Ao pensar no dia 31 de outubro, é normal que a primeira imagem que venha na cabeça seja a de abóboras com rostos, fantasias de monstro e muitos doces. É isso que o Halloween significa para todos aqueles que comemoram. Nos Estados Unidos, o feriado é considerado um dos mais populares, movimenta o comércio e, principalmente, as crianças. No Brasil, a cada ano a comemoração ganha mais atividades. O que poucos sabem, porém, é que a celebração vem de uma das práticas espirituais mais antigas do mundo: o paganismo.
Segundo a seguidora da cultura celta e do paganismo Greice Roos, o Halloween chegou aos Estados Unidos através dos irlandeses. As estações do ano marcam os festejos celtas. Para os países do hemisfério norte, o mês de outubro é o início dos dias frios, com o inverno tendo início em dezembro.
— Na cultura celta, no dia 31 de outubro, tem um ritual, que é um festejo que dura três dias, chamado Samhain. Dentro da bruxaria, é como se fosse o dia dos mortos. É nessa data que os mortos voltam para visitar — conta. Segundo Greice, o ritual se assemelha também ao Día de Los Muertos, que é a celebração de finados do México.
A coordenadora acadêmica do Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano, Natália Matte, explica que a igreja católica, na Idade Médica, passou a condenar a celebração. E, para desqualificar, começou a chamar de Dia das Bruxas.
— Para tentar acabar com o caráter pagão da festa, e também como uma tentativa de cristianizar a celebração, a igreja alterou o Dia de Todos os Santos no calendário, passando de 13 de maio para primeiro de novembro, data em que se festejava o Samhain. Dessa forma, tradições pagãs e cristãs acabaram se misturando um pouco. Foi a partir daí que surgiu o nome Halloween – afirma.
Em inglês, Halloween é uma junção das palavras hallow, que significa santo, e eve, que significa véspera.
Data importante para a economia
Atualmente, nos Estados Unidos o feriado é considerado uma das maiores celebrações não-cristãs do país. Natália Matte conta que o Halloween, em muitos estados norte-americanos, movimenta mais o comércio que o Dia dos Namorados e a Páscoa.
— Começou com uma celebração pagã na Irlanda do século 15, atravessou o oceano, passou por transformações e hoje tem mais de um significado: celebração dos mortos, época de colheita, fim do verão no hemisfério norte e, obviamente, uma bela oportunidade para que adultos e crianças brinquem e se divirtam — pontua.
A abóbora com rostos iluminados, um grande símbolo do Halloween, vem da cultura pagã, segundo Greice Roos. No Samhain, que representa época de colheita e o início do inverno no hemisfério norte, as pessoas utilizam os legumes da estação, como abóbora e nabo, por exemplo, para fazer lanternas.
— O Samhain é o momento em que os mortos voltam para casa para visitar os parentes. Há muitos anos, eles usavam esses legumes, como a abóbora, para fazer esculturas com rostos e como lanterna, para iluminar e mostrar o caminho para os mortos – conta Greice.
O costume de se fantasiar e pedir doces foi surgindo nos Estados Unidos, conforme a celebração ia ganhando forma e aderência dos norte-americanos. Hoje em dia, é impossível pensar em Halloween sem lembrar da famosa frase “gostosuras ou travessuras”. Na noite de 31 de outubro, as crianças estadunidenses costumam se fantasiar e sair para pedir doces na vizinhança. A tradição se consagrou ao passo que começou a aparecer em filmes e desenhos.
Comemorações pagã no Brasil
No Brasil o Samhain já foi comemorado, uma vez que o país fica no hemisfério sul e que o inverno já passou. Agora, no último final de semana do mês de outubro, é época de celebrar o Beltane, ritual que celebra a primavera e a chegada do verão.
— O Beltane representa a época fértil, a vida. É uma comemoração bem alegre e diferente do Samhain, que celebra a morte. É o casamento do Deus e da Deusa. Tem bastante frutas, bastante vermelho, tem uma fogueira onde as pessoas fazem seus pedidos – relata Greice, que se prepara para comemorar o Beltane agora, no próximo dia 29 de outubro.
Ela conta que uma tradição desse festejo é o maypole, uma dança com fitas feita ao redor de um tronco.