O Centro de Recuperação de Animais Silvestres e Marinhos (Ceram), órgão que integra o Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), fechou o ano de 2020 com o resgate 717 animais silvestres no litoral norte gaúcho. Conforme o levantamento, este foi o segundo período com um alto número de salvamentos, ficando atrás apenas de 2019 quando foram 777 resgates. Em anos anteriores, os registros não passaram de 500 animais.
De acordo com o Ceram, o motivo para o aumento das ocorrências, principalmente no ano passado, é um reflexo da pandemia. Embora o centro seja reconhecido pela recuperação de animais marinhos, mais da metade dos resgates realizados nos últimos anos envolvem espécies terrestres.
O médico veterinário do Ceclimar, Derek Blaese de Amorim, que atua no centro de recuperação, afirma que o gambá, o quero-quero e a caturrita são os animais que mais são recebidos no centro. De acordo com médico veterinário, os salvamentos acabam ocorrendo em função do “conflito” direto das espécies com os seres humanos.
— Estes animais são nativos do litoral e costumam se reproduzir e buscar alimento em locais onde há circulação de pessoas. Com a pandemia, as pessoas vieram mais cedo para a praia. Acreditamos que o crescimento dos resgates no ano passado tenha relação com essa mudança de comportamento — analisa Amorim.
Conforme o Ceram, o período entre a primavera e o verão é o que registra maior demanda por resgates. O médico veterinário alerta ainda que as pessoas não devem tentar recolher os animais por conta própria. A orientação é buscar os órgãos competentes, como a prefeitura do município, a Patrulha Ambiental (Patram) ou mesmo o Corpo de Bombeiros.
Resgates na beira da praia
Se o salvamento de animais silvestres tende a ocorrer com maior frequência entre a primavera e o verão, durante o inverno o Ceram recebe mais animais marinhos. Pinguins, lobos-marinhos e tartarugas são os mais frequentes na beira das praias no litoral norte.
Derek Blaese de Amorim alerta que a orientação caso um destes animais seja avistado é procurar as autoridades ambientais. Quando o animal chega ao centro, se faz uma avaliação da possibilidade de devolvê-lo à água após a recuperação.
— Ao longo do período de tratamento vamos avaliando se o animal poderá voltar para o seu habitat natural. Só podemos soltar um animal que vai conseguir se defender na natureza. Não é possível liberar aquele que tiver algum problema que o impeça de sobreviver — explicou o veterinário do Ceclimar.