,4 bilhão na economia nacional. </P>
<P>Para a Abremar, isso se deve especialmente a uma maior procura pelos passeios por parte da classe C, com a popularização dos minicruzeiros. Diferentemente das viagens tradicionais, que duram sete noites, esses pacotes oferecem opções de duas a cinco noites a bordo, com preços e condições de pagamentos mais acessíveis. Quase a metade de todos os roteiros previstos no Brasil é de minicruzeiros.</P>
<P>O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV-RS), Danilo Kehl Martins, faz coro às reclamações da Abremar quanto à situação portuária brasileira. Segundo ele, se portos como o de Rio Grande e o de Itajaí apresentassem uma estrutura apropriada para realizar o embarque e o desembarque de passageiros, e não somente de carga, o mercado de cruzeiros marítimos poderia movimentar ainda mais dinheiro no Rio Grande do Sul.</P>
<P>- Os gaúchos gostam bastante de cruzeiro, mesmo tendo o custo adicional do deslocamento até São Paulo e Rio de Janeiro, de onde sai a maior parte dos navios - afirma.</P>
<P>Ainda de acordo com Martins, uma melhoria na infraestrutura portuária brasileira tornaria o negócio dos cruzeiros possível no país durante o ano inteiro, e não somente durante o verão.</P>
<P>O Ministério do Turismo alega que já está tomando providências para atender às reivindicações do setor.</P>
<P>- Encaminhamos ofícios a diversos órgãos como a Marinha do Brasil, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários, o Ministério do Trabalho e o Ministério da Fazenda, que são os órgãos responsáveis pelos custos de taxas portuárias, impostos e relações de trabalho dos tripulantes das embarcações, para ver o que é possível ser feito - declara o secretário nacional de Políticas de Turismo, Vinicius Lummertz.</P>
Em alto-mar
Temporada de cruzeiros começa menor
Serão 11 transatlânticos percorrendo a costa brasileira até abril, quatro a menos do que no ano passado
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