Surfistas de Torres, no Litoral Norte, estão preocupados com a falta de segurança para banhistas no canto esquerdo da Praia da Guarita, próximo aos paredões de pedra. O mar naquela área, dizem eles, tem bastante repuxo, o que pode causar afogamentos. Essa característica da água torna-se mais perigosa, segundo seus relatos, pela ausência de salva-vidas.
O biólogo Jonas Brocca, 31 anos, conta que a praia estava praticamente lotada no feriado de quarta-feira (15) e que cerca de 20 pessoas foram resgatadas entre as 9h e as 19h por aproximadamente 10 surfistas. Ele afirma que ajudou diretamente a tirar sete pessoas da água, incluindo uma jovem de 16 anos.
— Pela manhã, tinha dois salva-vidas fazendo vistoria (passageira) e que nos ajudaram. Mas eles foram embora e de tarde não tinha ninguém. O pessoal (surfistas) teve que salvar os banhistas. Em três momentos, atuei sozinho para tirar pessoas da água — conta.
Iuri Silva, 30 anos, surfista e morador de Torres, afirma que todo os surfistas que estavam no mar ajudaram de alguma forma, socorrendo pessoas ou emprestando pranchas:
— A gente tirava uma pessoa da água e pouco depois precisava tirar outra. Ligávamos para os bombeiros para eles mandarem salva-vidas, porque os únicos que havia não estavam mais lá. Mas nos disseram que o efetivo era pequeno e que não tinham como enviar alguém. A gente ficou ali sem ter o que fazer a não ser tirar as pessoas da água, avisar e sinalizar. Passamos de surfistas para salva-vidas.
Apesar dos relatos de que salva-vidas atuaram em resgate na manhã, o major Jeferson Ecco, comandante do 9º Batalhão de Bombeiros Militares, responsável pelo Litoral Norte, afirma que a corporação não tem registro de pedido de resgate na Praia da Guarita na quarta-feira. Ecco diz que os profissionais atuam no Litoral apenas durante a Operação Golfinho, que começa em 15 de dezembro e deve se estender até a primeira semana de março.
Contudo, ele ressalta que, desde o começo do treinamento dos novos profissionais, em outubro, o Corpo de Bombeiros desloca duplas do curso para atuarem como volantes no Litoral, como medida preventiva, em feriados e fins de semana, das 8h30min às 19h.
— Não tem como colocar salva-vida em toda orla porque a Operação ainda não começou. A dupla que circulou na Praia da Guarita também circulou na Praia Grande e na Praia da Cal. Se não tem salva-vida, vai o pessoal do combate ao fogo para ajudar. Mas, se não tem o serviço de salva-vidas, o banhista não pode se aventurar, tem que ficar com a água na cintura e evitar costões e correntes de retorno — orienta o major.
Questionado pela reportagem, Ecco não confirmou o número de salva-vidas que devem atuar, nesta temporada, no Litoral, porque os profissionais ainda estão sendo treinados. No ano passado, atuaram mais de 1 mil pessoas.
Para diminuir o risco de afogamentos, os surfistas ouvidos pela reportagem sugeriram que a prefeitura de Torres usasse o valor arrecadado com o estacionamento de carros com placa de fora da cidade – R$ 8 por veículo – para pagar salva-vidas civis. A prefeitura afirma que a responsabilidade de salvamento aquático é exclusiva do Corpo de Bombeiros.
— O serviço de salvamento é totalmente de responsabilidade dos bombeiros, não do município. O que nós fazemos é a sinalização dentro do parque. Quanto ao perigo do mar, isso são os salva-vidas que sinalizam, nas guaritas. E o dinheiro do estacionamento é usado para melhorias do parque. Agora, por exemplo, estamos com os projetos de reconstrução do pórtico, abertura de uma segunda saída no parque, porque hoje só há uma, e a reforma do banheiro — afirma a secretária de Turismo de Torres, Carla Daitx.