A ativista ambiental e líder indígena Sonia Guajajara e o pesquisador brasiliense Tulio de Oliveira, formado em Biotecnologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), são os dois brasileiros que integram a nova lista das cem pessoas mais influentes do mundo, realizada pela revista Time e divulgada nesta segunda-feira (23). Sonia é reconhecida pelo mundo por lutar pelo meio ambiente. Tulio é cientista e foi responsável por identificar a variante Ômicron .
A lista ainda inclui outros nomes como o presidente da Rússia Vladimir Putin, o chefe de Estado da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o líder chileno Gabriel Boric, que assumiu o governo do país há dois meses.
Gaúcho de coração
Tulio de Oliveira é um dos nomes brasileiros que aparece na lista da Times. Ele é natural de Brasília e ex-estudante do Colégio Champagnat, em Porto Alegre. Também é egresso da UFRGS, onde formou-se como biotecnólogo. O pesquisador foi o responsável por descobrir e sequenciar a Ômicron, variante do coronavírus. Atualmente, ele é diretor do Centro para Respostas a Epidemias e Inovação (Ceri), na África do Sul e lidera um consórcio de 50 cientistas que realizam estudos genômicos capazes de identificar novas cepas do vírus causador da covid-19.
A descoberta começou quando os pesquisadores começaram a desconfiar que existia uma nova variante do coronavírus quando os casos de covid-19 passaram de 500 para 5 mil na média móvel de sete dias. Devido aos estudos realizados por Tulio, a África do Sul foi o primeiro país a identificar a nova cepa e a comunicar a Organização Mundial da Saúde (OMS). O alerta ao mundo sobre a Ômicron foi dado em 25 de novembro do ano passado.
Em dezembro do ano passado, a revista científica Nature divulgou a lista dos 10 cientistas mais influentes de 2021, e Oliveira é um deles.
Luta pela Amazônia
Sonia nasceu em 1974 no Maranhão e é originária do povo Guajajara/Tentehar. Atualmente, ela é coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil pela Amazônia (Apib) e co-fundadora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (AnmigaOrg). Em 2018, ela chegou a ser candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (Psol), e atualmente, é pré-candidata a deputada federal pelo mesmo partido em São Paulo.
A indígena lidera lutas contra projetos que ameaçam os direitos e a vida dos povos originários e dos ecossistemas. Sonia é reconhecida internacionalmente por ter realizado dezenas de denúncias na Organização das Nações Unidas (ONU), no Parlamento Europeu e nas Conferências Mundiais do Clima (COP), entre 2009 a 2021 sobre violações de direitos indígenas.
Filha de pais analfabetos, aos 15 anos Sonia foi convidada para cursar o Ensino Médio em Minas Gerais. Depois de concluído os estudos, voltou ao Maranhão. Em 1991, se formou em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e, em 2003, se formou em Enfermagem pela mesma universidade. Dois anos depois, fez uma pós-graduação em Educação Especial.
Por causa da militância e da luta pelo direito dos povos originários, a líder indígena conquistou vários prêmios e honrarias concedidos por organizações nacionais e internacionais. Em 2015 ganhou o Prêmio Ordem do Mérito Cultural, concedido pelo Ministério da Cultura, a medalha 18 de janeiro pelo Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo e a medalha Honra ao Mérito do Governo do Estado do Maranhão, pela grande articulação com os órgãos governamentais no período das queimadas na terra indígena Araribóia. Três anos depois, conquistou o Prêmio João Canuto pelos Direitos Humanos da Amazônia e da Liberdade, pela Organização Movimento Humanos Direitos, e o Prêmio Packard concedido pela Comissão Mundial de áreas protegidas da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN).