Tomei um susto ao descobrir minha média semanal de uso do celular: 7 horas e 49 minutos por dia. É um latifúndio de tempo. Mesmo que parte desse uso seja para trabalhar, é um exagero.
Fui verificar esses números após saber que o colega Pietro Oliveira, jovem repórter da RBSTV, está fazendo um experimento para uma reportagem do Jornal do Almoço. Ele decidiu passar uma semana sem internet. Deletou aplicativos de redes sociais e desabilitou dados móveis e Wi-Fi. Para falar com ele, tive que voltar no tempo: usar o telefone para uma ligação.
— O primeiro e maior impacto é de leveza na mente, dá uma descansada, uma relaxada — explica.
Conversei com ele no terceiro dia desse "apagão digital". Pietro notou uma mudança drástica na dinâmica com outras pessoas. A aparente solidão sem o WhatsApp é compensada por encontros físicos mais valorizados. Senti também que ele falava de um equilíbrio emocional recém-descoberto, despido dos picos de dopamina das redes sociais.
Durante nossa conversa, Pietro mencionou situações inesperadas dessa jornada de desconexão. Sem internet, chamar um transporte virou uma novela: precisou de um táxi tradicional. E assistir a um filme? Teve de procurar uma locadora — sim, ele desenterrou uma locadora de DVDs em Porto Alegre — e pegou um aparelho com o pai para reproduzi-los. Aventuras inusitadas para quem sempre esteve online.
Dois anos atrás, fiz um teste semelhante. Desliguei o celular por um fim de semana inteiro. O maior impacto foi a percepção alterada do tempo. Os dias se dilatavam, arrastados. Foi inquietante num primeiro momento. Avisei amigos e familiares para qualquer emergência: falem com minha esposa. O resultado? Fascinante. Uma tarde de sábado foi realmente uma tarde. Duas horas foram duas horas, impenetráveis pela distração.
Não vou ser hipócrita: continuarei usando o celular, a internet e toda a tecnologia que puder. Mas essa reflexão sobre o manejo consciente dos acessos é vital, especialmente porque tenho uma filha de 8 anos para ser exemplo. Gastar horas deslizando por stories? Não faz bem. Não posso dedicar um terço do meu dia à tela. É mais do que passo dormindo.
Ah, sobre a reportagem do Pietro? Ainda não tem data, mas pedi para mandar um "whats" avisando quando for ao ar.