Após permanecer interditada por 28 anos, a Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, que liga o continente à ilha de Santa Catarina, voltou a funcionar na manhã desta segunda-feira (30). Fechada desde 1991 após o rompimento de uma barra de ferro de sustentação, a "Ponte Velha", um dos principais cartões-postais da cidade, passou por obras de revitalização na estrutura.
O evento que marcou a conclusão do trabalho contou com desfile de carros antigos e cerimônia com a presença de centenas de pessoas. Conforme o governo catarinense, mais de 170 veículos participaram da atividade, sendo o mais antigo de 1929, um Volkswagen MP Lafer.
A abertura da ponte será gradativa: a partir desta segunda-feira, apenas pedestres e ciclistas estão autorizados a transitar. Em 13 de janeiro, fica liberado o trânsito de veículos de emergência, ônibus municipais, intermunicipais e estaduais – o que inclui viagens de ônibus partindo do Rio Grande do Sul. Não há previsão de quando será liberado o trânsito de carros e motos. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Florianópolis, no segundo semestre será feito um novo estudo sobre o tema e a ideia é priorizar o transporte coletivo.
Aberta em 1926, a ponte foi a primeira construção da história a conectar o continente à ilha de Santa Catarina – antes, as viagens eram apenas de barco ou balsa e uma tempestade já deixava parte dos moradores de Florianópolis isolados. Graças à estrutura, o deslocamento de pessoas aumentou a ponto de consolidar a cidade como capital de Santa Catarina. A ponte foi tombada como patrimônio histórico e arquitetônico brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
No entanto, após décadas de pouca manutenção, a estrutura sofreu corrosão por conta do sal do mar e precisou ser interditada em 1991, quando uma das barras de ferro de sustentação rompeu.
Apenas em 2006 as obras de revitalização começaram. No entanto, após sucessivos atrasos ao longo das décadas, com rompimento de contratos entre o governo estadual e empreiteiras, a revitalização foi desacreditada por catarinenses. Os trabalhos custaram cerca de R$ 474 milhões, pagos pelo governo de Santa Catarina – dentre as intervenções, 40% das peças foram trocadas e 60%, restauradas.
O evento de reabertura, que contou com a presença do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), foi considerado histórico pela população local. Nos extremos da Hercílio Luz, ocorrem eventos culturais e gastronômicos – o tempo firme garantiu, na cerimônia, a presença de centenas de visitantes.
As obras, contudo, não acabaram oficialmente: faltam 5% para serem concluídas. É preciso, ainda, retirar a estrutura de apoio que permitiu os trabalhos (o que inclui andaimes) e terminar a pintura na parte inferior.
Como a Ponte Hercílio Luz é, há décadas, cartão-postal e parte da identidade de Florianópolis, a reabertura representa para catarinenses uma injeção de autoestima, de forma mais ou menos semelhante ao que porto-alegrenses sentiram com a reabertura da Orla do Guaíba, em Porto Alegre.