Uma infestação de insetos sobrevoou a faixa de areia da praia de Torres, no litoral norte do Estado, no domingo (5). As nuvens formadas pelos voadores fizeram com que veranistas saíssem da beira-mar às pressas.
Uma imagem feita pelo guarda-vidas Matheus Menezes flagrou o momento em que centenas dos pequenos insetos pousaram em um cooler que estava na areia, em Torres. Menezes atuava na guarita 18, e conta que a infestação começou por volta das 16h30min e durou cerca de uma hora.
— Depois, o vento mudou e não vimos mais os insetos. Teve uma hora que olhei para um lado da guarita e tinha cinco pessoas se coçando. No outro, quatro. Como eu estava ali em cima, não senti muito. Quem estava dentro da água não sentiu, mas o pessoal da areia saiu dali, todos. O pessoal ficou assustado. Alguns moradores comentaram que nunca tinham visto nada assim — relata Menezes.
Conforme os bombeiros, muitos veranistas relataram coceira e buscaram os chuveiros, no calçadão, para amenizar a irritação na pele.
Segundo informações de pessoas que estavam na praia, os insetos surgiram na faixa de areia, entre a metade da praia e a região das dunas, perto do calçadão.
De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde de Torres, Lasier França, que também é biólogo, equipes da prefeitura coletaram amostra do inseto e também imagens para verificar de que espécie se trata. O material foi enviado ao Centro de Informação Toxicológica (CIT), do governo do Estado.
O CIT informou na tarde desta segunda-feira (6) que os insetos não são de interesse toxicológico, ou seja, não apresentam risco à saúde dos veranistas. Mas não apontou a espécie. Na terça-feira (7) o material será encaminhado para o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado (Lacen). A prefeitura de Torres não informou quando devem ficar prontos os resultados dos testes Lacen para identificação da causa da infestação.
— Nós queremos esclarecer se é de fato um inseto e de qual tipo. É muito prematuro neste momento fazer afirmações sobre qual é e sobre o que causou essa infestação. O que nos chama atenção é que isso ocorreu em uma extensão muito grande, vi relatos de que ocorreu em Passo de Torres, em Santa Catarina, e também outras praias. Algumas pessoas afirmam que viram os insetos também em bairros, na região mais urbana.
Uma das suspeitas é de que se trate de algum inseto que vive em área rural, perto de plantações, e tenha procurado um ambiente mais úmido, na praia, em razão do calor registrado nas últimas semanas no litoral.
— É um bicho minúsculo. E quando pegamos na mão ele meio que esfarela — comenta o biólogo.
Mesmo antes do teste do CIT oferecer resultados, o diretor já descartava que se tratasse de pulga, como afirmam alguns veranistas em redes sociais.
— Não conseguiria se reproduzir neste ambiente, ainda mais nesse volume. É algo que está totalmente descartado.
Atuando na Vigilância em Saúde, órgão da Secretaria da Saúde de Torres, desde 2011 e natural do município, França afirma que o fenômeno intriga as equipes:
— Espanta por ter ocorrido em uma quilometragem muito grande, dos Molhes até a Praia Paraíso, segundo relatos. Se fosse em um ponto só, podia ter sido causado por uma lata de lixo, um bicho morto, seria mais pontual. Algo desse volume é novidade. Eu nunca vi na vida. Deve ter ocorrido algum desequilibro, mas ainda precisamos confirmar o que ocorreu.
Conforme o diretor, como ainda não se sabe qual voador causou a infestação, não é possível afirmar se o contato deles com veranistas causa alguma complicação além da coceira momentânea. Em caso de sintomas incomuns, o recomendado é procurar atendimento médico.
A reportagem procurou as prefeituras de Imbé, Capão da Canoa e Tramandaí, que afirmam não terem registro de infestação no domingo.