O sol resolveu aparecer na tarde desta segunda-feira no Litoral Norte, mas não trouxe apenas alegria. Dois animais mortos, de grande porte, apareceram na areia de Xangri-lá: uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) e um lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis).
Por volta das 14h, a tartaruga foi vista por banhistas, próxima à guarita 92. Já estava morta quando apareceu próximo à areia. Tinha marcas na lateral e no casco, mas não foi possível determinar a causa da morte.
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De acordo com Maurício Tavares, biólogo que atua no Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), esta é uma das cinco espécies de tartaruga que ocorrem no litoral brasileiro, todas com presença no Estado. Além dela, passam por aqui a tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e a tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea).
A pouco mais de um quilômetro de distância, passando a guarita 93, estava o lobo-marinho-sul-americano. O motorista Celso da Silveira, 50 anos, avistou algo que, para ele, parecia uma canoa. Resolveu entrar no mar com amigos e trouxe o animal até a areia.
– Muito, mas muito pesado ele. Tem um coro que parece de boi – contou.
O motivo da morte dos bichos, que atraíram olhares curiosos e renderam até mesmo selfies de alguns veranistas, ainda não pôde ser explicado. As principais causas de mortalidade desta espécie de tartaruga em nosso litoral são as capturas acidentais em rede de pesca ou espinhel pelágico. As marcas no casco e na lateral do corpo podem indicar uma interação com uma rede.
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O Ceclimar realiza monitoramentos semanais na orla do Litoral Norte, sendo que entre 26 de março e 14 de dezembro deste ano foram avistadas 30 tartarugas-cabeçudas entre Torres e Imbé e 111 entre Tramandaí e Dunas Altas.
Já o lobo-marinho-sul-americano não possuía nenhuma marca aparente. Durante o inverno e a primavera, muitos lobos se dispersam de suas colônias reprodutivas e se deslocam para o norte em busca de alimento e águas mais quentes, chegando exaustos ao nosso litoral, mas esse não é o caso. Ele pode ter sofrido com algum equipamento de pesca, por exemplo.