Comerciantes e empresários do setor de hospedagem no Litoral estão colocando as esperanças no período de Carnaval para elevar o faturamento do veraneio. Desde o último final de semana, a procura por hotéis começou a se intensificar e há lojistas esperando um público semelhante ao do Réveillon.
A elevação rápida de casos confirmados de covid-19 no meio de janeiro influenciou os negócios, ainda que neste ano as regras para prevenção da doença estejam menos rígidas se comparadas ao ano passado.
Em Capão da Canoa, GZH verificou que já há hospedagens que atingiram a lotação máxima para o Carnaval, como o Hotel Bassani e o Capão da Canoa Mar Hotel. Neste último, o chefe das reservas, Altair da Silva, diz que a capacidade máxima já havia sido atingida quase um mês antes da data.
Segundo a presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte, Ivone Ferraz, a rede hoteleira está com metade das vagas ocupada para o Carnaval. No entanto, a expectativa é chegar na lotação máxima até o final de semana. Em 2021, a ocupação ficou em torno de 90% no período.
— Neste ano, acreditamos que vá chegar a 100%. Está sendo um pouco moroso, mudou muito o processo de reserva, as pessoas estão reservando de última hora, em função de “hoje eu estou bem, amanhã não sei como estarei” — explica.
Com relação aos restaurantes, a presidente do sindicato avalia que o público é maior aos finais de semana, mas a procura não está atendendo a expectativa, principalmente nos dias úteis. Ivone observa uma mudança de comportamento também causada pela dificuldade financeira. As reuniões de amigos e familiares e a frequência de comer fora foram substituídas por lanches e refeições mais em conta.
Em relação ao faturamento do setor representado pelo sindicato, Ivone calcula que já houve aumento de 10% a 15% se comparado ao ano passado, mas ressalta que a alta transmissão provocada pela variante Ômicron derrubou as vendas após o dia 10 de janeiro.
Prestes a complementar 30 anos em Tramandaí, a tradicional lancheria O X-Porrada não teve o movimento esperado após a virada de ano. A gerente Alessandra Santos conta que, apesar de a situação estar melhor que em 2021, o movimento só fica maior nos finais de semana.
— Esperamos que o Carnaval seja como o Ano-Novo. Estamos preparados para isso — torce.
No setor de aluguéis, o aumento de casos de covid-19 também afetou as reservas, de acordo com Noêmia Reckzigel, proprietária da Central de Aluguéis de Capão da Canoa.
— Neste ano, a gente esperava uma movimentação intensa, mas ela só aconteceu até 10 de janeiro. Depois dessa data, aconteceu a chegada da nova onda da pandemia e muitas pessoas deixaram de vir ao Litoral. Para o Carnaval, a gente tem uma demanda muito grande, provavelmente a praia vai lotar — projeta.
Conforme Noêmia, a busca atual está pelos pacotes de cinco dias, em razão de as aulas já terem começado e de que existe um público com receio de se contaminar. O perfil do cliente mudou em relação a outros verões. Segundo ela, não há mais demanda para ficar o mês inteiro no Litoral. O interesse hoje é por diárias de cinco a 15 dias, no máximo. Mesmo assim, o desempenho foi melhor em relação ao ano passado no setor imobiliário.
— A virada do ano foi bem melhor do que no ano passado. A gente acredita que o crescimento foi em torno de 30%.
Comércio melhora o desempenho
No comércio, há uma perspectiva de crescimento, mas com desempenhos variados de acordo com a realidade de cada município. Para o presidente do Sindilojas de Torres e Região, Nasser Samhan, fevereiro está sendo um mês difícil, mas a previsão é elevar as vendas em 7% em relação ao Carnaval de 2020, que antecedeu as restrições provocadas pelo coronavírus.
Em um verão sem pandemia, a expectativa seria mais que o dobro. Além do Carnaval, a entidade está apostando no mês de março que tem a presença de veranistas que tiram férias e querem mais tranquilidade. Segundo Nasser, a queda de estrangeiros também diminuiu as compras, principalmente durante a semana.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e Prestadora de Serviço de Capão da Canoa e Xangri-Lá, Augusto Cesar Roesler Smaniotto, traz uma visão mais otimista e diz que os 400 associados tiveram crescimento de no mínimo 10% em relação ao período anterior à pandemia.
Um caso particular, segundo ele, é o da construção civil, que tem registros de até 85%, incentivados pela demanda de materiais de construção para reformas nas casas. Ele acredita que isso se deve ao fato de que mais pessoas decidiram buscar conforto nos imóveis de praia para fugir das cidades maiores no pior momento da pandemia.
— A população de Capão dobrou. Foram 10 anos em dois — estima Smaniotto.
Para o Carnaval, o presidente da associação estima um crescimento de 15% a 20% no consumo, com destaque para a gastronomia. A vice-presidente da entidade, Ligia Rejane Neumann Maria da Silva, atua como distribuidora de sorvetes no Litoral Norte e está esperando vender 20% a mais em relação à data no ano passado.
Em Tramandaí, Ivan Rodrigo da Silva Schumann, que é fiscal da loja de variedades América 10, avalia as vendas do veraneio de forma positiva.
— O movimento está maior do que na nossa inauguração, no final de 2019 — estima o funcionário da loja, que vende todos os produtos a R$ 12 cada.