Cosmopolita, Berlim é um convite permanente aos amantes de novas tendências e de cultura. Capítulo da história da Europa a céu aberto, a cidade ainda está em plena metamorfose. Desde a queda do Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria, a capital alemã vive em constante reconstrução.
Ainda assim, por toda parte é possível encontrar lembranças de quando Berlim era dividida. "Ich bin ein Berliner", a célebre frase de John F. Kennedy, retratava o sonho de ser livre.
Hoje, liberdade é um estilo de vida para os berlinenses. Visitar a cidade é mergulhar nesse estado de espírito. Nesta época do ano (dezembro), há um motivo a mais para quem visita Berlim: a magia dos "Weihnachtsmarkt" (mercados de Natal). Com uma programação especial, nada menos que 50 mercados de Natal estão espalhados pela cidade. E, na comemoração do Ano Novo, concertos e shows de fogos de artifício no Portão de Brandenburgo, o cartão-postal de Berlim.
Durante quase 30 anos, as portas de Brandenburgo ficaram bloqueadas para o tráfego de pedestres e automóveis. Esse monumento neoclássico passou a ficar em Ost Berlin, o lado oriental da cidade ocupada pelos soviéticos, depois da construção do Muro de Berlim.
Até a reunificação do país, em 1990, o espaço que o rodeava era território neutro, uma área conhecida como "terra de ninguém". Atualmente, é possível ver no chão da rua a marca deixada pelo Muro de Berlim e visitar a Sala do Silêncio, administrada pelas Nações Unidas, para que os visitantes reflitam sobre a paz.
O que restou do "Die Mauer", nome do muro em alemão, pode ser visto em três pontos da cidade. Um deles é a East Side Gallery, a galeria de pintura mais longa do mundo. São 1,3 mil metros de ilustrações feitas por 106 artistas em 1990.
Perto da Potsdamer Platz também é possível ver alguns pedaços do muro grafitado. Um memorial e o Centro de Documentação do Muro retratam a vida cinzenta do ex-lado socialista de Berlim. Lá, os 300 metros do Muro estão intactos.
Assim como fênix, que renasceu das cinzas, Berlim, que teve 50% dos prédios destruídos na II Guerra Mundial, foi refeita, preservando os elementos originais. Conseguiu se transformar numa cidade descolada, com excelentes museus, monumentos restaurados e vida noturna agitada.
O contraste dos estilos arquitetônicos é um dos pontos altos da capital alemã. Há 50 anos, grandes nomes da arquitetura modernista da época, como Le Corbusier, Oscar Niemeyer, Alvar Aalto, Walter Gropius e Arne Jacobsen assinaram projetos em Berlim Ocidental.
A vanguarda do período pós-Muro de Berlim também deixou sua marca: Norman Foster, Rem Koolhaas, Renzo Piano, Frank Gehry, Jean Nouvel e Richard Rogers. A tendência continua, sem retocar as cicatrizes da cidade. O rosto virado para o futuro faz de Berlim um lugar único e imperdível.
Perfil da leitora
Maria Helena Dias Rocha é de São Luiz Gonzaga