Voltou a chamar a atenção no Rio Grande do Sul a quantidade de relatos de pessoas que entraram em contato com águas-vivas. Em cerca de 10 dias, a Operação Verão no Litoral Norte registrou um recorde, com ao menos 9,4 mil banhistas relatando queimaduras.
Conforme explicou na manhã deste sábado (4) em entrevista ao programa SuperSábado da Rádio Gaúcha o biólogo Maurício Tavares, do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da UFRGS, há diferentes tipos de águas-vivas que aparecem no litoral gaúcho. Destas, há duas que se destacam pela periculosidade.
— As duas mais comuns que têm no verão é uma água-viva menor, transparente, com tentáculos rosa e laranja, que causa as queimaduras mais frequentes todos os anos, conhecida como "reloginho". Depois, a gente tem uma outra espécie, que não é água-viva mas é desse grupo, que é a caravela portuguesa, que flutua na coluna d'água, tem os tentáculos bem compridos, coloração azul e roxa, é muito bonita. Essas duas são as que causam as queimaduras e são bem frequentes — aponta Maurício.
Por outro lado, o biólogo aponta que a espécie de água-viva que mais tem aparecido no litoral do Estado neste ano é "inofensiva" e "não arde". Trata-se de uma organismo maior que os outros, que pode chegar a 45 centímetros de diâmetro.
— O que chama a atenção, além da quantidade, é o tipo de água-viva que está aparecendo, que na verdade é uma água-viva que é inofensiva. A gente chama de medusa mármore, essa que tem um tamanho bem grande —destaca.
Tavares ressalta que essa espécie é comum na região sul do Oceano Atlântico, desde o Brasil até a província de Buenos Aires, na Argentina. Contudo, normalmente é mais vista durante o inverno e o outono. Para o biólogo, a maior frequência neste verão dessas águas-vivas, que são maiores e mais visíveis, contribui para o aumento de relatos de queimaduras.
— Eu faria uma comparação. Imagina que tu entra em uma piscina e tem 30 laranjas nessa piscina, tu tem uma certa probabilidade de tocar nessas laranjas. Se tu entra nessa piscina e em vez 30 laranjas tu tens 30 melancias, então a chance de tocar vai ser muito maior — reforça.
Morador de Capão da Canoa, o biólogo afirmou ainda que, em uma caminhada de um quilômetro que realizou na beira da praia, encontrou dezenas de indivíduos desta espécie maior, somente uma da espécie menor, conhecida como "reloginho" e que causa queimaduras, e quatro caravelas portuguesas, que causa queimaduras ainda mais graves.
— Ela (a grande) não causa queimadura mesmo. Aquelas outras duas mais comuns realmente, se tiver um boom daquelas, a gente tem que tomar bastante cuidado. Mas eu diria que pode tomar banho tranquilo, com essas grandes não tem problema — complementa Maurício Tavares.