Criador do Grupo ABC, um dos maiores conglomerados de comunicação e marketing do mundo, Nizan Guanaes estará em Porto Alegre nesta semana após lançar o livro Você aguenta ser feliz?, produzido em parceria com seu psiquiatra Arthur Guerra. A obra, que é uma das mais vendidas entre os livros esportivos do site Amazon, mostra a maneira que Nizan utilizou o esporte como um aliado na busca por uma melhor saúde mental.
Mesmo com uma carreira bem-sucedida, Guanaes passou por momentos ruins em relação à sua saúde, com problemas de alimentação, sedentarismo, álcool e poucas horas de sono. Foi então que ele encontrou a solução a partir de técnicas do médico psiquiatra e triatleta Arthur Guerra.
No livro Você aguenta ser feliz?, a dupla de autores apresenta um plano de adoção de bons hábitos para prevenir, tratar e até mesmo reverter doenças crônicas. A obra foi lançada neste mês pela Editora Sextante. Baseado em um artigo que Nizan publicou em dezembro de 2020 no jornal Folha de S. Paulo, a obra reúne conselhos sobre como combater vícios digitais, compulsões, abuso de medicamentos, álcool e drogas.
Todo o lucro obtido com as vendas do livro será doado à Casa Santa Therezinha, entidade sem fins lucrativos de São Paulo que apoia crianças e adolescentes com genodermatoses, que são doenças genéticas de pele.
Para explicar os conceitos expostos no livro e compartilhar um pouco da experiência retrata nas páginas da obra, Nizan conversou com GZH. Confira, a conversa:
O termo "aguentar", no título do livro, seria uma provocação de que, para chegar ao objetivo final, é preciso esforço/dedicação?
Essa frase foi o doutor Arthur que fez. Aguentar ser feliz, por exemplo, é quando você compra uma casa que você queria, então você coloca na cabeça que só vai ser feliz quando tiver um outro apartamento. Então, aguentar é essa permanente insatisfação que a sociedade de hoje tem. As pessoas nunca têm o suficiente e, na realidade, a felicidade é o contentamento. Inclusive, o vício traz isso. Você nunca está satisfeito. Então é isso que estamos discutindo.
Muitas vezes, a busca incessante por uma rotina saudável e feliz causa um efeito contrário, de autocobrança, e nos deixa ainda mais infelizes. Como evitar isso?
Acredito que não haja isso. No livro, nós mostramos que as pessoas que são felizes, têm algum nível de rotina, como estar com os amigos, achar espaço para celebrar as coisas. Em pauta, está a disciplina da felicidade que você tem que ter. Pode ser a disciplina de comer algo saudável sempre, por exemplo. Nossas avós e nossas mães fazem isso bem, elas possuem seus ritos. Em lugares no mundo onde as pessoas vivem mais, elas socializam, comem com parcimônia, enxergam de onde vêm as coisas que elas se alimentam. Então tudo parte da disciplina, da sabedoria e do rito popular. São os chavões que podem ser aplicados, como "devagar se vai ao longe", "Deus ajuda quem cedo madruga", e por aí vai.
Dentro da rotina, os vícios tornam-se, muitas vezes, uma espécie de refúgio para períodos de frustrações e ansiedades. Como você acha que é possível converter isso em atividades saudáveis?
Temos a endorfina, que é o hormônio que dá a satisfação. Você corre e tem um contentamento. E tem também a dopamina, que é o prazer. Dalai Lama fala que o prazer é como matar a sede com água salgada: quanto mais bebemos, mais sede temos. O contentamento é você escolher entre o que você quer muito e o que você quer agora. Por exemplo: agora quero mais um prato de feijoada, mas no verão quero estar em forma. Depende do seu objetivo. Tem coisas que você vai deixar de fazer à luz do que você quer.
Você acredita que essas mesmas frustrações e ansiedades são causadas pela necessidade de imediatismo das pessoas quando buscam mudanças em suas vidas? Qual o segredo para não se decepcionar na primeira tentativa?
Ser feliz é não desistir. É que nem bicicleta, tem que continuar pedalando. Descobri um método que é uma rede de proteção pessoal. É um conjunto de hábitos que me ajuda. Semana passada eu tive um problema profissional. Nos velhos tempos, superar isso me tomaria todo o final de semana. Aí, eu pensei "doeu, porque foi um erro bobo". Então, coloquei em prática a minha rede. Saí, pensei, assumi a minha culpa, refleti. Pensei "paciência, não dá pra acertar sempre". Depois, fui ficar com minha família, fui correr. É preciso dar tempo para a planta crescer e escolher se quer que ela seja árvore ou arbusto.
Existe alguma forma de utilizar a tecnologia como aliada na busca por uma rotina saudável?
O melhor mesmo é estando longe dela. Eu, por exemplo, estou lidando com o vício do celular. Já cheguei a ter 15 horas por dia de uso. Agora, está entre sete e oito. Uma pessoa normal usa por pelo menos seis horas diárias. Isso é algo que precisamos estar atentos. Da mesma forma que cuido meu peso todos os dias, para estar sempre monitorando. No caso da tecnologia, acho que as redes sociais são responsáveis por muitas das loucuras do nosso tempo. Então uma atitude sadia é tentar ficar longe do advento digital.
Ainda que uma pessoa tenha uma boa qualidade de vida, sabemos que dias infelizes são inevitáveis dentro da rotina. Como podemos estar preparados para superar esses momentos?
O livro não vai fazer você ter todos os dias felizes, até porque isso não existe na realidade. Mas é preciso enfatizar outras coisas, como ter amigos, cuidar do sono, do peso, praticar esportes. Uma pessoa que não dorme, que não se alimenta bem, dificilmente será feliz.
Que conselho você poderia sintetizar a quem lê o seu livro, tem a vontade de praticar as mesmas mudanças em sua vida, mas ainda não conseguiu?
É copiar os costumes de pessoas antigas, como nossas avós. Viver como elas viveram antigamente. Ter uma rotina tranquila, estar com as pessoas pertos, socializar, ter fé, boa alimentação, gratidão.
Por que a Casa Santa Therezinha foi escolhida para receber os lucros do livro?
Eu canto às vezes no coral da minha igreja e lá recebi o convite de apoiar a entidade. Eu e minha família abraçamos essa iniciativa e ajudamos a casa a virar uma realidade.
Você pretende aproveitar a visita a Porto Alegre para voltar a algum lugar que já conhece e gosta?
De noite, pretendo encontrar amigos do Rio Grande do Sul. Vamos jantar juntos. Ainda não sei onde vou ficar, mas quero passar no Parcão, inclusive sair para correr por lá. A rotina saudável precisa ser praticada onde você for.
Para finalizar, precisamos saber: você aguenta ser feliz?
É uma luta permanente e não tem um placar final. Não tem fim de maratona. Ela ocorre todos os dias.
Sobre o livro:
Você aguenta ser feliz, Arthur Guerra e Nizan Guanaes
Preços: livro físico R$ 49,90 ou e-book R$ 29,99
Disponível para venda online clicando aqui