Faleceu, na madrugada deste sábado (26), a jornalista Julieta Amaral, aos 62 anos, uma das primeiras mulheres negras na televisão gaúcha. Ela atuou no Grupo RBS em Rio Grande por quase 30 anos, sendo um ícone do jornalismo na região sul do Estado. O velório teve início nesta manhã, às 9h, no Cemitério Católico de Rio Grande. O sepultamento ocorreu à tarde.
Há cerca de três anos, Julieta foi diagnosticada com câncer no pâncreas. Desde então, recebia tratamento do setor oncológico do hospital Mãe de Deus, na Capital, segundo o marido, o pedagogo e psicólogo Pedro Amaral. Além do parceiro, com quem viveu durante 40 anos, ela deixa uma filha, a fisioterapeuta Carolina Amaral.
Horas após o sepultamento, nasceu Isadora, neta de Julieta. Mãe e filha passam bem.
Além de amigos e familiares, Julieta marcou a vida de muitos gaúchos, especialmente no sul do Estado. A jornalista nasceu no dia 8 de outubro de 1962 em Rio Grande e formou-se em Jornalismo na Universidade Católica Pelotas (UCPel), em 1985. No início da carreira, atuou em jornais impressos, como o antigo Jornal Agora.
Em 1987, Julieta começou sua trajetória no Grupo RBS. Inicialmente, ficou conhecida por sua experiência como repórter, mas também foi coordenadora de jornalismo e apresentadora da RBS TV Rio Grande. A rio-grandina chegou a ser âncora da edição do Jornal do Almoço local.
Segundo a amiga de infância e jornalista Rosane Borges Leite, 62 anos, Julieta era uma dessas pessoas que “enche a casa”, com uma alegria contagiante. A amizade começou ainda na escola, quando tinham 14 anos.
— Ela deixa um vazio enorme. O sorriso da Julieta é insubstituível, e a dinamicidade dela, a vontade de trabalhar, de realizar as coisas. Ela tinha uma presença de espírito que vai fazer muita falta entre os amigos e a comunidade também, porque não tem uma pessoa de Rio Grande que não conheça Julieta — conta Rosane.
Profissional dedicada
Julieta era reconhecida por sua dedicação e comprometimento com a função social do jornalismo. Segundo Rosane, ela sempre dizia que, além de informar, o principal papel do jornalista é ajudar. A amiga relata que, muitas vezes, no tempo em que era repórter, ela ia atrás das pautas sozinha, para não perder a chance de contar uma boa história:
— Quando ela ficava sabendo de uma história e não daria tempo de juntar a equipe, ela ia sozinha. Hoje, nós temos o celular para ajudar. Naquela época não tinha, ela pegava uma daquelas câmeras das antigas, que pesava uns três ou quatro quilos no ombro, pegava o carro e ia. Ela não perdia a imagem — relembra Rosane.
A jornalista recebeu homenagens de amigos e colegas de profissão nas redes sociais, como de Marcelo Cosme, apresentador da GloboNews que se emocionou ao noticiar a morte de Julieta na emissora. O jornalista é conterrâneo e amigo de Julieta. Ele publicou uma foto e um texto lamentando o falecimento.
“Julieta me ensinou a segurar o microfone. Fazer um texto. Criar fontes. Olhar pra câmera. Gravar um texto. Editar… Eu passaria horas escrevendo o que aprendi com ela”, diz na mensagem.
Após deixar a RBS em 2015, Julieta trabalhou como assessora de imprensa, além de se dedicar a causas sociais. Ela colaborava com diversas entidades, chegou a ser presidente do Lar Maria Carmem e integrou o grupo De Mãos Dadas, de apoio a famílias carentes, ambos de Rio Grande.