Nos 78,3 milhões de domicílios brasileiros, o número de telefones móveis celulares apresentou aumento, de 62,7 milhões (93,1%), em 2016, para 75,7 milhões (96,7%) em 2023. Já o número de telefones fixos caiu desde 2016, de 21,9 milhões (32,6%) para 7 milhões (9,5%). A área rural registrou percentual menor em comparação à urbana, tanto para celular (91,2% frente a 97,5%) quanto para fixo (2,8% contra 10,5%) no último ano. No Rio Grande do Sul, 4,4 milhões de lares tinham telefone (98%), sendo 4,3 milhões celulares (97,6%) e 461 mil fixos.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao quarto trimestre de 2023, divulgados nesta sexta-feira (16).
Apenas 2,8% (2,2 milhões) dos domicílios não tinham telefone – mesmo percentual de 2022. O rendimento médio mensal per capita desses domicílios ficou muito abaixo (R$ 978) dos que possuíam telefone (R$ 1.883), representando pouco mais da metade.
Estima-se que 163,8 milhões de pessoas de 10 anos ou mais (87,6%) tinham celular para uso pessoal. De acordo com o IBGE, esse indicador está em contínua expansão, e o maior crescimento aconteceu, em 2023, entre os idosos de 60 anos ou mais. Quanto à população que não possui, os principais motivos alegados foram que não sabiam usar (27,8%); que o aparelho telefônico era caro (23,4%); e que havia falta de necessidade (21,2%).
Na casa da família Skipka Pires, no bairro Hípica, em Porto Alegre, não há telefone fixo, e todos os familiares estão conectados pelo celular. Além disso, a residência conta com TV a cabo, aberta e streamings. O uso da televisão pela família demonstra a mudança de comportamentos que vem sendo observada em relação ao aparelho ao longo do tempo: a avó Rosa Skipka, 75 anos, adora novelas, telejornais e programas, mas também assiste a filmes em streaming.
A nutricionista e microempreendedora Danielle Skipka, 43, também gosta muito dessas programações – e se falta energia, conecta-se pelos dados móveis para acompanhar a TV ao vivo. Seu filho Gabriel Skipka Pires, 12, assiste a streamings e lives. Já a pequena Marianna Skipka Pires, sete, acompanha programas infantis no YouTube pela TV. O marido Ronaldo Pires, 47, programas esportivos e jogos de futebol. Assim, o aparelho acaba ficando ligado o dia inteiro na residência.
— Desde eu pequena, na casa da minha mãe, tínhamos TV em todos os quartos… então sempre tive o hábito de ver (TV). Não sei dormir sem a TV ligada no timer. Tenho que estar sempre com algum barulho ligado. Estou sempre conectada — conta Danielle.
[...] sempre tive o hábito de ver (TV). Não sei dormir sem a TV ligada no timer. Tenho que estar sempre com algum barulho ligado. Estou sempre conectada
DANIELLE SKIPKA
Nutricionista e microempreendedora
Os Skipka Pires também acompanham outras tendências da população brasileira: utilizam pouco o computador, estão sempre conectados à internet e já adotaram dispositivos inteligentes no cotidiano.
Televisão
Em relação a 2022, houve aumento no número absoluto de residências com televisão (71,5 milhões para 73,8 milhões). Contudo, em termos de proporção de domicílios, houve uma pequena variação negativa, de 94,9% em 2022 para 94,3% em 2023, já tendo alcançado 97,2% em 2016. Isso acontece devido ao aumento do número de casas sem televisão (5,1% em 2022 para 5,7%), que também vem subindo desde 2016. Nos domicílios com TV, a fatia ficou em 95,1% na área urbana e 88,5% na rural em 2023.
A Região Sul do país teve a segunda maior proporção de domicílios com TV (96%) – no RS, 4,3 milhões de lares tinham TV (97,6%). O rendimento médio mensal per capita nos domicílios brasileiros com TV foi de R$ 1.905 – 71,2% superior ao rendimento dos que não tinham (R$ 1 113).
De 2022 para 2023, houve aumento no número de domicílios com tela fina e retração naqueles com televisão de tubo. O Sul é uma das regiões com maior presença somente de tela fina.
