Com dois anos de atraso, foi dada a largada, nesta segunda-feira (1º), do Censo Demográfico 2022 em todo o Brasil. No Rio Grande do Sul, mais de 11 mil recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) farão entrevistas em 4 milhões de domicílios nos próximos três meses.
A data de início do Censo foi marcada por um evento no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico de Porto Alegre. Lá, servidores e aposentados pelo IBGE vestiram o uniforme que identificará os recenseadores durante o período e celebraram a realização do estudo populacional. A pesquisa ocorreria em 2020, mas foi suspensa, em virtude da pandemia, e, em 2021, não recebeu previsão orçamentária para ser feita. Em 2022, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo federal deu o aval para a operação censitária.
— É uma alegria ver que acabou saindo. É muito, muito importante que todos saibam que esses dados que nós colhemos servem para tudo para a cidade. Para o atendimento do próprio município é muito importante — destacou Leda Stocker, de 87 anos, que trabalhou no IBGE de 1970 a 1991.
José Renato Braga de Almeida, chefe da unidade estadual do IBGE, relembrou, durante o evento, que a lei que rege o trabalho dos recenseadores assegura o sigilo de toda e qualquer informação dada pela população nas entrevistas para o Censo.
— Temos esse compromisso como servidores do IBGE: nós “esquecemos” os nomes das pessoas, só trabalhamos com números e estatísticas, então os moradores podem ficar tranquilos, que nada será divulgado. Só será usado para a formulação de políticas públicas — afirmou José Renato.
Luís Eduardo Puchalski, coordenador operacional da unidade estadual do IBGE, ressaltou a importância do Censo para muitas políticas públicas, como o repasse de vacinas, por exemplo, que ocorre a partir da estimativa populacional de cada faixa etária.
— Desde 2010 não fazem censo e usamos uma estimativa populacional. Voltar a campo é fundamental, para termos ideia de se essa estimativa está correta. Produzir um diagnóstico é importante para adequarmos as políticas públicas e projetarmos o futuro do país — defendeu Luís Eduardo.
De manhã, as entrevistas não tinham começado em Porto Alegre, onde ainda era necessário trabalhar na distribuição de quais endereços ficariam com cada recenseador. À tarde, foi dada a largada na aplicação de questionários.
A reportagem de GZH acompanhou a primeira saída a campo da recenseadora Luiza Raab Prass, que foi acompanhada das supervisoras Alena Ocom Moreira e Maria Eduarda Bernardi Wiebbeling e do coordenador censitário de subárea Cláudio Fetter Furtado. Nos próximos dias, Luiza deverá ir às residências sozinha – o acompanhamento nesta segunda ocorreu apenas para ajudar a profissional a pôr em prática o que já aprendeu no curso de capacitação.
— O trabalho pesado mesmo é feito pelos recenseadores, mas, como ele não tem experiência, normalmente fica batendo cabeça, em dúvida sobre os conceitos que aprendeu, porque o treinamento é muito rápido, são só cinco dias, e os conceitos são complexos. Então, neste início a gente acompanha. No início demora mais, mas, depois, deslancha — garante Cláudio.
O profissional, que já participou de cinco censos, sendo o primeiro em 1980, sente que o Brasil está precisando muito do levantamento atualizado para adequar os fundos de participações dos municípios e outras verbas para políticas públicas:
— Vacinas, linhas de ônibus, conhecimento das regiões para investimento de empresários, tudo depende do Censo. Por isso, realmente não é só pelo salário que a gente trabalha. É muito mais com uma consciência de que estamos fazendo uma coisa para o nosso país, sabe? — comenta o coordenador.
Déficit de recenseadores
Apesar de o trabalho do Censo Demográfico 2022 já ter começado, o IBGE ainda tenta recrutar 15 mil funcionários temporários para chegar ao número ideal estimado de 183 mil recenseadores.
Na última quinta-feira (28), o IBGE lançou um processo seletivo simplificado para preencher as vagas. No Rio Grande do Sul há um total de 919 distribuídas em 290 cidades. O prazo de inscrição, que é gratuita, foi prorrogado e vai até quarta-feira (3).
Para se candidatar, é preciso ter Ensino Fundamental completo. A remuneração varia conforme a produção, calculada por critérios como setor censitário, unidades recenseadas, tipo de questionário e registro no controle da coleta de dados. O candidato pode simular valores de remuneração por meio deste link.
Os interessados precisam se inscrever presencialmente em um dos postos do IBGE listados no edital, que pode ser consultado neste site. Não haverá prova.