Quem passou as férias em Capão da Canoa no verão passado deparou com patrolas nivelando o terreno na orla e com equipes alinhando pedras no chão. Um ano depois, o cenário é muito mais convidativo: o canteiro de obras deu lugar a um calçadão novo na Beira Mar, inspirado em praias como Copacabana, no Rio, e Balneário Camboriú (SC). A revitalização ocorreu em aproximadamente 1,2 quilômetro, entre a Avenida Flávio Boianovsky e a Praça do Farol.
As obras tiveram início com a demolição dos quiosques fixos e dos calçamentos antigos. Então, começou a construção de dois calçadões em pedra portuguesa, sendo um de seis metros de largura e o outro de três. Pelo menos um ponto do calçamento, atingido por ressaca em outubro, segue danificado, e a prefeitura promete consertar nos próximos dias.
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Em 2015, o prefeito Valdomiro Novaski afirmou a Zero Hora que os trabalhos seriam concluídos em fevereiro deste ano. Entretanto, foram finalizados em outubro. O secretário de planejamento Beto Rocha, que também foi arquiteto da obra, explica que o atraso se deu em razão de chuvas e da demora na entrega de materiais como as pedras portuguesas.
A obra custou cerca de R$ 3 milhões, em recursos do próprio município. Além do novo calçamento,
foram construídas ciclovia, quadra de esportes e duas canchas de bocha cobertas. No Largo do Baronda, foi feita uma calçada com piso em basalto e um chafariz. Foram instalados 26 postes com luz de LED, que iluminam também a faixa de areia.
– A intenção foi integrar mar e cidade – diz Rocha.
Obra divide veranistas e moradores da praia
A obra foi entregue, mas não como previsto inicialmente. Dois restaurantes que estavam no projeto acabaram não sendo construídos, e a maquete exibida na sede da administração municipal mostra mais quadras esportivas. A cancha de areia foi transferida para dentro da praia, explica o secretário, e optou-se por deixar uma área livre em gramado em vez de fazer mais quadras. Quanto aos restaurantes, diz que não foram erguidos para ter mais espaço de lazer público, sem "privatizar" a área.
Paulo Santos Cavalheiro, 59 anos, dono de um dos oito quiosques novos, diz que o "sacrifício" que passaram na temporada anterior valeu a pena:
– Ao longo do ano, as coisas foram se ajeitando, e está muito bonito. No ano passado, a praia estava às escuras, agora, está clara. A iluminação é boa e vai até a areia.
A iluminação também é um ponto elogiado por Lúcia Helena Abrianos, 50 anos, que tem casa de veraneio na cidade.
– Agora, a gente chega na praia com essa estrutura bonita e iluminação pronta. Se torna mais convidativo, faz com que a gente tenha vontade de vir passear – ressalta a veranista, que tirou a tarde para tomar chimarrão na orla.
Mas o sucesso da revitalização não é unanimidade. A dona de casa Dulce Maria Arend, 59 anos, diz que a obra não atingiu as expectativas.
– Que fizessem uma pracinha, plantassem árvore para ter sombra. Virou tudo pedra – queixa-se, lembrando que foi arrancada vegetação para a realização da obra.
O secretário de Planejamento afirma que não houve plantio de árvores porque a prefeitura não chegou a uma conclusão sobre a espécie adequada.