Caixas de adoção têm sido cada vez mais utilizadas em certas localidades dos Estados Unidos. A prática é adotada e defendida por ativistas antiaborto. Semelhantes às Rodas dos Expostos no Brasil – porta giratória embutida para que os recém-nascidos fossem deixados –, as chamadas caixas para bebês Safe Haven (Refúgio Seguro, em português) são colocadas na frente de algumas instituições no país norte-americano.
Os pais que não têm condições de criarem os filhos – ou que não desejam ficar com eles — podem colocar os recém-nascidos nessas caixas. Os bebês são resgatados pelos responsáveis do local e levados para adoção. Segundo o jornal The New York Times, apesar das caixas não serem uma novidade no país, o seu uso tem crescido consideravelmente.
De acordo com a Aliança Nacional de Refúgios Seguros, em 2021, foram realizadas 115 entregas legais de bebês pelo sistema. Nos últimos anos, houve cerca de 100 mil adoções por ano no país.
Uma dessas caixas está localizada em frente a um quartel de bombeiros na cidade de Carmel, no Estado de Indiana. O objeto, que se assemelha a um recipiente para devolução de livros em uma biblioteca, está no local há aproximadamente três anos, mas até então nunca havia sido utilizado. A situação mudou quando, no início de abril, o alarme disparou e o bombeiro Victor Andres abriu o recipiente e encontrou um recém-nascido envolto em toalhas.
A notícia de que o bebê foi encontrado na caixa do quartel de bombeiros repercutiu na região. Os ativistas antiaborto defenderam a decisão de quem optou pelo uso do recipiente e indicam que esse é um dos caminhos para evitar o procedimento e garantir que a criança seja adotada por uma família que possa criá-lo.
Ainda em abril desse ano, outro recém-nascido foi encontrado na caixa, mas dessa vez, era uma menina. No mês seguinte, um terceiro bebê foi retirado do recipiente. Os habitantes da cidade se surpreenderam com o aumento dos casos.
Após junho, três outros bebês foram encontrados em caixas deixadas em outras localidades de Indiana.
Apesar do aumento do uso dos refúgios observados neste ano, as caixas ainda são pouco utilizadas no país. Em contrapartida, o número de abortos cresce. Nos últimos anos, mais de 600 mil procedimentos foram realizados.
Origem das caixas nos Estados Unidos
As caixas surgiram a partir de uma iniciativa do movimento Safe Haven, que está vinculado ao ativismo antiaborto. Geralmente, os recipientes são colocados em frente a hospitais ou quartéis de bombeiros, pois nesses locais existem profissionais capacitados para atender os recém-nascidos, que podem chegar machucados ou doentes.
Para usar os recipientes, os pais precisam abrir uma gaveta metálica e procurar por um berço hospitalar com temperatura controlada. No momento que o recém-nascido é colocado no berço, a gaveta fecha e é trancada automaticamente. Com isso, o familiar não pode reabrir a caixa. Em seguida, um alarme é acionado para que os funcionários possam fazer o resgate.
Como era a Roda dos Expostos no Brasil
Há pouco mais de 80 anos, houve a extinção das Rodas dos Expostos no Brasil. Em Porto Alegre, em 1940 a Roda presente na Santa Casa de Misericórdia foi desativada. À época, a motivação de seu fim se deu pelo alto custo de abrigamento das crianças.
Em 103 anos de existência (de 1837 a 1940), cerca de 3 mil crianças foram deixadas na Roda dos Expostos da Santa Casa — um cilindro oco de madeira, com uma pequena abertura, que girava em um eixo central. Ali eram colocados, em anonimato, bebês que as mães e pais não podiam cuidar.
Uma réplica do equipamento está exposto no Centro Histórico-Cultural Santa Casa. O museu é aberto ao público e não é cobrado ingresso para visitação. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e nos sábados, das 9h às 16h.