É com o intuito de presentear quem passa pelo calçadão de Nova Tramandaí, na altura da guarita 163, que Júlia Vasconcellos e Rosana Jardim cuidam com tanto carinho do canteiro de onze-horas localizado na beira da praia. Mãe e filha plantam e espalham plaquinhas de madeira com mensagens positivas e de preservação no local há seis anos.
O trabalho de formiguinha começou quando a aposentada Júlia, de 79 anos, passou a replantar na areia da praia as flores que estavam na sua calçada. Como muitos frequentadores ignoravam as folhagens e passavam por cima, a aposentada pediu à filha que criasse plaquinhas de madeira.
– Eu disse: "Eu não sei trabalhar em madeira", e ela me respondeu: "Vai fazer um curso e aprender" – relembra a filha Rosana.
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Diante do apelo da mãe, a educadora infantil aposentada se matriculou em um curso de três horas que a ensinou a trabalhar com o material. Foi então que começou a produção de plaquinhas com frases de incentivo e conscientização, especialmente sobre o descarte de lixo durante os fins de semana.
– Isso aqui é público, é de todos. Não é porque tu pagas imposto que vais deixar que os governantes façam tudo. Não! Tu tens que fazer e mostrar que é legal. Eu quero abrir a minha janela e ver o mar e isso aqui limpo – diz Rosana, acrescentando que na noite deste domingo recolheu todos os resíduos deixados pelos banhistas na quadra com a ajuda do marido.
Pedestres são atraídos pelas mensagens
A eventual destruição e os furtos de algumas placas não desanima a dupla, que mais do que ter um lugar bonito na frente de casa, quer estimular o cuidado com o ambiente coletivo.
– Essas placas não são as originais. Logo no primeiro ano, quebraram 16. Eu disse "vou fazer 32". Vamos ver quem cansa antes. Eu tenho prazer de fazer. E continuam roubando, quebrando, e eu sigo fazendo, refazendo – justifica Rosana.
– Tem que ter paciência com quem não valoriza. Mas daí a gente vai lá e arruma de novo – completa Júlia.
Tanto cuidado chama atenção. Em menos de 30 minutos, pelo menos três pedestres passaram pelo local e elogiaram Júlia, que estava de luvas, pazinhas e tesoura em punho ajeitando as flores sentada em um banquinho.
Para criar as placas, Rosana procura frases de autores famosos ou desconhecidos e busca imagens que ilustrem os dizeres.
– Primeiro, é preciso pensar no impacto que aquela frase vai gerar. Quando se dá um presente para alguém, se pensa o que a pessoa vai sentir ao receber. É dessa forma que eu escolho as frases – compara.