Equilibrar-se sobre uma larga prancha com remo em punho e deslizar por águas doces já se tornou prática popular nas praias gaúchas. A novidade no verão de 2015 é o aumento da prática de Stand Up Paddle (SUP) sobre outra superfície: o mar.
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A explicação está no avanço da modalidade. Quando a calmaria de rios e lagoas se torna monótona, o praticante busca se aventurar na instabilidade das correntes e surfar na oscilação do mar. Batizado de SUP Wave (onda, na tradução para o português), o esporte tem atraído cada vez mais adeptos no Litoral Norte.
Quem garante é Luis Saraiva, 35 anos, um dos pioneiros na prática em Torres e no município vizinho catarinense, Passo de Torres. Há sete anos, quando começou a se aventurar no mar e correr atrás de ondas impulsionado pelo remo, o professor do esporte - que foi campeão brasileiro na modalidade em 2011 - era o único. Hoje, chega a disputar ondas com até 10 praticantes de SUP Wave na Prainha, por exemplo.
- Antigamente não se via isso. O esporte está crescendo - avalia.
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A principal diferença entre remar no rio e no mar está na instabilidade da prancha, explica Saraiva:
- O SUP na lagoa é mais fácil de praticar porque é um ambiente mais calmo e estável, com pouca oscilação no equilíbrio. No mar, é mais difícil porque em nenhum momento se fica parado.
Günther Roessler se equilibra sobre as ondas enquanto rema em Torres
Foto: Diego Vara / Agência RBS
Iniciante no esporte, o dentista porto-alegrense Günther Roessler começou a prática do SUP Wave na segunda metade de 2014 após dois meses de remadas em água doce. A ideia era agregar um novo esporte aquático aos que já pratica há anos.
- Fui despertado pelo interesse de ver outras pessoas surfando com SUP e me chamou muito a atenção a possibilidade de se remar de pé. O equilíbrio em cima da prancha exige um preparo físico maior, tanto de pernas quanto uma concentração de força abdominal - conta.
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Mas não se resume apenas à dificuldade de equilíbrio a disparidade do SUP Wave para o SUP convencional. O tamanho das pranchas também varia. Enquanto o remo em águas doce ocorre com um equipamento maior e mais largo - que pode chegar a três metros de comprimento por um de largura -, a modalidade no mar exige um item menor e com as bordas menos espessas.
Fabricante de pranchas há 14 anos, o morador de Torres Antônio Simões, 46, começou a produzir as pranchas de SUP em meados de 2008. À época, os pedidos ainda eram raros: cerca de dois por ano. Hoje, chega a produzir três em apenas um mês.
- A procura pelo SUP aumentou 60% nos últimos dois anos - estima.
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Foto: Diego Vara / Agência RBS
Aos principiantes, praticantes do SUP Wave indicam que os primeiros treinos sejam feitos no rio - e que, somente após ganhar confiança e equilíbrio sobre o equipamento, se arrisque no mar. O movimento da água doce para a salgada foi constatado nesta temporada por Romualdo Carneiro, 44 anos, que aluga pranchas de SUP no Rio Mampituba, sob a ponte de concreto que separa Torres de Passo de Torres. Nos finais de semana do verão de 2015, ele tem atendido a mais de cem clientes por dia - 30% a mais do que no ano anterior.
- Já vi bastante gente migrar do rio para o mar. O início do esporte é no rio. Até tem como começar no mar, mas o praticante irá passar mais dificuldade. Então, a pessoa procura o rio para remar duas ou três vezes e, depois sim, entra no mar e tem uma experiência mais agradável - diz Carneiro.
De folga, o comerciante também surfa sobre uma prancha de SUP e garante que o esporte é "viciante". Segundo ele, pelo impulso do remo, o alcance se torna maior do que um surfista que se desloca apenas com a força dos braços - e, assim, fica mais fácil "pegar onda".
- Quanto mais se instruir antes de entrar no mar, mais fácil - resume.
* Zero Hora