Ao final de um ano marcado por crises políticas, escândalos de corrupção e abalos econômicos, os veranistas estão chegando ao litoral gaúcho com expectativa redobrada por um período de desafogo. A boa notícia é que, a se confirmarem previsões de sol, temperatura e condições do mar, a temporada 2016/2017 tem boas chances de servir como um refúgio contra os dissabores dos últimos meses.
– Por tudo o que está acontecendo com a nossa economia, muita gente vem para a praia para desopilar mesmo, para passar pelo menos alguns dias mais felizes – afirma o analista de sistemas André Palermo, 51 anos, que trocou temporariamente Porto Alegre por Capão da Canoa.
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Para veranistas como a representante comercial Josi Amaral, 28 anos, a felicidade depende de dois fatores principais: sol e calor. Acompanhada dos filhos Miguel, dois anos, e Yasmin, 11, a família se divertia nos esguichos de água instalados na área nova do calçadão de Capão. Josi tentava a todo custo evitar que o guri botasse a boca no jato que brotava do chão, mas ele pouco se importava.
– O que eu mais espero é que o tempo fique bom – disse Josi, enquanto olhava de lado para nuvens carregadas ao norte.
Conseguir dias perfeitos de verão lembra um pouco o caminho para se livrar de uma recessão econômica: é preciso resistir a algumas tempestades. Josi e os demais praianos deverão enfrentar chuvas pesadas quinta e sexta-feira com a promessa de meteorologistas de que, depois do aguaceiro, virão dias mais quentes e secos garantidos pelo fenômeno La Niña (esfriamento das águas do Pacífico).
– Depois dessas chuvas, o tempo deverá ficar mais firme. A maior probabilidade é de que, como temos La Niña de intensidade fraca, o verão seja um pouco mais seco e quente – avisa a meteorologista Maria Clara Sassaki, da Somar Meteorologia.
A perspectiva também é favorável para as condições do mar. Com menos chuva, espera-se que as águas fiquem menos sujas e revoltas – e assumam um pouco da transparência que falta em muitos gabinetes políticos.
– A tendência de mais calor e menos precipitações, aliada ao aquecimento que temos visto no Atlântico Sul, deve deixar o mar mais quente e limpo. Pode haver alterações, já que há outros fatores envolvidos, mas é uma tendência – sustenta o geógrafo e integrante do Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (Ceco) da UFRGS Nelson Gruber.
Torcida por isso é o que não vai faltar nas areias das praias gaúchas.