Conhecido como Gigantinho pelos moradores de Tramandaí, o Centro de Cultura e Lazer Tenente Marino Dias de Oliveira segue em estado precário, mesmo após obras recentes. Prevista para o ano passado, a reforma do ginásio localizado na Avenida da Igreja foi concluída, mas o plano de prevenção e proteção contra incêndio (PPCI) nunca foi elaborado, o que impediu o uso do espaço.
A prefeitura decidiu assumir as obras por conta própria em agosto de 2022, após uma tentativa de parceria público-privada que não teve êxito. O local está fechado desde a pandemia de covid-19 e foi interditado pelo Corpo de Bombeiros em 2020 por problemas estruturais. Agora, passará por novas reformas, além de uma análise para decidir sobre a elaboração do PPCI. Essa criação do plano de prevenção deve acontecer nos primeiros meses de 2024, embora não haja uma data precisa.
A estrutura inaugurada em 1980 já recebeu importantes eventos, jogos e shows, com passagens de músicos como Roberto Carlos e Jorge Ben Jor pelo local. Atualmente, telhado e janelas estão quebrados, há mofo, pichações, goteiras, entre outros problemas de infraestrutura. A área externa tem servido de abrigo para moradores de rua.
O espaço também cheira a urina. Já na parte interna, é possível ver acúmulos de lâmpadas, macas e outros objetos nas salas. Logo ao lado do ginásio, opera uma escola de Ensino Fundamental, além do camelódromo da cidade.
Abandono
No camelódromo, o sentimento é de abandono em relação ao espaço, do qual os trabalhadores utilizam o banheiro.
— Está caindo aos pedaços, uma coisa que era para estar em funcionamento. Eu nasci, me criei aqui, é um pecado ver assim um ginásio que teve até jogo da seleção brasileira de futebol de salão, vários torneios, eventos, encontros de idosos e de música do Mercosul. Capão da Canoa virou a capital das praias agora. Tanta coisa que podia trazer para nós aqui mesmo, tendo isso aqui geraria mais fluxo para o camelódromo — desabafa Diego Santos, 41 anos, vendedor.
As queixas são gerais entre os vendedores. Eles também recordam de quando frequentavam eventos no ginásio e ressaltam que o espaço faz falta, por ser amplo — a capacidade é de aproximadamente 15 mil pessoas — e atrair público.
— O ginásio está em uma situação muito crítica. No inverno, quando tem vento, as telhas começam a voar, é muito perigoso, inclusive de cair nas outras pessoas ou nos carros estacionados na volta. Bem preocupante — relata Ariane Hoffmann, 22, vendedora.
— Está deplorável, abandonado. Atrapalha um pouco, tem muito morador de rua aqui na volta, briga, eles bebem bastante — destaca o vendedor Alex Sandro Rocha, 32, vendedor de Porto Alegre que mora há mais de 15 anos na cidade.
Pelo fato de o ginásio estar localizado no centro de uma cidade que recebe veranistas – e em frente à prefeitura –, os trabalhadores esperavam uma estrutura mais “apresentável”. Eles afirmam que não sabem qual será o destino do prédio, mas estão na expectativa.
Nova reforma
Depois da finalização da reforma em 2023, que custou R$ 299.041,50 e inclui reparos estruturais (concreto), de pintura, reposição de calhas, troca de vidros e de telhado, o processo de elaboração do PPCI não foi adiante. As dificuldades financeiras inviabilizaram o processo, de acordo com Anderson André, secretário de Turismo e Desporto.
Além disso, em julho do ano passado, a estrutura foi novamente danificada por um ciclone, sendo necessária uma nova contratação para obras. Os trabalhos devem iniciar na segunda-feira (8). Fazem parte desta etapa o conserto do telhado, a reposição dos vidros quebrados, a lavagem e higienização interna e a manutenção das terças metálicas avariadas. A previsão de conclusão é de 30 dias, desde que haja condições climáticas favoráveis.
— Entre os motivos do atraso estão os fatos de o tempo não ajudar, pois é trabalho em altura, assim como as peças de reposição, que são fabricadas especialmente para o ginásio, pois não existem mais no mercado — afirma.
Entre os motivos do atraso estão os fatos de o tempo não ajudar, pois é trabalho em altura, assim como as peças de reposição, que são fabricadas especialmente para o ginásio, pois não existem mais no mercado.
ANDERSON ANDRÉ
secretário de Turismo e Desporto de Tramandaí
Logo após a entrega, será analisada a elaboração do PPCI. Uma reunião entre o município e o Corpo de Bombeiros está prevista. Serão avaliadas as condições internas do espaço e quais equipamentos serão necessários para a desinterdição.
— Depois desse levantamento junto com os órgãos de segurança e a partir desse apontamento, teremos uma real ideia dos custos da elaboração do PPCI, e se estudará qual caminho o município deverá tomar, pois qualquer manutenção em tal estrutura tem um custo elevado — ressalta André, destacando que a estrutura do prédio é muito antiga e está desatualizada.
Desta maneira, em até 30 dias após a vistoria dos bombeiros, a prefeitura se manifestará sobre a decisão de iniciar um processo licitatório de PPCI ou procurar novamente uma parceria público-privada.