Morreu na terça-feira (15), dois dias antes de completar 94 anos, o jornalista Luiz Carlos Machado Lisboa, um dos maiores entusiastas e incentivadores da cultura de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Ele estava hospitalizado na Capital e morreu devido à falência múltipla dos órgãos. O velório ocorreu nesta quarta-feira (16), no Crematório Metropolitano. Ele deixa sete sobrinhos.
Nascido em São Gabriel em 17 de março de 1928, filho de José Lisboa Neto e Maria Machado Lisboa, era o mais velho de quatro filhos — seus irmãos eram Paulo, Gilberto e José. Teve uma infância e adolescência confortável, e, junto com os irmãos, mudou-se para Porto Alegre para estudar. Luiz Carlos se formou em Odontologia e Jornalismo, mas optou pela comunicação, pois tinha o dom da escrita, como um ótimo leitor e intelectual.
Com o tempo, partiu para a Europa, mais especificamente para Espanha. Em Madrid, tornou-se correspondente internacional, sempre procurando furos de notícias voltados para a sociedade madrilenha e para a sua principal paixão: a sociedade porto-alegrense, onde foi cronista social de muito prestígio, sempre cercado por pessoas que o admiravam. Seu carisma e inteligência sempre foram seus maiores destaques.
Personalidade da cultura
Como profissional de imprensa, Luiz Carlos Lisboa trabalhou como repórter, apresentador e colunista, com passagens pela Revista do Globo, Zero Hora, TV Piratini, TV Gaúcha, TVE e Revista Vogue, cobrindo especialmente o universo da cultura. Foi responsável pela organização e idealização de diversos eventos e, entre suas realizações, destacam-se a participação na criação do Brique da Redenção, no final dos anos 1970, e no Festival de Cinema de Gramado.
Foi dono de um vasto e rico acervo cultural, incluindo livros, filmes e discos. Ainda em vida, doou boa parte deste material. Mais de mil itens fazem parte do acervo da Cinemateca Capitólio, local com o qual tinha um forte vínculo. Outra parte foi destinada ao Arquivo Histórico de Porto Alegre.
Jornalista de carreira da prefeitura de Porto Alegre, como homem público foi oficial de gabinete de secretarias, chefe de relações públicas, diretor substituto da extinta Divisão de Cultura, assessor especial e chefe do cerimonial do gabinete do prefeito. Também foi membro das relações consulares do governo do Estado em São Paulo, além de relações-públicas de empresas e do escritório do Governo do RS no Rio de Janeiro durante sete anos. Luiz Carlos também fez parte da elaboração do planejamento turístico de Gramado.
Foi crítico de arte, de teatro e cinema, e é autor do livro Marisa Prado - A Estrela, o Mistério, da coleção Aplauso, editada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.