Quem estava perto da guarita de número 146, em Tramandaí, na manhã desta terça-feira (28), parou o que estava fazendo pra observar 36 homens e mulheres guarda-vidas percorreram a praia em uma competição que comemora o Dia Nacional do Guarda-Vidas, celebrado em 28 de dezembro.
Aplausos e gritos de incentivo embalaram a tradicional competição do Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS), realizada anualmente durante a Operação Verão. O percurso abrange três guaritas: competidores percorrem ao todo 1,8 mil metros de corrida na praia e três quilômetros de nado no mar. Trata-se de um evento para demonstração das habilidades e da garra dos profissionais que zelam pela vida dos banhistas do Litoral Norte.
— A competição visa dar visibilidade ao serviço do guarda-vidas e também manter o nosso pessoal treinado, motivado a se manter em forma e em condições de praticar qualquer tipo de salvamento — diz o comandante geral do Corpo de Bombeiros, Luiz Carlos Neves Soares Jr.
A competição é realizada desde 2009 e, segundo explica o comandante, é natural que algumas rivalidades se criem, já que todos querem ter um bom desempenho. Mas ele garante que não há favoritos. A competição é dividida em três categorias: duas masculinas, uma para guarda-vidas civis temporários e outra para militares, e a terceira para as profissionais femininas, reunindo militares e civis. Cada categoria tem 12 participantes, um de cada balneário do Litoral Norte. A largada é uma só e vence quem for o primeiro de seu grupo alcançar a linha de chegada.
Na edição desse ano, o vencedor geral da prova e da categoria masculino/militar foi Cristiano Gluck Resler, que atua em Quintão neste verão. Ele ingressou na Brigada Militar em 2009 e é bombeiro militar em Porto Alegre desde 2015, atuando como mergulhador. Ele também trabalha há 15 anos no verão do Litoral Norte e já ganhou a competição em outras ocasiões.
— Eu de verdade não esperava ganhar porque essa gurizada é muito forte, tem atletas de ponta, triatletas, se dedicam bastante. Essa prova tem uma exigência física enorme, desafia a parte cardiorrespiratória e a resistência. Ela abrange todas as valências físicas executadas na hora de um salvamento — afirma Cristiano.
Segundo o mergulhador, o conhecimento do mar e "um pouco de sorte" o colocaram no topo do pódio. Para além da vitória, ele comemora a oportunidade de passar um dia na companhia dos colegas.
— Isso aqui é a melhor coisa do mundo, é uma integração, e uma oportunidade de estar entre amigos e colegas. Eu fui instrutor de alguns desses participantes, é um prazer e um orgulho estar com eles.
Quem representou melhor os guarda-vidas civis temporários — que vestem uniforme amarelo, e não vermelho —, foi Evandro Lopes Bueno, natural de Itanhaém, São Paulo, em atuação pela segunda temporada no RS. Em janeiro, o plano é prestar concurso da Brigada Militar do RS.
— É uma prova de altíssimo nível e tem bastante detalhe. Não é só nadar, tem que explorar o conhecimento do mar, pegar boas correntes pra entrar na água, aproveitar as ondas pra sair e correr bem — afirma Evandro.
O destaque feminino foi a estreante na competição Naiany Canabarro Cielo, de Porto Alegre. Ela vem de uma trajetória longa de dedicação ao cuidado com os banhistas: atuou como guarda-vidas civil de 2015 a 2019. Desde 2020 é bombeiro militar e, neste veraneio, é responsável por um trecho da praia de Capão de Canoa.
— Eu não tinha certeza, mas tinha muita expectativa de vencer. Fiquei muito feliz com o resultado, é uma prova cansativa. A corrida é mais difícil do que a natação pra mim, que nado desde pequena. Foi preciso bastante treino específico pro mar, porque nadar aqui é muito diferente do que na piscina — afirma Naiany