Março chegou, o Carnaval se aproxima do fim, e a alta temporada de verão começa a se despedir. Com a vida voltando ao ritmo normal, GaúchaZH faz um balanço de como foi a estação no Litoral Norte e lembra o que rolou de melhor e de pior nas praias gaúchas, do comércio ao turismo, passando por hábitos e novidades que emplacaram.
Desta vez, a visita dos hermanos argentinos não foi massiva: correspondeu a apenas 10% do total de turistas do Litoral Norte, muito abaixo dos últimos cinco anos, quando eles representavam entre 60% e 70% do total de visitantes, segundo estimativa da presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte, Ivone Ferraz.
Em compensação, as praias gaúchas receberam turistas de São Paulo, Paraná e, principalmente, do Interior do Estado.
– O pessoal não foi para fora do país. Quando chegou a época de programar as férias, o dólar estava a R$ 4,30. Eles não foram para o Exterior, mas não deixaram de aproveitar. Ficaram mais tempo e buscaram mais conforto – afirma.
Essa programação antecipada das férias também refletiu em um comportamento atípico para os brasileiros: reservar hospedagem mais cedo. Segundo Ivone, tanto na virada do ano quanto no Carnaval, as reservas foram realizadas com cerca de 30 dias de antecedência. Ao avaliar o período, ela diz que o veraneio foi bom para os ramos hoteleiro e de alimentação:
– O Réveillon foi muito bom, mas janeiro não foi como esperado. Contudo, podemos dizer que, no geral, a temporada foi boa.
Ainda que a maioria da população comece a retomar as atividades, Ivone afirma que março está com uma boa lotação na rede hoteleira da região. Ontem, no penúltimo dia de folia, com sol brilhando, mar limpo e calor de 28ºC pela manhã, em Capão da Canoa, a areia ainda estava cheia.
Não tão otimista, o comércio de varejo vem desacelerando, resultado de uma série de fatores, sendo o primeiro deles a crise econômica.
– As pessoas fazem churrasco em casa para não almoçar fora – exemplifica o presidente do Sindilojas Litoral – Centro, Joel Vieira Dadda.
As pessoas fazem churrasco em casa para não almoçar fora. O comércio vem padecendo com isso. Houve diminuição no ramo do varejo em relação ao ano.
JOEL VIEIRA DADDA
Presidente do Sindilojas Litoral – Centro
Outro aspecto é a questão da tecnologia, hoje, alçada ao status de necessidade. Dadda acredita que, muitas vezes, os consumidores acabam cortando gastos com roupas ou idas a restaurantes para bancar os custos dos aparelhos e planos de telefone e internet. Por fim, ele cita a segurança: muitos potenciais consumidores passam o verão em condomínios fechados, deixando de frequentar lojas e estabelecimentos locais:
– O comércio vem padecendo com isso. Houve diminuição no ramo do varejo em relação ao ano.
Gerente de loja de vestuário, Natássia Parisoto diz que, nesse ano, o estabelecimento, que tem operações em quatro praias durante o verão, preparou-se para uma temporada pior: o jeito foi gerenciar o estoque para evitar sobras:
– Foi pior do que 2018.
Já na beira da praia, o povo abre a mão quando o assunto é comida e bebida. É o que observa Varlei da Silva, proprietário, há 10 anos, de um quiosque em Capão da Canoa. Para ele, o Carnaval tardio esticou a temporada e ajudou nas vendas:
– Melhor do que foi não precisa!
Dono de um quiosque nas areias de Capão há 20 anos, Régis da Silva Inácio diverge de Silva:
– Na virada do ano, foi bom, depois, em função do clima, ficou mais fraco. Agora, no Carnaval, está melhor por que não choveu.
Viraram febre na estação
E se verão é época de inventar moda, abusar da criatividade e entrar no embalo daquilo que está bombando no momento, nesse ano, no vestuário, não dá para esquecer as bermudas estampadas que viraram febre entre o público masculino. Com desenhos coloridos e chamativos, os chamados “shorts tropicais” invadiram não só as areias como as ruas das principais praias gaúchas. De origem incerta, o que se especula é que eles tenham sido inspirados nos hermanos argentinos.
Na música, não teve pra ninguém: a temporada foi de Jennifer, mulher apaixonante encontrada no Tinder e que caiu na boca do povo pela voz do cantor Gabriel Diniz. E para completar a playlist funkeira que mais agitou os veranistas, teve Agora É Tudo Meu, de MC Kevinho com Dennis DJ, e Parado no Bailão, de MC Gury e MC L da Vinte.
Para ouvir essa miscelânea de sons, as caixinhas de som tomaram conta da beira-mar. Polêmicas entre veranistas, elas praticamente transformaram a areia em pista de dança. Há quem opte por versões menores e mais discretas, enquanto outros exageram mesmo e levam a festa para orla.