Tornou-se um dos hábitos mais arraigados deste veraneio em Capão da Canoa: os banhistas deixam o mar, junto à guarita 76, bem no centro do balneário, e se dirigem até um conjunto de 14 jatos de água que jorram do chão, no Largo do Baronda. Ali, em bandos, lavam pés, pernas, cadeiras, cabelos, guarda-sóis, carrinhos de praia, caixas de isopor. Alguns até tomam banho.
Acontece que as saídas de água não estão ali para isso. Consistem em uma fonte, com jorros dançantes, inaugurada pouco antes do verão para embelezar Capão. Como os veranistas preferiram as funções práticas às razões estéticas, o chafariz entope com frequência. Todo o dia um funcionário tem de ir lá para retirar a areia que andou pelas pernas e pelas cadeiras dos banhistas. Fora da temporada, a manutenção só é feita uma vez por semana.
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No começo da tarde desta quarta-feira, havia até fila para a lavagem nas duas fileiras de jatos de água, que sobem verticalmente até cerca de um metro de altura.
– Uso quando está mais limpo, porque às vezes essa água fica suja, talvez porque todo mundo usa – contou a estudante de Santa Maria Camila Casagrande, 20 anos, depois de tirar a areia dos pés no local.
Edson José Lau, 45 anos, morador de Butiá e veranista em Capão há duas décadas e meia, era outro usuário. Ele elogiou a novidade, ainda que a utilize para o fim não programado de limpeza.
– Ficou muito prático. Está no caminho. E os chuveiros sumiram da praia. Antigamente tinha mais – afirmou.
Recentemente, para tentar dissuadir os banhistas, a prefeitura instalou duas placas do lado das fontes, informando que é proibido o banho e consumo da água. Ninguém dá atenção a elas.
– Não adiantou nada. Tem pessoas que sabem que é um chafariz e não se importam. Outras acham que é para esse fim mesmo. Estamos apelando para que os veranistas parem de usar para lavar pés e cadeiras e para tomar banho. Essas fontes saíram caro – diz a secretária municipal de Turismo, Noêmia Reckziegel.
Noêmia diz que, para o ano que vem, é possível que as fontes sejam cercadas, como forma de resolver o problema. Também afirma que, com a conclusão das obras do calçadão, haverá mais chuveiros na próxima temporada.
– Mas já sabemos que tudo o que se colocar na beira do mar ainda vai ser pouco, pela quantidade de gente – reconhece.