No mesmo período, o percentual de domicílios com televisão por assinatura teve redução de 2,5 pontos percentuais no Brasil, de 27,7% para 25,2%. Houve aumento do número de domicílios sem recepção de sinal de televisão aberta ou fechada, de 2,8 milhões para 3,8 milhões, passando de 3,9% em 2022 para 5,2% em 2023.
Streaming
Considerando os domicílios com televisão, em 2023, 31,1 milhões possuíam acesso a serviço pago de streaming de vídeo, número semelhante ao de 2022. O Sul foi a região com maior percentual de acesso a serviço pago de streaming de vídeo (49%). O rendimento médio mensal per capita nos domicílios com acesso a streaming foi de R$ 2.731, representando mais do que o dobro daqueles que não possuíam acesso a esse serviço (R$ 1245).
Internet, computador e dispositivos inteligentes
Os resultados de 2016 a 2023 mostraram declínio, ainda que lento, no percentual de domicílios com microcomputador. Aqueles em que havia o equipamento representavam 40,2% em 2022, e 39% em 2023 – percentual que já foi de 45,9% em 2016.
A internet era utilizada em 92,5% (72,5 milhões) dos domicílios do país em 2023, um aumento de 1 ponto percentual (p.p.) em relação a 2022 (68,9 milhões) – o que indica uma aproximação da universalização da internet. Esse crescimento tem sido mais acelerado nas áreas rurais.
No RS, 93% (4,2 milhões) das casas têm internet. Nos 5,9 milhões de domicílios brasileiros sem utilização da internet, os três motivos que mais se destacaram foram: nenhum morador sabia usar a internet (33,2%); serviço era caro (30,0%); e falta de necessidade em acessar a Internet (23,4%).
Nas casas com internet, o percentual que utilizava banda larga móvel passou de 81,2% para 83,3% entre 2022 e 2023. Já o percentual dos domicílios com banda larga fixa aumentou de 86,4% para 86,9% – valor que ultrapassa a móvel.
O percentual de usuários da internet vem crescendo desde 2016, segundo o IBGE, de 66,1% da população de 10 anos ou mais para 88% em 2023. Pessoas sem instrução (44,4%) apresentaram um percentual de uso bastante inferior ao dos demais grupos de escolaridade. Os maiores percentuais foram estimados para pessoas com ensino superior incompleto (98,3%) e completo (97,6%).
Além disso, o grupo com maior número de usuários (96,3%) é o de 25 a 29 anos. Houve uma acelerada expansão de usuários entre a população idosa. Na contramão, o grupo de 10 a 13 anos foi o que apresentou a maior variação negativa no percentual em relação a 2022. Os motivos mais apontados por quem não utiliza a internet foram não saber utilizar (46,3%) e a falta de necessidade (25,9%).
Em 2023, o meio de acesso à internet mais utilizado por pessoas acima de 10 anos foi, destacadamente, o telefone celular (98,8%), seguido, em menor medida, pela televisão (49,8%), pelo microcomputador (34,2%) e pelo tablet (7,6%). Entre 2022 e 2023, houve aumento de pessoas que utilizaram a televisão para acessar a internet (2,3 p.p.) e redução do uso do microcomputador (-1,3 p.p.) – há uma tendência de queda também em relação ao uso do tablet.
Entre as pessoas de 10 anos ou mais, 94,3% utilizavam a internet todos os dias; 2,3%, quase todos os dias; 2,7%, de uma a quatro vezes por semana; e apenas 0,6% com frequência inferior a uma vez por semana. Comparando com 2022 (93,4%), nota-se um pequeno aumento do uso diário. Os maiores percentuais foram registrados nos grupos de 20 a 24 anos (97%) e de 25 a 29 anos (97,2%), e o menor, entre idosos (86,5%).
Dos domicílios com internet, 11,6 milhões (16%) possuíam algum tipo de dispositivo inteligente – um aumento de 1,7 milhão de domicílios (1,7 p.p) em comparação a 2022. A Região Sul apresentou a taxa mais alta (19,8%).