Mais seis escolas de samba passaram pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí entre a noite de segunda-feira (20) e a manhã desta terça (21), encerrando os desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro. Unidos de Vila Isabel, Imperatriz Leopoldinense, Unidos do Viradouro e Beija-Flor de Nilópolis foram os destaques do segundo e último dia de apresentações.
Abordando a independência da Bahia, a Beija-Flor inclusive foi eleita a melhor escola do Grupo Especial deste ano, pelo júri do Estandarte de Ouro. As outras duas agremiações que passaram pela avenida foram Paraíso do Tuiuti e Portela. Com enredos sobre temas bem variados, algumas escolas tiveram problemas técnicos durante seus desfiles.
Na primeira noite de apresentações no Rio de Janeiro, Acadêmicos do Grande Rio, Unidos da Tijuca e Estação Primeira de Mangueira se destacaram. Império Serrano, Mocidade Independente de Padre Miguel e Acadêmicos do Salgueiro também desfilaram entre a noite de domingo (19) e a manhã de segunda.
A apuração dos desfiles das 12 escolas do Grupo Especial ocorre na quarta-feira (22), na Praça da Apoteose, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. As seis primeiras colocadas voltam a se apresentar no Sábado das Campeãs, no dia 25 de fevereiro. Já a última colocada será rebaixada para a Série Ouro.
Confira um resumo dos desfiles das escolas:
Paraíso do Tuiuti
A última noite de desfiles foi aberta pela Paraíso do Tuiuti, que contou a história dos "mogangueiros da cara preta", mostrando o trajeto de um búfalo da Índia até a Ilha de Marajó, no Pará. Em busca do seu primeiro título no Grupo Especial, a escola também retratou outros animais, como onças, peixes, macacos, tartarugas, pavões e tigres, em fantasias e estátuas.
Portela
Dona de 22 títulos, a Portela aproveitou o ano do seu centenário para celebrar e recontar sua história na Sapucaí. Com o enredo Azul que Vem do Infinito, a escola relembrou personagens marcantes e enredos campeões com a presença de Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho. No entanto, a agremiação foi uma das que enfrentou problemas: os integrantes tiveram dificuldades para manter o terceiro e o último carro, deixando buracos na avenida.
Unidos de Vila Isabel
Terceira a passar pelo Sambódromo, a Unidos de Vila Isabel apresentou em seu desfile as formas de celebrar a fé e algumas surpresas, como componentes flutuando, carro percorrendo a avenida e troca de roupa da porta-bandeira. Durante sua apresentação, a escola mencionou cerimônias da cultura inca, de origem budista e da tradição japonesa, por exemplo. As festas de Iemanjá, populares no Brasil, também foram representadas. A rainha de bateria Sabrina Sato usou uma fantasia inspirada nas festas de São João.
Imperatriz Leopoldinense
Com o enredo O Aperreio do Cabra que o Eexcomungado Tratou Com Má-Querença e o Santíssimo Não Deu Guarida, a Imperatriz Leopoldinense utilizou a literatura de cordel para celebrar a história de Lampião, o rei do Cangaço, e a cultura nordestina. O desfile da escola, que busca por seu nono título no Grupo Especial, também contou com a participação de Expedita Ferreira da Silva, 90 anos, filha do cangaceiro e de Maria Bonita - ela já havia participado da apresentação da Mancha Verde, em São Paulo, no domingo.
Beija-Flor de Nilópolis
A penúltima a desfilar foi Beija-Flor de Nilópolis, que levou um susto a poucos minutos do início de sua apresentação: o carro abre-alas sofreu um princípio de incêndio. O problema foi sanado antes de o desfile começar, sem causar reflexos na Avenida. Com o enredo Brava Gente, o Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência, a escola falou sobre os 200 anos da expulsão das tropas portuguesas da Bahia, que ocorreu em 1823 e consolidou a independência brasileira. O desfile contou com carros alegóricos e fantasias luxuosas e a habitual disposição dos desfilantes, que não pararam de cantar o samba interpretado por Neguinho da Beija-Flor em parceria com Ludmilla.
Unidos do Viradouro
Coube à Unidos do Viradouro encerrar a segunda noite de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. A agremiação homenageou Rosa Maria Egipcíaca (1719-1771), africana que aos seis anos foi escravizada e trazida ao Brasil. Inicialmente obrigada a fazer serviços domésticos, ela foi vendida a donos de minas de ouro, que passaram a explorá-la sexualmente. Depois de tudo que passou, Rosa foi primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil. Com alegorias muito bem trabalhadas, fantasias luxuosas e desfilantes bastante animados, a escola encerrou sua exibição já sob os primeiros raios de sol, aos gritos de campeã.